Há muitas plantações de coqueiros. Vê-se cocos por todos os lados.
Depois de Lázaro de Cardenas a estrada vai mesmo junto da costa e dá para apreciar as praias e todo o litoral. De vez em quando a estrada vai um pouco para o interior e sobe e desce por pequenas elevações.
Tenho uma revisão marcada para a próxima terça-feira e pensava trocar as pastilhas nessa ocasião. Mas já andava a espreitar constantemente para os travões e com medo de travar. Ainda tinha mais de dois mil quilómetros pela frente e já não andava à vontade.
Passei na Honda e arranjaram umas pastilhas que dessem para a moto. A troca não demorou e pude continuar com mais confiança.
Em todas as aldeias ou cidades há lombas que obrigam a abrandar a velocidade. Muitas vezes não estão assinaladas e só mesmo em cima é que se vêem e é preciso uma travagem forçada para evitar um salto na passagem.
As lombas que há por aqui, em todos os países da América do Sul e Central, obrigam mesmo a quase parar.
Quando cheguei a Puerto Vallarta foi o cabo dos trabalhos para encontrar um hotel com garagem. Simplesmente não tinham ou eram demasiados caros perguntei.
Finalmente falei com um taxista que me guiou a uma rua onde há vários hotéis mas com o mesmo problema, nenhum tem garagem. Mas num disseram que poderia meter a moto num pátio interior. O problema é que no passeio à entrada havia uma floreira que não deixava pôr a moto de frente para a entrada, além de que o passeio era alto. Tive de subir por um acesso a uma garagem e depois ir pelo passeio até umas tábuas que se puseram para poder subir o degrau. Um americano que estava por ali deu-me uma ajuda, e bem boa, se não iria ser mais complicado. Obrigado, Tod.
Andei pela cidade e ao longo da praia, no passeio. Achei uma cidade bem mais interessante do que Acapulco. Há muito mais gente.
O Johan, sul-africano que conheci na Colômbia, tinha-me dito que a estrada até Durango era interessante e como tenho de ir mais para o interior optei por vir por esta.
O início nem foi mau. A estrada ia subindo a montanha enquanto a região seca ficava para trás.
Curvas e mais curvas que às vezes se tinham de fazer a 30 à hora. Muitos camiões quase paravam nalgumas curvas a subir.
E noutras?! Como eram muito fechadas os camiões apareciam fora de mão nalgumas curvas.
Procurei um hotel e não encontrei no centro. Vi dois mas nem perguntei o preço, só pelo aspecto seriam demasiado caros. Resolvi sair da cidade e continuar.
Ao seguir o desvio para Torreon vi um mesmo a seguir ao cruzamento e fui ver. Preço razoável e apesar de um pouco afastado do centro resolvi ficar, também já não queria seguir mais.
Os quase 300 quilómetros tinham sido cansativos.
Conversámos um pedaço e depois ele levou-me a conhecer um pouco da cidade. Perguntei-lhe se conhecia o centro de filmagens que havia e ele disse que sabia onde era e até me foi indicar a saída da cidade que levava ao lugar. Também disse que o actor John Wayne tinha tido aí um rancho onde faziam filmes.
Como estava meio interessado em visitar o centro de filmes fui por essa saída.
O Daniel tinha-me dito que seriam cinco minutos até Chupaderos e Villa do Oeste. Quase sempre são uns exagerados e eu pensei que pelo menos seriam uns vinte minutos e fui andando sempre atento a ver se via alguma indicação. Ao fim de meia hora não tinha visto nada e como já ia lá para a frente resolvi continuar por essa estrada. Afinal dava uma pequena volta mas ia ter à estrada de ligação de Durango para Torreon.
A paisagem era muito interessante, parecia daqueles cenários dos filmes do oeste. Também era bastante deserto em termos de povoações, só de longe a longe se viam casas.
Ao chegar a Torreon pensei que seria melhor continuar e ficar mais à frente numa pequena cidade chamada Matamoros. O problema é que não havia hotéis ou melhor havia um que um polícia não me aconselhou pois ficava numa zona um pouco perigosa. Ainda me disse que até Saltillo não deveria encontrar nenhum. Teria de voltar a Torreon.
