quinta-feira, setembro 25, 2008

Chegada às montanhas do Peru, Cusco

Saindo de Cáceres a estrada mantém-se monótona sempre no mesmo tipo de paisagem. Floresta tipo savana.

Antes de Porto Velho começou a chover. Já há muito tempo que não tinha chuva.

Nem tudo é mau no Brasil e à porta de um hotel que estava cheio um brasileiro ofereceu-se para me levar a um outro que até era mais barato. Agradeci e fomos depois de esperar que a chuva parasse. Também já em Cuiabá um outro de moto me conduziu até fora da cidade. Andei pela margem do rio Madeira e ainda fui à antiga estação ferroviária para tirar umas fotos.

Como a moto já parecia que precisava de pastilhas de travões na frente fui a um concessionário da Honda para trocá-las. As da Tornado eram iguais. Aproveitei para trocar o pneu de trás que ainda tinha algum piso mas como iria entrar no Peru e fazer estradas de terras achei que seria melhor. O pior foi no fim. A conta até me fez arrepiar. Realmente no Brasil é tudo muito caro.

Depois de Abunã tive de atravessar o rio Madeira numa balsa. Num carro que também ia na balsa estava um casal que meteu conversa comigo. Já tinham ido a Portugal várias vezes e a senhora apresentou-se como vidente. Disse que tinha muitos clientes em Portugal. Começou logo a dizer coisas mas eu disse que não acreditava nisso e ela parou.


À medida que ia entrando mais na região amazónica ia notando fumo no ar. Há muitas queimadas na floresta e o fumo mantém-se como uma nuvem baixa.


Em Rio Branco só encontrei hotéis caros. O primeiro era demasiado caro e o segundo era menos mas pelo que via das fachadas os outros não seriam mais baratos.

Conheci uns brasileiros que me convidaram para uma reunião à noite, mas era apenas para falar de um encontro que iriam fazer no fim da semana seguinte. Ainda me disseram para ficar mas eu disse que era muito tempo. No final fomos jantar juntos e conversar.

Alguns deles ainda me deram algumas informações sobre a estrada para Cusco.



Ao chegar a Brasileia perguntei se era preciso tratar da papelada ou poderia fazê-lo em Assis Brasil. Responderam que em Assis Brasil já havia condições para tratar de tudo.

Sempre com muito calor fui seguindo.



Já no Peru fui seguindo até Iberia, pequeno povoado onde arranjei um pequeno hostal.

Atestei com gasolina de 84 octanas. Não há de 90. No Peru a gasolina é medida em galões.

Na saída de Iberia o asfalto continuava ainda por bastantes quilómetros, à volta de cem. A seguir começou a zona de obras.

A estrada do Pacífico, que liga a fronteira do Brasil a Cusco, está a ser toda asfaltada e nos seus 700 quilómetros há obras.

Foram uns cinquenta quilómetros passando no meio de máquinas, camiões e dezenas de homens e mulheres trabalhando. O número de máquinas era impressionante. Nalguns pontos tinham deitado água para a terra compactar melhor e não fazer pó e aí era pior de passar. Algumas vezes a moto queria deslizar.

Para passar o rio Madre de Dios para o lado de Puerto Maldonado foi precisar embarcar numa pequena balsa que levava umas cinco motos. Para entrar e sair havia uma rampa de madeira, com uns 40 ou 50 centímetros de largura, apoiada na margem e na balsa. Se caísse era um banho.


Na cidade as motos são mais que muitas e ainda andam uns triciclos que são táxis.

No dia seguinte de manhã estava a chover e pensei que seria melhor aguentar um dia por ali. Não seria muito seguro andar nas estradas de terra com chuva. Conduzir em estradas de terra com piso enlameado só se for mesmo apanhado a meio do caminho.

No outro dia céu limpo e calor. Óptimo. Posso seguir.

Antes de sair um sujeito disse-me que a estrada estava fechada ao trânsito mas que abria pelas onze horas até ao meio-dia. Demoraria umas duas horas até chegar a esse ponto. Tentei não me demorar a sair e por volta das nove estava a arrancar.

