Viagem pela EuropaEsta foi a primeira viagem de moto que fiz, poderei dizer.
Não considero uma ida, um ano antes, a Jerez de la Frontera para ver o Grande Prémio como uma “viagem”. Na ocasião para nós que lá fomos, sete em quatro motos, já foi um fim de semana espectacular e uma aventura.
Naquela época costumávamos dar umas voltas até ao Gerês e pouco mais. Havia poucas concentrações e a moto que tinha era quase nova. Tive de fazer a rodagem antes de ir. O Pimenta foi com a moto de um dos meus irmãos.
As outras duas que foram eram de amigos que já as tinham há algum tempo. O grupo era formado por 2 Suzuki Djebel, 1 Aprilia Tuareg e 1 Honda Dominator.
Sentir todo aquele ambiente que havia em volta do G.P. com toda aquela gente e as motos que por ali havia fez-nos pensar em algo maior.
Fomos até à Holanda, também na ocasião do seu Grande Prémio. Essa já foi uma viagem maior, mas de carro. O Pimenta tinha uma moto pequena e iria ser uma seca ir sem ser em motos semelhantes. Optámos por ir de carro e foi uma experiência muito boa. Aquela sexta à noite em Assen foi inesquecível. Uma coisa diferente, também, foi ver em acção as Norton de motor rotativo nos treinos e corrida de TT, especialidade que havia na altura e de que também houve provas no circuito de Vila Real. Tinham um som de escape “melodioso”, se se pode dizer.
No sábado de manhã quando chegámos ao circuito quase não havia lugar para nos sentarmos. Parecia que todos tinham feito uma directa e ainda estavam a dormir.
Nesses dias de viagem começámos a planear uma viagem pela Europa, mas de moto.
Entretanto o Pimenta comprou uma Dominator e começámos a ir mais vezes às concentrações. Conhecemos muita gente. Algumas pessoas já tinham viajado de moto e isso ainda nos fazia crescer a vontade de sair também.
Entre muitos destinos que haveria, acabámos por escolher a Áustria e a Jugoslávia pois haveria o Campeonato do Mundo de Velocidade em dois fins de semana seguidos e juntaríamos o útil ao agradável, como se costuma dizer.
Viajar e conhecer um pouco desses países e ainda assistir aos G.Ps.
Como estaríamos perto ainda dava para dar um salto à Hungria.
O Pimenta escreveu um resumo do que foi essa viagem de três semanas que a “motojornal” publicou.
*** clicar em cima de cada pagina para abrir e poder ler ***(no fim tenho mais umas palavras)
Umas semanas antes da partida, no dia 31 de Maio, começámos a pensar se deveríamos ir ou não, pois começaram a surgir notícias de que haveria possibilidade de problemas na Jugoslávia, como infelizmente veio a acontecer uns quatro meses depois com a guerra que dividiu esse país.
Mas já estávamos com tal ansiedade em seguir que fomos. Tudo correu bem e ninguém se meteu connosco.
Ao chegarmos à Suíça, a Monthey, nem foi preciso dizer nada. Vieram logo ter connosco umas pessoas perguntando se éramos o cunhado e o amigo do Alcino, cunhado do Pimenta. Todos, passe o exagero, os portugueses da cidade sabiam que íamos chegar ali de moto indo de Portugal. Para eles foi uma alegria e “mostrar a estes suíços que os portugueses não são só emigrantes”.
Atravessar a Suíça vendo aquelas montanhas e vales foi sensacional. E então aquelas estradas num sobe e desce às curvas nem se fala.
A Áustria também era um espectáculo.
Na Jugoslávia o que mais me impressionou foi o Parque Natural de Plitvice. Acho que foi das paisagens mais bonitas que vi até hoje. Uma sucessão de lagos e quedas de água que será difícil esquecer. Para percorrer a maior parte do parque havia uma passarela de madeira que permitia descer por um lado do vale e subir pelo outro, passando por cima de todos os pequenos rios que por ali corriam. No fundo havia um lago maior onde um barco transportava as pessoas para o outro lado para poder dar a volta completa. Achei uma maravilha.
Depois de uma visita a Budapeste regressámos à Áustria.
Voltámos a atravessar a Suíça em direcção a casa, seguindo-se a França e a Espanha, naturalmente. Por acaso era véspera de S. João quando chegámos a casa por volta das sete da tarde. O Pimenta à noite foi com a família até Vila do Conde e eu fui com uns amigos festejar o santo. Eles só diziam que depois de dois dias da Suíça até à Trofa só quereriam era ir dormir. Eu dizia que andar de moto não cansa desde que se ande devagar. Normalmente a nossa velocidade de cruzeiro andava entre os 110 e 120 quilómetros por hora.
Esta primeira viagem de três semanas ficará sempre na nossa memória.
Quando estávamos a preparar a viagem alguns amigos diziam que as nossas motos, duas Honda Dominator, não eram motos para fazer viagens. Nós só dizíamos que eram as que tínhamos e por isso teriam de ir e voltar.
Foram e voltaram sem problemas, apenas tive de substituir o filtro do ar em Burgos, na ida.
Depois desta viagem ainda fiz mais algumas com a Dominator, que vendi com muita pena. Já estava quase com 135 mil kms e a precisar de alguma mão-de-obra.