A estrada até Ibagué tem de atravessar as montanhas, a Cordilheira Ocidental, e vai num sobe e desce cheio de curvas. Os camiões são muitos e é preciso sair rápido depois de uma curva para conseguir ultrapassar com um mínimo de segurança. Como outros faziam o mesmo, de longe a longe aparecia um carro ou até um camião a ultrapassar outro mesmo a entrar nas curvas. Todos nos encolhíamos e felizmente nunca houve azar. A velocidade também era baixa.
Na saída de Ibagué segui a primeira indicação de Bogotá e comecei a estranhar ver muito poucos camiões. Quando parei para meter gasolina perguntei se ia bem para Bogotá e disseram-me que sim. Comecei a ver no mapa os nomes das localidades que ia passando e vi que tinha metido por uma estrada secundária. Era bastante boa e não tinha muito trânsito. Se calhar nem foi mau ter seguido essa estrada.
Quando a estrada desceu até uns 400 metros de altitude o calor começou a apertar. Tive de tirar o forro interior do blusão pois transpirava demasiado. Já na aproximação a Bogotá, tive de o voltar a vestir pois o frio começou a aparecer. A altitude voltava a aumentar até uns 2.600 metros, nível onde se situa a capital.
Mesmo ao entrar na cidade, na periferia, começou a chover. Perguntei onde poderia encontrar um hotel e tentei seguir as indicações mas com a chuva e o trânsito é difícil manter o rumo. Encontrei um meio caro, 23 € por noite mas era um bom hotel. Depois vim a saber que nessa zona era tudo dentro desse preço. Havia a Feira da Moda de Bogotá num parque de exposições mesmo perto e até foi uma sorte encontrar um quarto vago.
Fui dar uma volta pelo centro da cidade mas não gostei muito do que vi. Parece e é uma cidade muito velha e por todo o lado havia casas e prédios degradados e a cair. Também é certo que havia obras em muitos sítios mas mesmo assim não gostei muito da cidade.
Foi um serão muito agradável e a senhora era muito simpática.
No meio da conversa falámos nos pontos a visitar e ela disse que não deveria perder Villa de Leiva e Medellin. Eu ainda disse que não queria entrar nas cidades grandes mas ela insistia que Medellin não podia faltar no meu roteiro.
No dia seguinte fiz um desvio para Villa de Leiva. A Giovanna já me tinha falado dessa terra e num dos guias que comprei dizia que merecia a pena uma visita.
Desta vez nem me enganei a sair de uma cidade grande como já me tem acontecido noutras. A estrada até Tunja estava cheia de obras. Em muitos pontos era preciso parar por causa das faixas de rodagem fechadas. Mas a paisagem ia compensando apesar de chuviscar, por vezes.
Para ir em direcção a Medellin teria de atravessar a cordilheira central por uma estrada de terra. Perguntei como estaria e disseram-me que não devia ir por lá. Como estamos na época de chuvas a estrada estaria cheia de lama e seria perigoso. Poderia haver deslizamentos de terra.
Até os camiões ficam atolados, disse uma das pessoas.
Teria de voltar quase a Bogotá para seguir para norte outra vez. Havia uma outra estrada mais pelo interior que era bastante boa e sem muito trânsito.
Ao fim de uns quilómetros havia carros parados. Fui avançando a pensar que haveria um controlo ou algum acidente. Felizmente nada disso, apenas uma árvore que tinha caído e bloqueava a estrada. Mas já lá estavam alguns homens a tratar de desimpedir a passagem.
Depois de Chia e do desvio para Cota começou a chover. Tive de vestir o fato de chuva pois era mesmo chuva forte e estava escuro para onde me dirigia. Felizmente parou de chover ao fim de alguns quilómetros, mas ainda terei andado mais de meia hora à chuva.
Cheguei a Honda ao final da tarde. Pensei que daria para fazer mais quilómetros mas o trânsito de camiões e a estrada nas montanhas não deixam andar mais depressa. Mas o que é preciso é chegar bem.
À noite, depois de comer, estive na conversa com o dono do hotel, o John, e uma empregada, a Pilar, um filho, o Diego, e um sobrinho, o Óscar. Fazia calor e andava muita gente na rua. Foi agradável estar ali umas horas.
Mais montanhas e muitas curvas depois e estava perto de Medellin.