Passei na hora de abertura. Fui seguindo sempre no meio de máquinas e piso de pedra e terra ainda por compactar mas não houve problema de maior.

Pensava passar a noite em Mazuco mas não vi nenhuma indicação do nome e continuei. Também ainda era meio cedo e pensei que seria mais para a frente.

O problema é que uns trinta quilómetros mais à frente a estrada estava fechada e só às cinco e meia iria abrir outra vez. Tinha de esperar duas horas e meia. Achei que voltar atrás não era boa ideia.

As pessoas que iam nos camiões cisterna juntaram-se à minha volta a fazer as perguntas do costume. De onde era, quanto vale a moto, porque ando só, para onde vou, o que faço…


Alguns camiões cisterna, de transporte de petróleo, têm por cima uma grade onde transportam pessoas e mercadorias. Por esta estrada não passam muitos autocarros.

Quando a porta abriu, às cinco e meia, o pessoal lançou-se em correria estrada fora. Um camionista e depois outro lançaram-se que nem loucos. Bem tentei arrancar antes deles mas não tive hipótese. Perigoso demais. Deixá-los ir.

De repente apareceu um rio largo para atravessar, uns quinze a vinte metros. E agora? Para a frente a toda força.

Aos esses pela água fora saí meio torcido mas sem cair. A noite ia caindo e eu procurava não ser alcançado por outros camionistas. E mais um rio.

Quando já via as luzes de Quince Mil um camião que tinha parado ultrapassou-me. Logo a seguir mais um rio e bem largo e fundo. Ia acelerando para não parar mas a água não deixava ganhar velocidade, estava a ver que desta ia cair. Fiquei todo molhado e a bota esquerda meteu água.

Em Quince Mil apenas vi um hostal que está todo ocupado pelos homens da Conirsa, empresa que está a construir a estrada e um hotel num quarteirão sem luz. Tive de ficar aí. Todas as noites um quarteirão fica sem luz pois a central hidroeléctrica que fornece energia está muito velha e já não tem potência para aguentar toda a cidade.

Durante a noite passavam camiões que faziam barulho e com as pessoas entrando e saindo do hotel a toda a hora mal dormi.

Procurei onde abastecer gasolina. Não há um grifo, posto de combustível, mas algumas lojas vendem gasolina. Só de 84, de 90 nem pensar.

Como há obras na estrada tentei saber se haveria algum ponto fechado e disseram que a uns setenta quilómetros havia um ponto desses. Abria das dez ao meio dia. Uma outra pessoa disse que era só ao meio dia. Achei melhor ir andando para ver se estava lá às dez.

Afinal era ao fim de 45 kms que a estrada estava fechada, muito antes de Marcapata, e só abria ao meio dia. Tive de esperar duas horas. Umas pessoas que também estavam à espera disseram que tinha estado aberta das nove às nove e meia. Na cidade não me informaram disso senão teria saído mais cedo.

Depois da abertura tentei sair à frente dos camiões mas um deles mesmo assim passou-me quando hesitei numa bifurcação. Parou numa pequena aldeia uns quilómetros à frente.

Agora a estrada ia subindo. O piso não era mau mas muitas vezes tinha pedras.


Numa paragem das obras aproveitei para vestir o forro interior pois já estava a ficar frio. A estrada ainda subiu até aos 4.752 metros e voltou a descer mas mantendo-se nos quatro mil.


Um pouco antes de Ocongate a estrada passou a ser de asfalto. O asfalto está bom mas a estrada parece-me muito perigosa. Tem curvas muito fechadas e em cotovelo depois de pequenas rectas. Volta a subir e depois tem bastantes quilómetros a descer e com curvas fechadas. Não dá para distrair.

A noite já estava a cair e também não dava para apreciar devidamente a paisagem.

Tentei chegar a Cusco mas pensei que seria um erro entrar numa grande cidade já de noite. Fiquei em Saylla, a uns vinte quilómetros.


De manhã foram poucos quilómetros mas mesmo assim andei dentro da cidade às voltas até encontrar o hostal Estrellita, que o Nuno e a Joana me tinham indicado. Tem um pátio interior onde a moto fica mas foi preciso descer por uma rampa de madeira. Lembrei-me da balsa.