Se era assim lá teria que ser. Voltei à estrada e regressei a Torreon, mas mesmo na saída vi um letreiro de hotel e fui lá ver. Era um daqueles que aluga quartos à hora.
Tive mesmo de voltar a Torreon. Foi o cabo dos trabalhos para encontrar um hotel decente. Só via desses de aluguer à hora. Já tinha pensado que se não encontrasse nenhum teria de ir para um desses. Finalmente encontrei um, bastante caro mas já estava farto de andar às voltas. A cidade é grande em comprimento e qualquer volta são uns quilómetros.
Agora o destino é a fronteira. A paisagem tem sido sempre meio desértica. Ao passar em Saltillo e Monterrey ainda era relativamente cedo e pensei que seria de ir continuando em direcção à fronteira, Nuevo Laredo. Iria chegar já ao anoitecer mas talvez fosse possível. Mas ao passar em Sabinas Hidalgo entrei na cidade, vi um hotel e resolvi ficar.
Pelo caminho ia pensando o que deveria fazer. Se ficar do lado mexicano ou atravessar a fronteira e ficar em Laredo. O Lou tinha-me dito para cruzar.
Depois de almoçar dirigi-me à fronteira. Fui tratar de dar saída do México e tive de pagar uma taxa de turismo que não tinha pago na entrada. Só depois me carimbaram o passaporte.
Quando fui à alfândega para entregar o documento de importação temporária a sujeita disse que tinha de levar lá a moto. A moto estava do outro lado do parque de estacionamento e tinha de voltar atrás para dar uma grande volta. Achei que não valia a pena entregar o papel. Um indivíduo ainda me disse que poderia entregá-lo no consulado em Austin. Depois verei.
Estive quase uma hora numa bicha para poder preencher o formulário de entrada. Quando me perguntaram para onde ia eu disse que iria andar por muitos sítios mas disseram-me que tinha de dar uma direcção específica. Tive de ir à moto buscar a direcção do Lou para me darem a autorização de entrada. Sem uma direcção não me deixariam entrar e se o funcionário resolvesse que não entrava nem adiantava apelar para o presidente. Não entrava e pronto!
Mas já estou na terra dos “camones”.
Fiquei logo na cidade. Já não daria para chegar a Buda.
Nestes últimos dias tem-se falado muito na gripe dos porcos. O surto epidémico teve início, segundo dizem, no estado de Vera Cruz. Há casos nos E.U. e Canadá de jovens que estiveram de férias no México.
Para tentar suster o avanço da doença o governo tem tomado medidas restritivas quanto a aglomerações de pessoas. As escolas têm estado fechadas, pelo menos até meio da próxima semana, os espectáculos públicos têm sido cancelados, já houve jogos de futebol que foram jogados à porta fechada e a próxima jornada também o será. Uma feira internacional que se deveria realizar em Águas Calientes também foi cancelada. São tudo tentativas para reduzir as aglomerações de pessoas e evitar o contágio. Esperemos que resulte!
Quanto a mim vou continuando bem e procurando fugir do vírus.
Apenas mais umas palavras sobre a segurança que também li e ouvi que não era das melhores. O que posso dizer é que não vi nem senti grande diferença de outros países por onde já passei. Há bastantes controlos de polícia e do exército ao longo da estrada. A mim mandaram-me parar duas vezes e só numa é que quiseram revistar as coisas mas depois de abrir a mochila e o saco da tenda não quiseram ver mais.
Recordo o que disse na última nota. Um rapaz canadiano disse que o autocarro em viajava foi assaltado. Também leio e vejo na televisão o que vai acontecendo. Há muitos problemas e falta de trabalho e as coisas acontecem. Infelizmente não é só aqui.
Mesmo em termos de condução não senti problemas nem vi nada demais. Sempre me respeitaram e apenas duas vezes me senti um pouco mais apertado na estrada, mas tirando isso a gente é simpática e muitos me saudavam.
O México é muito grande e merecia uma visita mais demorada mas desta vez não pôde ser.
Laredo, N 27º 32,912’ W 99º 30,294'