Consegui chegar à zona mas não atinava com o lugar. Aquele quarteirão estava meio difícil de entrar. Tive de ir em contramão durante alguns metros e afinal o hostal não tinha garagem para a moto por estar com obras. Tive de ficar noutro um pouco mais acima.Andei às voltas por Medellin e gostei mais desta cidade do que de Bogotá. Por onde andei também vi alguns pontos com casas meio velhas mas no geral pareceu-me uma cidade moderna e com muita actividade.
Nas casas ou melhor barracas que também se vêem ao longo da estrada as pessoas aproveitam as sombras para se tentarem refrescar e vender alguma coisa a quem passa. Mesmo a mim, apesar de ir de moto, ofereciam peixes enormes e gritavam para apregoar as suas mercadorias: fruta ou sumos e outras coisas mais.
Fui até à praia mas havia muito vento e as ondas faziam com que a água estivesse muito suja. A areia é muito escura e fina. Mas havia gente na praia.
Mas antes de acabar por agora só uma foto do colete que tive de comprar quando entrei na Colômbia. Havia os verdes e cor de laranja mas o preto não destoava muito com o fato.
Cartagena, N 10º 25,343’ W 75º 32,694’
12 comentários:
Boas Queirós,
Estava a estranhar ausência e acaba de cair o teu post!
Pelo relato parece estar tudo tranquilo na Colombia. Não há indícios de insegurança? Há forte presença de polícia? Pelo relato do Gonçalo cadilhe a Colombia é um pais perigoso registando-se milhares de vitimas de rapto e violencia. Qual a tua opinião?
Abraço e continuação de boa viagem.
Já estava com saudades destas crónicas de viagem, sempre com fotos e relatos espectaculares.
Pelo que vejo o último incidente já passou á história... e p'rá frente é que é caminho.
Um abraço
Mário Almeida (falcaodonorte)
Com colete vetido pareces um dos irmãos metralha.
Bos viagem
Tio!
Tu és um espanto!! Imparável!!! As fotos continuam excelentes!
Mtos Beijinhos
P
Caro António "Metralha" Queirós, fico contente por te ver animado seguindo viagem.
Já passaram uns mesitos largos desde que estivemos na cavaqueira no MCP. Apesar de seguir as tuas crónicas com a maior atenção confesso-te que me fica sempre a vontade de saber mais...
Aproveita bem o teu tempo e prepara-te para seres muito assediado pelos que, como eu, querem saber mais profundamente das tuas aventuras.
Um grande abraço.
Mustafá
Caro Queiroz
Força,os relatos fazem nos sonhar.
um Abraço
Rui Baltazar
Caro amigo, eu estou em Antofagasta e pensava mudar o meu rumo para o norte, mas depois de ver o teu colete com a matricula prefiro rapar todo frio do mundo e ir ate a Terra do Fogo...
Um grande abra+}o e boa sorte..
Em Cartagena existe uma companhia que faz o transbordo ate Colon durante 3 dias, estilo cruzeiro de refugiado. Informa-te bem porque parece que os precos ate compensam.
Boa António... Segue o teu rumo! Se resististe este tempo de espera já nada te fará parar! Fico feliz por ti! Tem cuidado com essas paragens! Por cá continuamos todos a torcer por ti! E como é este o ano do teu regresso vamos já começar a organizar a tua recepção à nossa TROFA! Vamos constituir uma "comissão" para que daqui a nove meses te possamos receber com poupa e circunstância! Aceitam-se inscrições nesta comissão de festas! Sê feliz!
Beijinhos
Belacruz
Já tás matriculado de costas e tudo LOl ;-) bom ver-te por aí, que isto por cá tá a animar os MR a começar o Lés a Lés a chegar... e tu a passear! Boas Fotos, bons relatos,um a boa viagem!
Viva, Queirós Metralha!
Pelo tamanho do texto e quantidade de fotos, nota-se que estás cheio de vício.
Essa viagem está a ganhar piada.
Obrigadão, Queirós.
Grande abraço
Nestes
Olá Queirós
Ainda bem q está tudo a correr sobre rodas.
Quero saber como vais levar a moto para o Panama (avião ou barco?).
Grande abraço !
Valente - MCP
Toma cuidado com agenciadores .para a travessia via cartagena panamá.já li relatos de que pagararam duas vezes e não havia nada. tem muitos vigaristas..
deve ter muita atenção com preços
vantajosos ...
que continue com uma ótima viajem.
ZANETTI
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