Agora vou tentar descobrir a cidade e arredores.

Cusco, S 13º 31,122’ W 71º 58,423’

sexta-feira, setembro 12, 2008

Pelo Mato Grosso, Brasil

Após alguns dias de muito calor, de repente, veio uma vaga de frio. Ainda em Ponta Porã ou melhor Pedro Juan Caballero, o tempo mudou e de uns 35 a 40 graus desceu para uns 15 graus.
Ao chegar a Ponta Porã tentei arranjar algum pequeno hotel para ficar. Pedi a um motociclista se me podia indicar algum, ele disse para o seguir e fui com ele. Quando perguntei o preço o recepcionista disse que eram não sei quantos mil guaranis.
Mas como é, disse eu. Já estava na parte paraguaia da cidade. Sempre era mais barato que na parte brasileira.
No Paraguai os preços são mais baratos que no Brasil e muitas pessoas fazem as suas compras do outro lado da fronteira, que nem existe. Eu ainda perguntei nas “Migraciones” se precisava de dar entrada no Paraguai mas disseram-me que se não saísse da cidade não haveria problema. Se quisesse ir para o interior teria de tratar das papeladas.
Aproveitei para trocar o pneu da frente da moto e comprar uma máquina fotográfica nova. Espero que aguente até ao final da viagem.
Continuei depois em direcção a Campo Grande, onde esperava encontrar um brasileiro que me tinha enviado uma mensagem mas por azar ele tinha saído e só regressaria passados uns dias. Fica para uma outra oportunidade.
Deu para assistir às comemorações do dia da independência do Brasil.


Nesta ocasião comecei a pensar que andar pelo Brasil e até atravessá-lo para ir ao Nordeste seria capaz de estragar o meu orçamento e limitar o meu objectivo principal, por aqui a vida está cara para mim. Achei que seria melhor regressar à Bolívia e atravessá-la em direcção ao Peru.
O pior foi que vi na televisão que os problemas que eu temia já começaram. Há confrontos entre opositores e apoiantes do presidente. Já incendiaram um gasoduto que transporta gás para o Brasil e nalguns confrontos já morreram oito pessoas. Vou ter de contornar o país e entrar no Peru lá mais pelo norte do Brasil.
Quando estava a sair de Campo Grande reparei que me tinham roubado a tampa da tomada de isqueiro que tenho na moto. Não sei para que servirá aquilo ao ladrão mas esta é mais uma razão que me faz pensar em querer sair do Brasil. Ao fim de quase onze meses sem ter tido problemas tinha de ser no Brasil que alguém me iria roubar alguma coisa. Não gosto que mexam na minha moto, não tolero.
A moto estava no parque de estacionamento do Hotel Anache, em Campo Grande, e não deveria acontecer até porque tem um vigilante (será que só vigia mesmo?).
Mas tinha que continuar. A estrada agora será para rolar umas centenas de quilómetros, parando uma ou outra vez nalguma cidade.
Esta região, para já, tem sido relativamente plana e a vegetação não é tão exuberante como pensei que seria no Mato Grosso. Não tenho encontrado nada de particularmente interessante.
Excepto uns nandús...
... ou uns frutos de jaca.
Depois de passar em Cuiabá fui até à Chapada dos Guimarães pois li que seria um ponto a visitar. Mas por azar estava tudo “fechado para obras”. O Parque Nacional e a cachoeira Véu da Noiva não se podiam visitar pois teria havido um acidente onde morreu uma pessoa e tudo foi interditado a visitas.
Mais à frente, na cidade, no Posto de Turismo também me disseram que a Cidade de Pedra e mais outras coisas estariam encerradas ao público. Apenas se podia ir a lugares privados mas era preciso contratar um guia, pagando ao guia e a visita.
Achei que era melhor dar meia volta e continuar.
Cáceres é a cidade onde estou agora. Tinha pensado seguir daqui para a Bolívia mas vou ter de contornar o país.


O que se mantém é o calor. Mesmo durante a noite não arrefece.

