quarta-feira, setembro 12, 2007

Paris - Euro-Demo 1994

EURO DEMO 94

No início dos anos noventa a União Europeia queria criar leis que restringiam a liberdade dos motociclistas e até dos construtores de motociclos.
Penso que algumas delas eram a obrigatoriedade de circular com coletes reflectores e outros equipamentos obrigatórios, licenças de condução não adaptadas à realidade, proibição de fazer reparações caseiras ou alterações nas motos, quer dizer nada de acessórios, e limitar a potência aos 100cv. As motos com refrigeração por ar também teriam os dias contados.
Por toda a Europa clubes e associações de motociclistas se levantaram em protesto contra as restrições. Houve uma primeira manifestação em Bruxelas em1992 e dois anos mais tarde haveria uma em Paris.
Sabendo com uma certa antecedência desta manifestação pensei em aderir e programar as minhas férias para poder ir até Paris. Iria participar e ao mesmo tempo podia fazer duas semanas de férias de moto.
Depois de confirmar que a data da manifestação era a 18 de Junho, marquei as minhas duas semanas de férias de maneira a poder ter uma semana para ir e outra para voltar. A partir de Fevereiro, quando marquei as férias, comecei a ver se arranjava alguém que quisesse ir comigo até Paris.
Eu sabia que no M.C.P, onde arranjei uma folha com informações sobre a manifestação, havia pessoas que também estavam a programar uma ida a Paris mas era para ir e vir em dois dias para cada lado.


Eu queria ir nas calmas e aproveitar para passear. Finalmente encontrei um parceiro que alinhou comigo, o Joaquim Soares que já tinha vivido em França e assim até seria bom quando fosse preciso falar francês.Depois de Paris seguiríamos até ao sul de França para visitar o Mónaco e a costa mediterrânica.
Na semana anterior à manifestação saímos em direcção aos Picos de Europa de modo a aproveitar melhor a viagem. Foi só de passagem mas valeu a pena o desvio. Ficámos em Santander. Mas o problema é que junto ao parque de campismo havia uma casa com um cão que ladrou toda a noite e foi quase impossível dormir.
Ainda meio ensonados fomos seguindo pela costa espanhola. Já em França também continuámos pela costa mas a certa altura virámos para o interior para irmos dormir a Bordéus em casa de um tio do Joaquim. Ele só sabia o nome da rua mas não fazia ideia em que parte da cidade ficava. Por sorte, como às vezes acontece, entrámos na cidade mesmo perto dessa rua. Foi só perguntar e disseram-nos que era apenas mais uma rua a seguir. Aí já foi possível dormir.
Continuámos por Poitiers, cidade que tem um parque tecnológico e que fomos visitar. Edifícios com formas diferentes, teleférico e ver filmes as três dimensões ocuparam-nos o dia.




Na quinta-feira ao final da tarde chegámos aos arredores de Paris, onde íamos ficar em casa de umas pessoas amigas. Foi um bocado difícil encontrar o lugar mas depois lá conseguimos.
Entrar em Paris de moto era uma coisa que há muito desejava fazer. Fomos visitar o palácio de Versalhes, obra grandiosa.


Seguimos depois para o centro da idade. O pior foi para sair. Andámos sei lá quanto tempo para encontrar o caminho certo para sair da cidade.




No sábado de manhã quando nos estávamos a preparar para ir para a manifestação o Quim diz-me que não pode ir pois tem de regressar imediatamente a casa porque recebeu uma chamada a comunicar uma situação grave. Eu disse que era uma pena mas eu não quereria regressar com ele, queria continuar o planeado. Ele também disse que não queria que eu desistisse. Regressaria sozinho e eu que continuasse.
Com um: Boa vigem e cuidado na estrada! Despedimo-nos e cada um foi para seu lado.
Fui para o local da manifestação e por acaso estacionei perto de umas motos de matrícula portuguesa. Só que não estava lá ninguém. Esperei por ali a ver se via algum português mas nada. Passado pouco tempo o pessoal todo começou a arrancar e eu fui esperando e nada. Ninguém vinha para as motos e quando já havia muito poucas juntei-me ao grupo de manifestantes que ia passando.






No final da manifestação fui ter com as pessoas onde tinha ficado e mais tarde fomos jantar com mais alguns dos seus amigos.
No domingo achei que era melhor continuar viagem e fui em direcção à Suíça, Genebra mais exactamente, para visitar umas pessoas amigas onde também já tinha estado. Foram muitos quilómetros debaixo de chuva, mas felizmente sem problemas.
Fiquei ali um dia para rever a cidade.
Voltei à França e segui para sul. As estradas na região dos Alpes são muito boas para andar e com belas paisagens.




Acho que ainda nesse dia cheguei ao Mónaco e um pouco mais à frente, a caminho da fronteira de Itália, encontrei um pequeno hotel onde ficar. Não tinha visto parques de campismo nesta zona.
Fui ao centro da cidade para comer alguma coisa e vi que ia haver um concerto ao ar livre mais tarde. Aproveitei e fui ver. O tempo estava bem e era de borla. Era o início do verão que em França celebram com muita música. Uns anos antes tinha estado em Paris nessa data e tive oportunidade de ver isso mesmo. Em muitas praças havia músicos a tocar e pelas ruas algumas pessoas também se juntavam em pequenos grupos e tocavam algumas músicas.

No dia seguinte andei às voltas na cidade a tentar descobrir onde faziam as corridas da fórmula 1. Nalguns pontos dava para ver parte do circuito mas noutros quase não se conseguia descobrir a continuação da pista. Havia uns canteiros de jardim, mas enormes, que disfarçavam isso mesmo. Passei no “S” do casino,

no túnel

e na zona onde ficam as boxes para o circuito.

Um último adeus à cidade e...

Comecei o regresso a casa e fui vindo sempre junto da costa mas a partir de certa altura achei que o trânsito era demais e muito cansativo e resolvi subir um pouco e vir pela estrada mais pela montanha.
Dormi antes de Barcelona e no hostal perguntei qual seria o melhor caminho para evitar a cidade. Disseram-me que um pouco antes tinha de sair da auto-estrada para a costa e seguir por outra auto-estrada. O pior foi que não devo ter prestado atenção à saída que me disseram e fui ter quase ao centro da cidade. Consegui arranjar maneira de dar a volta e continuar mas o trânsito era muito e a poluição nalguns pontos era demais.
Ao fim do dia estava em casa. Duas semanas bem passadas, pena o Quim ter de regressar antes do previsto.

1 comentário:

Anónimo disse...

Eu tambem la estive ...
Algumas fotos estão no meu facebook ... Foi uma experiencia daquelas ... Marivilhosos 8500km em 15 dias
http://www.facebook.com/media/set/?set=a.154816874535967.32684.100000229656874&type=1

antonioleote@hotmail.com