Saindo de Lima para norte, a estrada ainda continua no deserto sempre junto da costa. Desta vez o nevoeiro manteve-se por uns cem quilómetros até Huanco.
Mal apareceu o sol o calor também se fez sentir. Logo depois de passar Pativilca estava o cruzamento para Huaraz. Queria ir pela montanha para apreciar a Cordilheira Branca. Tinha lido e também me tinham dito que era espectacular.
Quando entrei no desvio pensei que iria chegar tarde pois a estrada estava em obras. Foram vinte quilómetros no meio da terra e cascalho. Depois voltou o asfalto, com buracos mas ainda dava para andar bem.
Já perto do final da subida, pelos três mil metros, voltaram as obras e até chegar a Conococha ainda levei dois banhos dos camiões que andavam a espalhar água para a terra assentar melhor e não fazer pó. Fiquei num lindo estado com o pó que levava e água e depois outra vez mais pó.
Mas ainda foi preciso passar dos 4.000 metros para voltar a descer, agora numa descida suave e fria. Ainda não havia neve e as montanhas estavam cobertas de verdura.
Só mesmo ao chegar a Huaraz havia uns cumes cobertos de neve.
Tentei encontrar um hostal que o Nuno e a Joana me tinham indicado mas não gostei da localização e fiquei mais no centro. Ainda não recuperei a confiança nesta gente e mais vale prevenir.
A cidade não é nada de especial e apenas teria interesse uma visita ao Parque Natural de Huascaran, mas neste momento não estou com pachorra para andar a pé. Mais para a frente…
Afinal a cordilheira não era tão branca como pensava encontrar. Só mesmo junto a Huaraz se vê neve.
Alguns quilómetros depois de Caraz a estrada passa a ser de terra e pedras quando começa o “Cañon del Pato” do rio Santa.
Achei esta passagem espectacular. O desfiladeiro poderá não ser muito profundo mas gostei de ver. A estrada passa em vários túneis, alguns bem compridos e em curva, e lá dentro era um problema. Os olhos demoravam alguns segundos a adaptarem-se à escuridão, estava um dia de sol forte, e com o pó que o vento levantava era difícil ver.
Neste ponto havia umas represas que desviavam a água para túneis e só mais abaixo, em Huallanca onde havia uma central, o rio voltava a ter a água normal.
A estrada tinha muita pedra e às vezes algumas bem aguçadas e ainda pensei que tinha de ir devagar senão podia furar e não convinha.
Já na parte mais baixa o vale abria e havia muitos campos de arroz. Aqui já havia asfalto.
Em Santa ainda me pus a pensar se havia de ficar aí ou continuar mais um bocado, Ainda faltavam uns 150 quilómetros para Huanchaco. Achei melhor atestar e continuar.
Cheguei já ao cair da tarde, mas ainda dia. O hostal fica em frente ao mar, tem um pequeno terreno para acampar mas estava todo ocupado por um grupo de suecos que andam a viajar em três autocarros.
Os pescadores utilizam uns “caballitos de totora” para pescar. Nem sei bem dizer que classe de “barco” será isto. São construídos com uma espécie de junco atado em dois molhos que depois são unidos.
Os dias têm estado com nevoeiro e só a meio da tarde abre o sol. Ainda não será desta que dou um mergulho no Pacífico.
Mais uma muda de óleo e vou ver se volto à montanha outra vez.
Huanchaco, S 08º 04,827’ W 79º 07,247’
9 comentários:
Grande Antuco, já te tinha escrito uma mensagem ainda quando estava de viagem mas na altura de enviar deu um arranque qualquer ao computador e lá se foi...Bem vindo às costas do Pacifífico, que saudades dessas terras, quer dizer, das terras em si, porque das gentes do Peru há muito para dizer e nem sempre são coisas boas...já vi que tiveste uns encontros imediatos aí com os larápios de serviço...mas fico muito feliz e aliviada que tudo não passou de um susto e de umas câmaras a menos, o importante é que a aventura siga! Grande amigo muita força, muitas saudades e agora que tenho mais tempo vou relembrando as minhas aventuras através dos teu relatos. Um abraço e um beijinho muito forte e muito grande.
Joana
www.movimentos-constantes.blogspot.com
Grande amigo Antonio.
Chegado a um mês da minha viagem, onde tive o prazer de te conhecer na aduana entre Bolivia e Chile.
Nós não fomos para Lima, justamente por causa do medo de sermos roubados.
Bom que já deixou essa cidade.
De vez em quando agora mais tranquilo, vamos conversando via blog.
Boa viagem!
Abraços
Sid, direto do Brasil www.sidmotoaventura.blogspot.com
Oi Viva Queirós!
Já estás de novo no seio do teu ambiente natural, a rolar entre paisagens portentosas. Espero ver mais imagens da Cordilheira Branca, e se der do parque de Huascáran.
Esses barcos, em Huanchaco, parecem ser bem aerodinâmicos. Aqui, o Nelo, dos Kayaks, ainda vai aí tirar-lhes a medidas rsrsrs
O Melhor para tua Viagem.
Um Abraço,
ainda bem que já voltaste a rolar !!!! a transalp devia estar a ficar stressada !!!
Jafqa
Olá Tone
Como o fotógrafo é o mesmo, as fotos ficam sempre bem, mesmo que tenhas que trocar de máquina.
Continua com a mesma vontade porque ainda tens muito que ver.
Um abraço
Cândido
Antonio,
I just found your blog. It was nice catch up with you and see all that you have done in the past year. I'm back in Texas ready to greet the new year at home this time. Do you have plans to ride to the United States? You have a place to stay in Texas. I would be happy to hear from you at baerjaeger@yahoo.com
Travel blessings,
Lou
Essa estrada dos túneis tinha piada, grande Queirós!
Obrigado por continuares a nos oferecer relatos e fotos.
Queirós, se não nos "falarmos" até lá, um Santo Natal para ti e para a Transalp.
Já é o segundo que aí passas... Fónix
Grande abraço
Nestes
Grande Queirós
Quero desejar-te um santo natal e um excelente ano novo, meu vagabundo.
Continua a tua viagem até onde puderes ir, nós cá estamos à espera das tuas aventuras e do teu retorno.
Quero partilhar contigo a minha felicidade em ter sido eleito sócio do ano 2008 do MotoClubedoPorto.
Grande abraço - Valente MCP
Great Queirós!
O teu postal com os “caballitos de totora” de Huanchanco já está afixado na cortiça à entrada da sede.
Os CTT do Perú são rápidos!
Muito obrigado e um grande abraço natalício.
Nestes
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