Cáceres, S 16º 04,010’ W 57º 40,856’

terça-feira, setembro 02, 2008

Bonito, o Pantanal e Bonito

Antes de sair de Corumbá ainda fui dar uma volta de barco no rio Paraguai. Foi interessante. Descemos um pouco o rio, uns 25 quilómetros, e voltámos a subir. Deu para conversar com algumas das pessoas.

Continuei para sul e entrei numa estrada de terra para o interior do pantanal. A estrada era de piso duro e durante os primeiros quilómetros ia por uma zona muito seca até que chegou a Porto da Manga. Aí foi preciso atravessar um rio numa balsa.

A partir do rio a estrada já entrava numa região com mais água seguindo durante quilómetros no meio do pântano. Viam-se alguns animais, sendo que a maioria era capivaras e aves.
Depois da Curva do Leque a estrada começou a ter muita areia. Ao longo de todo este percurso havia muitas pontes de madeira e várias vezes ao entrar nas pontes havia um degrau e a suspensão da frente batia. As pontes estavam quase todas num nível mais elevado que a estrada e a estrada subia até lá mas com a passagem dos carros a terra ia caindo e as tábuas ficavam a descoberto e formavam um degrau. As pontes têm quase sempre três tábuas de cada lado, com uns cinco centímetros de espessura, e é preciso entrar de modo a não parar.
Se for preciso pôr um pé no chão falta o espaço e a moto desequilibra e pode dar para cair ao rio. As pontes não têm grades de protecção. Algumas têm travessas partidas e convém sempre passar pelas tábuas ao longo da ponte.Fiquei na Pousada Santa Clara porque o Hamish me tinha dito há meses que era um lugar interessante.
Foi meio caro mas a estadia incluía uns passeios pelo pantanal.
O primeiro foi pelo rio e foi muito interessante. Pensei que iria ver muitos animais mas não. Apenas algumas capivaras e jacarés. Uns tucanos e ainda mais aves de que não sei o nome.
A certa altura o guia parou o barco e disse que íamos pescar. Eu disse que nunca tinha pescado mas ele disse que não havia problema, que havia muitos peixes.
Bem, afinal os peixes até se prendiam no anzol mas eram piranhas!
Demos a volta e o guia disse que ia arranjar os peixes para o jantar da noite. Encostou numa pequena praia e disse que poderíamos dar um mergulho no rio enquanto ele limpava os peixes para o jantar. Eu perguntei se não havia piranhas mas ele disse que podia ir à vontade que não haveria problema.
Depois de sair da água deu-me outra vez uma cana para pescar. E pesquei uma piranha!
Mas afinal havia piranhas naquele lugar.
À noite sempre comemos algumas piranhas que até eram saborosas.

No dia seguinte fomos andar a cavalo. Nunca tinha andado a cavalo mas disseram que os cavalos já estavam habituados.
Os cavalos estavam habituados mas eu não. É mesmo ruim andar a cavalo. Enquanto ia a passo ainda dava mas quando o bicho começava a correr aquilo saltava tudo e eu também. A suspensão do cavalo devia estar avariada. Ia sempre a bater naquele banco duro como madeira. Nem tinha um guiador para poder agarrar e levantar-me e não levar tanta pancada. Passados dois dias ainda sentia o meu assento pisado.
Na parte de tarde fomos andar a pé pela mata mas não deu para ver muitos animais. Andam todos à solta e não estão fechados como num jardim zoológico.


