sexta-feira, abril 03, 2009

Junto ao lago Atitlán, Guatemala

A praia de El Cuco estava cheia de gente que ia tomar banho vestida. Não vi ninguém em fato de banho, mesmo os homens iam ao mar de calções e “t-shirt”.
Continuei em direcção a San Salvador onde pensava ficar uma noite mas não consegui encontrar um ponto central e resolvi seguir mais para norte.
Fui rolando numa espécie de auto-estrada, com cruzamentos e casas e restaurantes à face da estrada, até ao desvio para Ilobasco. Os sinais com os nomes das cidades são um pouco confusos com umas setas muito pequenas para indicar as direcções. Passei o desvio que queria seguir e mais à frente dei simplesmente a volta e regressei até ao ponto certo.
Para chegar a Suchitoto, cidade pequena que ainda mantém muito bem conservada toda a parte antiga, tive de fazer uns vinte quilómetros em estrada de terra. Já há muito tempo que não andava numa estrada assim cheia de pedra.
Fiquei no Hotel Blanca Luna que era bem mais barato que outros que vi primeiro. O ambiente aí também era bom.
O Fernando, dono do hotel, é um lírico. Sabe falar e tem muitos conhecimentos. Disse que já foi pastor de uma igreja mas desistiu pois viu que era muita exploração das pessoas.
Fui ver o lago Suchitlan, tornado maior por uma barragem construída em 1973. Mesmo perto do lago sente-se muito calor.
Quando saí do hotel ia com a ideia de passar por Aguilares, pois tinham falado que era uma aldeia interessante, mas não vi nenhum sinal a indicar a estrada para lá. Já devia saber que era assim. Só ao fim de alguns quilómetros vi que já ia em direcção a San Salvador. Segui em frente.
Ao passar junto das ruínas de Joya de Cerén achei que deveria fazer o desvio pois tinha lido que eram interessantes. Para mim foi um desconsolo.
Havia três ou quatro casas descobertas e mais nada. Contaram a história do vulcão Ilamatepec que tinha soterrado a aldeia com cinza e assim ficara conservada, mas o que estava a descoberto estava meio destruído.
Ao passar junto do lago Coatepeque pensei que a estrada contornava o lago por um lado mas era por outro. Mas deu para fazer umas fotos.
No Parque Cerro Verde que engloba o vulcão Izalco perguntei se havia parque de campismo e responderam-me que havia uma zona relvada onde podia acampar. Fui até lá e não estava mal. Montei a tenda e fui ver os quartos de banho. Não havia chuveiros nem água. Eram apenas uns quartos de banho para as pessoas que iam visitar o parque.
Como já tinha a tenda montada fiquei aí mas quando anoiteceu toda a gente se foi embora menos os guardas do parque. Era o isolamento total.

No dia seguinte depois de tomar o pequeno almoço resolvi arrancar. Não havia nada de especial para fazer. Poderia subir ao vulcão mas não tenho calçado em condições para isso.
Embalei para Santa Ana, a caminho da fronteira. Seria uma cidade com pontos de interesse. Não encontrei um hotel em condições, para mim, para ficar. Ou eram caros ou não tinham garagem. Depois de muitas voltas achei que mais valia seguir para a fronteira e quando visse um hotel parava.
Mesmo quase na saída havia uma hospedaje que me pareceu meio pobre mas já não queria andar muito mais e fiquei aí. Realmente era mesmo pobre mas dava para dormir.
A viagem até à fronteira com a Guatemala decorreu sem problemas. Mais umas papeladas e uma taxa de entrada de turista e pude continuar.
Sempre a mesma paisagem de terra seca.
Um pouco antes da cidade de Guatemala parei numas obras de estrada e um motociclista aproximou-se de mim. Perguntei-lhe onde poderia arranjar um pneu para a moto e ele disse que o melhor seria na capital. Fiquei a magicar pois não queria entrar na grande cidade.
Ao aproximar-me vi que era uma cidade muito grande e resolvi continuar para Antigua.
Uns quilómetros antes da cidade o trânsito estava parado. Pensei que seria um acidente pois vi passar duas ambulâncias e fui tentando furar.
Ao chegar mesmo à cidade vi que não havia acidente nenhum. Tinha havido uma procissão que bloqueou toda a cidade e por isso não dava para andar.
Entrei na cidade, no domingo, para procurar onde ficar mas estava tudo cheio. Finalmente encontrei um hotel meio caro mas tive de ficar lá.

