sábado, novembro 22, 2008

Ainda por Lima

Nestes dias que tenho passado em Lima vou ocupando o tempo a dar umas voltas pela cidade que é enorme.
Conheci um motociclista peruano e fui beber umas cervejas com ele. Numa das vezes também com um casal alemão que veio cá para sacar as motos do Peru. Tinham regressado à Alemanha e agora o prazo para sair com as motos do país estava mesmo a acabar.
Só espero que a minha carta chegue no final da próxima semana.
O hotel onde estou é uma antiga casa senhorial e a moto ficou na entrada.

As igrejas são mais que muitas, aqui a de S. Francisco.

Num dos dias houve uma manifestação que não chegou ao Palácio do Congresso porque a polícia não deixou.
Entretanto fui até ao bairro de Miraflores, dos mais ricos de Lima. Aí há umas praias mas para já não tem havido muito calor. Como não posso andar na moto fui de autocarro. Foi uma experiência fora do normal, para mim. Os condutores têm um horário a cumprir e é ver aquele que mais rápido consegue andar. Passam por for possível. Os taxistas, também os outros, furam por todo o lado. Se estão na faixa da direita mas querem virar à esquerda não há problema, é só atravessar o carro e ir metendo. Da faixa da esquerda para a direita é a mesma coisa. Piscas, é quase só para enfeitar.
No museu do ouro havia peças interessantes. Tal como estes adornos pessoais.
Numa pequena praça algumas tendas tinham artigos de todo o género. Numa delas havia produtos para preparar remédios.
Agora está a decorrer um encontro de presidentes e ministros da APEC, uma organização de Cooperação Económica de países da zona Ásia Pacífico. Há montes de polícia e o trânsito que normalmente é terrível nestes dias piorou muito. A polícia fecha ruas e praças e a confusão instala-se.
Mas a vida continua e resta-me ir esperando…

Aproveito para dizer que a minha primeira viagem até à Áustria e Jugoslávia já está no espaço das “Outras viagens”. É uma digitalização das páginas da “motojornal” onde foi publicado um texto escrito pelo Pimenta, com quem fui. A descrição é muito resumida mas a viagem foi recheada de peripécias que nos fez crescer o gosto por Viajar de moto.
Felizmente tenho conseguido satisfazer esse gosto mas o Pimenta, devido aos seus afazeres profissionais, de há uns anos para cá tem estado mais condicionado. Mas ainda demos algumas voltas juntos.

Lima, S 12º 02,774’ W 77º 01,629’

quinta-feira, novembro 06, 2008

Em Lima à espera da carta

Queria visitar o “cañon del Colca” pois tinha lido que era o segundo mais profundo do mundo.
A estrada de Arequipa até Chivay, de onde sai uma estrada que acompanha o rio durante uns quilómetros, é de bom asfalto mas tem um movimento grande de camiões. É a ligação para Puno e Cusco e além disso passa numa região mineira.
Sempre num sobe e desce a parte final vai mesmo até quase aos 4.900 metros de altitude para depois baixar até aos 3.600 de Chivay.
Para entrar na cidade tive de pagar um bilhete que dava acesso ao desfiladeiro. Nesta ocasião apareceu um sujeito que me pediu para tirar umas fotos à moto e em especial às malas.
Disse-me depois que era o pároco da aldeia e que anda a pensar fazer uma viagem pelo Peru na sua moto mas queria arranjar umas malas do género das minhas.
Perguntei-lhe então se conhecia algum hostal com lugar para guardar a moto e ele disse que podia ficar no centro paroquial, lá havia espaço. O padre Mário levou-me ao centro paroquial e apresentou-me ao pai, o senhor Jorge. Era um espaço agradável.
No início, poucos quilómetros, a estrada é de asfalto e o barranco do Colca não é tão impressionante como imaginava. Tem muitos socalcos nas margens trabalhados pelos agricultores.

Mais à frente, já na terra, há alguns miradouros e o desfiladeiro começa a ser mais profundo. Perto de Cabanaconde era onde me pareceu o ponto mais alto. Aí vi, penso eu, dois condores mas estavam a voar tão alto que eram muitos pequenos.
Até esta zona a estrada ainda era mais ou menos mas depois ficou mais estreita e com muita pedra. Também foi a partir daqui que a estrada começou a afastar-se do rio, indo mais para o interior das montanhas. Mais uma vez sobe e desce até que num ponto havia uma bifurcação e meti para o lado que descia, pois a cidade de Huambo seria num ponto mais baixo. Por sorte vinha um camião em sentido contrário e perguntei se ia bem.
Não, disse o condutor, é pela outra estrada. E agora?, pensei eu. Dar a volta neste caminho estreito e a descer vai ser uma trabalheira. É que via que era sempre assim. Mas consegui ao fim de uns metros encontrar um ponto mais largo e depois de meia dúzia de vezes à frente e atrás, quase a cair, lá dei a volta e entrei na outra estrada.
A partir de Huambo a estrada melhora um pouco mas ainda volta a subir aos 4.200 metros para depois descer até aos 1.300 já próximo da Panamericana asfaltada.
Sempre no deserto fui até Nasca para ver as famosas linhas. A estrada vai quase sempre perto do mar e nalguns sítios o vento era forte e enchia a estrada de areia.

Até foi preciso duas máquinas andarem a limpar a estrada, mesmo assim para passar ainda abanei um pouco. Parei um pouco longe. Havia muita areia no ar e podia estragar a máquina.

Nasca é uma cidade sem nenhum interesse. Apenas serve de ponto de estadia para quem quer ir ver as linhas, penso eu. Comprei um bilhete numa agência e no dia seguinte levaram-me ao aeroporto. Aí vi que seria possível ir até lá e comprar directamente o bilhete numa das muitas companhias que fazem os voos.
O avião leva cinco passageiros mais o piloto e é meio acanhado. Não íamos apertados mas o espaço não era muito. Com um casal de canadianos e outro de espanhóis lá fui eu ver as linhas.Quando o avião levantou ainda foi mais ou menos mas depois parecia uma folha ao sabor do vento. Abanava e tremia que fazia impressão. Ao aproximar-se das figuras o piloto dizia: aqui está o astronauta.

Dava uma volta à figura com o avião todo inclinado e seguia para a seguinte. Mais outra figura e mais outra volta. Aquelas voltas até me metiam medo. O avião todo inclinado e uma grande pressão na cabeça e no estômago.
As figuras viam-se razoavelmente bem mas para tirar uma foto era um problema pois nem dava tempo a firmar a máquina.
Eu sei que o avião não pode parar no ar para se poder apreciar bem as figuras, mas foi sempre a dar gás.

Continuei para Lima que é uma cidade enorme ou melhor um conjunto de cidades.


Vou ter de ficar por aqui umas semanas parado enquanto espero que me chegue a licença internacional de condução. Até agora nas vezes que a polícia me tinha mandado parar nunca ma tinham pedido mas no Peru já ma pediram, depois de caducar a que tinha. Felizmente o polícia não me multou.
Aqui no Peru há polícia por todo o lado e na estrada é o mesmo. Nos outros países por onde andei até agora nunca tinha visto tantos polícias.

Lima, S 12º 02,774’ W 77º 01,629’