Também se vêem árvores com formas algo fora do comum, para mim.
Saí manhã cedo em direcção a Bonito. Um brasileiro que conheci umas semanas antes de partir tinha-me dito que devia passar por lá pois havia rios onde quase não se podia nadar pois os peixes eram demais. Achei um exagero mas, agora, ao entrar no Brasil também me disseram para ir a Bonito pois era bonito.
Antes de chegar a Bodoquena tive de passar pelo meio de uma boiada que seguia pela estrada. Foram uns minutos de tensão atravessar pelo meio de todos aqueles animais, que não eram poucos. Se por acaso um se assustasse e começassem a correr não sei o que seria.
Os últimos quilómetros eram estrada de chão, não de asfalto, mas de bom piso.
A Pousada São Jorge, no centro, foi-me recomendada pela Valéria que tinha conhecido nos passeios anteriores. Um lugar agradável.
Em Bonito, marquei lugar numa descida do Rio da Prata e fui com mais quatro pessoas fazer essa visita. Era uma flutuação, como lhe chamam. Foi preciso vestir um fato de mergulho e com máscara entrar na água. A água tinha uma temperatura muito agradável na ordem dos 22/23 graus. Custou-me um pouco a habituar a respirar pela boca através daquele tubo que prende na máscara mas consegui ao fim de uns minutos.
Depois foi só deixar o corpo ir descendo na corrente, quase sem ser preciso nadar apenas controlando a posição em relação à corrente para não bater em nada. O rio é muito baixo e algumas árvores têm os ramos na água.
Achei fantástico!
Ver todos aqueles peixes, grandes e pequenos, escuros e às cores. A guia de vez em quando parava o grupo e ia dizendo os nomes dos peixes mas eram muitos e estranhos e não me lembro nem acho que interesse muito. Mas achei muito bonito. Ainda deu para ver um jacaré lá no rio. A minha máquina não dá para fazer fotos debaixo de água.
Ao final da tarde, depois do almoço, ainda fomos ver o Buraco das Araras. Era como um poço muito largo, com uns trezentos metros de diâmetro, onde as araras fazem os seus ninhos. Há outras aves mas em muito menor número. O melhor lugar para ver as araras era nas árvores em redor do buraco pois lá ficavam muito longe.

No dia seguinte fui até ao Balneário Municipal, espécie de praia fluvial com boas condições para passar ali umas horas.
Dei um mergulho no rio e nadei um pouco no meio dos peixes. Pouco depois fui almoçar e fiquei a apreciar todo o movimento que por ali havia.
A certa altura chegou um grupo de motociclistas que começou a andar por ali. Alguns deles falaram comigo e disseram que eram do BMW Clube do Brasil que tinha organizado um encontro em Bonito. Eu disse que para mim era coincidência estar por ali mas eles convidaram-me a ir jantar com eles. Agradeci e disse que à noite me juntaria a eles. Mais tarde aluguei uma máscara e fui outra vez nadar no meio dos peixes.
Também consegui umas fotos de uma arara azul e amarela que existe em menor número que as azuis e vermelhas.
Afinal os peixes nos rios não eram tantos como disse o brasileiro mas eram mesmo muitos.
À noite foi agradável jantar com os motociclistas. O presidente do clube ainda disse para passar por Curitiba, a sede do clube. Pode ser que passe por lá.
A região de Bonito tem algumas coisas interessantes para visitar. O problema é que é preciso pagar para visitar qualquer deles. Ficam todos, penso eu, em propriedades privadas e é preciso um guia para controlar os grupos o que torna tudo muito caro.
Achei que já tinha visto e gasto o suficiente e resolvi continuar. Continuei um pouco mais para sul para Ponta Porã. A estrada passa numa região muito plana e onde se vêem muitas manadas a pastar. É uma região ganadeira.
***
O meu plano inicial de viagem não previa andar pelo Brasil nesta ocasião, mas como também não sigo nenhum plano à risca acho que vou andar por cá umas semanas. Pelo menos até mudar de ideia.
Várias pessoas disseram-me que deveria ir até ao Nordeste pois tem paisagens fantásticas. Acho que será um destino como outro qualquer e assim vou atravessar este país enorme e depois ver por que lado regressarei à cordilheira andina.
Sempre vou ter de comprar uma máquina fotográfica nova. As que tenho são duas Sony. Uma V1 que tira fotos muito boas mas que desde que a deixei ao sol, por esquecimento, no Valle de la Luna à saída de S. Pedro de Atacama começou a não abrir bem quando a ligo. Tenho de ligar e desligar várias vezes até ficar bem. A outra é uma S800 que só dá para tirar fotos numa posição. Todas as funções no painel posterior deixaram de actuar. Assim não tenho pachorra. É certo que as duas já me caíram ao chão algumas vezes e pó foi coisa que nunca lhes faltou.

Pedro Juan Caballero, S 22º 33,480’ W 55º 43,181’