Finalmente, depois de muitos dias à espera, chegou a licença internacional de condução.
Já estava a ficar um pouco cansado de estar parado.
Nesta paragem houve uns percalços que não deveriam ter acontecido. As minhas duas máquinas fotográficas “mudaram de mãos”, quero dizer roubaram-mas.
A que tinha comprado há poucos meses no Paraguai foi num restaurante. Andava com ela num saco a tiracolo e normalmente nunca o tirava mas nesse dia estava muito calor e tirei-o e pendurei-o numa cadeira ao lado da minha. Mesmo encostado. Quando acabei de almoçar pus-me a pé e saí. Andei uns metros e senti que me faltava alguma coisa. Voltei atrás e já só vi o sítio. Ninguém tinha visto o saco nem se alguém havia pegado. Não sei se foi enquanto comia ou depois de me levantar.
A outra, já a tinha há quatro anos, foi na rua a meio da tarde. Andava com ela num saco preso no cinto e que nem era muito grande. Mas a certa altura um rapaz aproxima-se de mim pelo lado esquerdo e pergunta-me as horas. Eu olho para ele e nem tenho tempo para dizer nada. Pelo meu lado direito vem outro que agarra o saco e puxa-o para ver se o consegue sacar. A princípio nem queria acreditar que me queriam roubar. Eu tento segurar mas outros dois que vêm por detrás fazem-me cair e tentam prender-me os braços e eu tento segurar o saco. Mas os dois primeiros agarram o saco e conseguem rebentar com a asa e fogem. Ainda meio atarantado levanto-me e ainda vou até à esquina mas já não vejo ninguém. Os dois que vi teriam perto de vinte anos. Mais uma vez ninguém viu nada, apesar de haver algumas pessoas na rua.
Mais tarde já meio calmo pensei que, como dizemos sempre, ainda tive sorte. Podia ter levado uma facada ou pior.
Fui à polícia participar, mas apenas foi isso. Participar. Registaram e disseram que tive azar.
Vão-se os anéis mas fiquem os dedos. Eu estou pronto para continuar e só espero que não haja mais encontros destes.
Por falar em encontros. Num destes dias fui jantar com um motociclista espanhol que tinha conhecido em Buenos Aires há um ano. Também se juntaram a nós, além da sua noiva Flávia e do Ivan, um casal de motociclistas suíços que andam a dar a segunda volta ao mundo, o Khim e a Katherina, que têm um sítio na internet muito interessante www.fernweh.ch
Na conversa que mantivemos falou-se da licença internacional e disseram que aqui, na América do Sul, nunca lhes tinham pedido esse documento. Eu disse que no Peru mo haviam pedido duas vezes, ou melhor na fronteira um funcionário da alfândega perguntou-me se tinha mas como não era da polícia não deu em nada, mas depois em Juliaca um polícia pediu-me e disse que tinha de ter.
Por isso esta espera toda, mas agora já posso continuar.
Não tenho fotografias novas para mostrar, mas já comprei uma máquina nova. Espero que da próxima vez que escreva alguma coisa já haja fotos.
Todos estes dias parado fizeram com que me chegasse a preguiça e por isso não há fotos agora.
Mas vou seguir para a Cordilheira Branca e só espero que não chova muito. A época da chuva começou agora e dura até março.
Lima, S 12º 02,774’ W 77º 01,629’
8 comentários:
Antonio,
Tenho muita pena pelo que aconteceu. É simplesmente incrível a quantidade de viajantes que mais tarde ou mais cedo são assaltados nesse pais, mas como dizes, que fiquem com os anéis!
Continuo a ler os teus relatos com entusiasmo. Continuação de boa viagem e se o tempo o permitir faz aquela estrada entre Catac com o passe de abra Yamahallah ...vale a pena!
Abraços de puerto iguazu, argentina
Nuno
Caro Queirós lamento o sucedido com as câmaras mas pelo menos tu estás bem.
Eu sugiro-te que compres uma câmara compacta, daquelas que cabem num bolso.
Têm a vantagem de chamar menos à atenção e servem perfeitamente para fazer o registo fotográfico da tua viagem.
Um grande abraço e continuação de boa viagem.
Mustafá
oi ti tone!!!
finalmente foste assaltado (duplamente)... é só emoção! Agora que ja tens carta... põe te a monte porque ai ja és conhecido eles podem voltar te a atacar.
Acredita!!!
à falta de melhor a HANSA NATURA vai para o geres de novo à procura de aventura e mais uma vez nao nos acompanhas, talvez para o ano.
boa sorte e boa viagem
nuno cruz
Viva, Great Queirós!
Não te deixes abalar com os gatunos. Estás bem melhor que eles. A curtir o Mundo, de moto, a não sei quantos milhares de km de casa.
Aqui também começou a época das chuvas. E do frio. Nevou bem perto da tua Trofa. O MC Porto continua dinâmico e vamos falando de ti. Os teus postais tem honras de cortiça bem junto à entrada da sede. Manda um 5º.
Força!!
Grande abraço
Nestes
Boas Amigo Queirós, afinal de contas os últimos percalços não demoveram a tua vontade de continuar com a tua aventura, eu espero que saia reforçada ainda mais.
Como já tinha falado as grandes cidades da América latina são um grande problema devido ao alto grau de pobreza, para muitos nessas cidades tudo que reluz é ouro. Para outros é simplesmente um acto de sobrevivência. Mantém-te afastado dessas pessoas.
Continua com a aventura que nós por cá aguardamos pelos proximos relatos.
Mário Almeida (falcaodonorte)
COMO EU JÁ HAVIA ESCRITO AQUI ANTERIORMENTE.
PERU CUIDADO .( cochilou o cachimbo cai )
NÓS COM CARA DE EUROPEU ,NÃO SOMOS DISTINGUIDOS FACILMENTE NO URUGUAI E NA ARGENTINA .MAS NO PERU EQUADOR BOLIVIA .SOMOS TURISTAS EXTRANGEIROS ,VUNERAVEIS A ESTE TIPO DE DE ABORDAGEM .
MAS `FAZ PARTE ` SERVE DE ALERTA .
SEGUE EM FRENTE .EQUADOR É LINDO.
AGUARDO .
ZANETTI
Olá Queirós,
Já há muito deixava um comentário mas acompanho as aventuras com admiração pela capacidade das pilhas que levaste!!!
Embora nunca tenha sido assaltado, sei como é fácil distrairmo-nos em viagem e sobretudo esquecermos que há especialistas em seguir-nos até ao momento mais oportuno. Por outro lado parece que oferecestes resistência a mais, o que não é aconselhavel. Sempre alerta e siga viagem.
Aquele Abraço
Carlos Almeida
Viva Queirós
Foi bastante azar o roubo mas esperemos que não volte mais a acontecer. De resto está tudo bem, o que é bom.
Votos de continuação de Boa Viagem,
fernando
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