Passado pouco tempo sai mais outra procissão e fiquei a pensar que tinha tido sorte por ter passado nesse intervalo senão só já noite dentro poderia passar.

No fim da procissão os vendedores ambulantes eram mais que muitos e seguiam atrás a ver se conseguiam vender alguma coisa.
Mas na segunda de manhã já mudei para um hostal muito mais barato e com um nome muito curto, Hostal 5.
Penso que na próxima semana vai ser mais complicado arranjar onde ficar pois é a semana santa e em todos os lugares há cerimónias que atraem muita gente.
Dei uma volta pela cidade que tem bastantes ruínas de igrejas e conventos. Em 1773 um terramoto destruiu a cidade e a capital foi mudada para onde hoje está a cidade de Guatemala. A antiga capital ficou a ser a Antigua Guatemala. Toda a cidade tem as ruas com pavimento empedrado, não há asfalto.
Ainda vi numa praça tanques comunitários para lavar a roupa, só que as mulheres ao verem a máquina escondem a cara.
Saí de Antigua em direcção a Chimaltenango para entrar na estrada pan-americana. Só que nesta estrada havia um movimento louco e alguns condutores também eram meio loucos.
Os condutores dos autocarros eram incríveis. Numa zona onde havia obras eles passavam todos os que estavam parados e iam pôr-se na frente para tentar arrancar primeiro. Antes de chegar aí cruzei-me com bastante trânsito e tive de ir pela berma pois havia autocarros que ultrapassavam mesmo vendo que eu ia em sentido contrário.
Passando Tecna Guatemala começaram obras de duplicação da estrada e a subir as montanhas. Ficou mais fresco e agradável para andar.
Depois de Solola a estrada rapidamente em direcção ao lago Atitlán. Parei duas vezes para apreciar um pouco mas havia muita neblina ou fumo e não se via grande coisa do lago.

Panajachel fica na borda do lago e é uma cidade que vive do turismo. Encontrei um hotel relativamente barato.
Por todo o lado há lojas a vender artesanato e também não faltam pessoas que andam pelas ruas a vender de tudo.

Fiquei um bocado desiludido com a vista do lago pois tem estado muita neblina ou fumo, pois vi queimadas por todo o lado, e não se consegue ver grande coisa do lago.

Panajachel, N 14º 44,722’ W 91º 09,440’

6 comentários:

Anónimo disse...

Já sentia a falta das tuas aventuras,mesmo achando-te um pouco desiludido com este ultimo trajecto,acho que estás em grande forma.
Boa Viagem...........e continua a dar notícias.
O Caldeira e mais 4 malucos vão arrancar para Marrocos de motoreta Peugeot.

Abraço
Graciano

Anónimo disse...

Aproveita estes momentos "mais" calmos para te preparar para o México. As coisas andam quentes para aqueles lados. Vai com calma e a rolar em segurança Amigo.

Já agora vais lançar as tuas aventuras em DVD ou Blueray ?
(eu não tenho Blueray)

Grande abraço

Valente - MCP

Anónimo disse...

Oi, Queirós!
É como diz o Graciano, pareces um pouco desiludido com esta passagem na Guatemala.
Para quem já viu cenários espantosos na Argentina, não admira.
Vai curtindo a Páscoa na Guatemala que nós curtimo-la em Portugala.

Manda abraços aos Piratas das Caraíbas.

E outro para ti, claro!
Nestes

Arapongas Moto Club disse...

Muito legal essa matéria hein!
Está de parabéns, recentemente eu pedi uma ajudinha para uma amiga minha que está no último ano de Turismo da Fecea para falar um pouco de lugares interessantes para se conhecer, claro, de moto né!! hehehe

Abraços!

Anónimo disse...

Olá Tone! Efectivamente tiveste uma série de azares! Nada que não seja ultrapassado. Se calhar estás menos atento pois já és um profissional e como tal elas acontecem! Vai com cuidado e vê se não dás cabo do ombro! O Jorge foi passar a Páscoa a Nápoles. Tem uma Santa Páscoa! Mais uma vez a foto de família na escadaria de casa vai ficar incompleta! Mas o principal é que tu estejas bem e feliz! Beijos Belacruz

cancruz disse...

Olá Tone

Espero que tenhas conseguido um ambiente especial para passar o domingo de Páscoa, pois é nestes momentos que as saudades costumam apertar.
Continua bem e sempre em frente.
Um grande abraço
Cândido