quinta-feira, janeiro 10, 2008

Visitar as montanhas

Esperei dois dias em Rio Grande que o vento amainasse para continuar. Até porque o lugar é agradável e desta vez estava lá um suíço, meio apanhado, que tinha uma coluna de som – que trouxe com ele - e passava todo o dia a ouvir música.

Quando no domingo vim até cá fora vi que não estava vento e pensei que estava na hora de arrancar. O vento tinha parado mas em andamento sentia que o ar estava mais frio que o costume.

Depois de passar a fronteira para o Chile começou a chuviscar e fiquei a matutar que fazer mais de cem quilómetros na estrada de rípio seria mais complicado. Queria fazer a estrada até Porvenir, onde ia apanhar o barco para passar o estreito de Magalhães, pois era mais curto e era bonita segundo me disseram.




A chuva parou e nos últimos cinquenta quilómetros foi um gozo subir e descer aquela estrada junto ao mar. Aquela parte da costa não é tão plana como noutros sítios e a estrada ia subindo e descendo sempre muito perto do mar. Não havia muito movimento e soube mesmo bem.

À hora de começar a entrar para o barco a minha moto teve de ser a primeira pois ia encaixada debaixo de um alpendre para dar mais espaço para os carros. O barco era pequeno e o espaço tinha de ser bem aproveitado para levar o maior número de carros. A travessia demora duas horas e meia.

Em Punta Arenas foi um pouco complicado arranjar sítio para dormir, mas depois de umas voltas sempre arranjei e mais ou menos barato. Estamos na época alta de turismo e há muitos turistas.


Os preços aqui no Chile são um pedacinho mais altos que na Argentina, mas acho que não me levarão à bancarrota.

Dei uma volta pela cidade e tentei encontrar alguma informação sobre Fernão de Magalhães para um amigo que está a fazer um trabalho sobre o navegador. Não havia nada nem mesmo na biblioteca municipal. “Só” uma estátua na praça principal. Enviei-lhe pelo correio um livro que tinha comprado em Ushuaia. O jornal da cidade chama-se “La Prensa Austral” mas ao domingo tem o nome de “Magallanes”. Esta região sul do Chile, a XII região, chama-se “Provincia de Magallanes e de la Antartica Chilena”.

Agora tenho de adaptar-me à nova moeda pois tem um valor totalmente diferente do país vizinho. Um euro equivale mais ou menos a 4,65 pesos argentinos ou a 700 pesos chilenos. No final do almoço e depois de fazer contas de cabeça para ver quanto valia dei comigo a pensar nesta viagem que ando a fazer. Em cada país será uma moeda diferente e um povo diferente.







Poder apreciar esta realidade que penso não ser possível sem andar por cá. É uma oportunidade única que espero não desperdiçar.

Sempre que paro num sítio fico, normalmente, pelo menos duas noites.

A caminho do Parque Nacional Torres del Paine pensei que não valia a pena fazer todo o percurso num só dia e pernoitar em Puerto Natales. A meio caminho ainda choveu com granizo e tudo, mais uma razão.



Pouco antes de Puerto Natales há um grupo de pequeninos santuários onde as pessoas deixam garrafas de água. É para pedir que ninguém morra de sede, pois segundo reza a lenda uma mulher morreu de sede e o seu filho ainda bebé conseguiu sobreviver uns dias até ser encontrado, alimentando-se unicamente do leite materno.

Encontrei o Chuck, americano que conheci há umas semanas, a recuperar de um resfriado. Disse que apanhou um pouco de frio e tem a garganta atacada. Como também quer ir até Torres del Paine quer ir nas melhores condições.

Também quero ir nas melhores condições e vou ter de ir abastecer-me a supermercado, pois os preços lá no interior do parque parecem que são muito mais altos que por aqui. Se correr bem espero ficar lá três ou quatro dias e fazer umas caminhadas. Não vou entrar em grandes caminhadas pois não tenho tido preparação e não quero ficar a meio caminho.




Vou tentar apresentar fotografias em condições. Eu sei que a maior parte das vezes só tenho paisagens nas fotos, mas até agora não tenho encontrado aquelas pessoas que penso que sejam diferentes. O meu amigo Caldeira e eu falámos várias vezes sobre o tema. Vou procurar fotografar mais pessoas, mas às vezes quando o faço parece-me que elas não gostam.

Amanhã, sexta, vou seguir para Torres del Paine, se o tempo não piorar. Está a chover e bastante frio. Depois se verá.

Quando puder, torno a enviar alguma coisa para o pessoal ver. Às vezes a internet é lenta demais e desisto.

11 comentários:

Anónimo disse...

Queirós,não te preocupes que a qualidade das imagens chega boa.Se ficas á espera que as pessoas fiquem contentes por se fotografadas....esquece,tira e pronto.
Continua a gozar por nós.
Albuquerque

Anónimo disse...

Queirós, tenho-me deliciado com as tuas aventuras e sobretudo com as fotos das motos estranhas q encontras por aí. continua no bom caminho Amigo !
cumps
Valente e Arminda

Anónimo disse...

Olá Queirós.
Com que então,a tua "cabeça",começa a pensar o que andas por aí a fazêr?
Andas por essas bandas a curtir, criar inveja e a enviar fotos espctaculares para o pessoal. Enquanto nós aqui estamos (fd) com o trabalho.
Outros, levam a vida "pensar" como vão pedir ideminizações ao estado, pelo aeroporto ser construido na margem sul e se devem construir a nova ponte de, não sei para onde,caro amigo, o mesmo protagonismo e vergonha de sempre, mas como tu sabes, é a "mrd" de país nós temos.
Queirós vai curtindo a tua aventura que é eu te desejo e que bem mereces.

Manel Pereira


obs:
E gajas ?????

Anónimo disse...

Caro Queirós folgo em saber que continuas bem.
Quando for para tirar uma foto a alguém a melhor solução é pedir. No início debatia-me com o mesmo problema que tu. Por acanhamento tentava tirar as fotos à socapa e reparava que realmente as pessoas não gostavam, depois comecei a pedir autorização e. para minha surpresa a resposta era sempre positiva.
Para mais tu que apareces aí vindo de moto de um país estranho do outro lado do mundo é provavel que até funcione como desbloqueador de conversa.
Quem sabe se não te convidam para ires lá a casa comer mais um asadito e, com um pouco de sorte apresentam-te a filha casadoira...
Se te apontarem para uma velhota desdentada e tu não entenderes o que raio estão a dizer tem cuidado!
Pode ser um gajo qualquer a tentar livrar-se da sogra (viúva) e se dizes que sim ou acenas com a cabeça, ainda vais ter de carregar com a velha o resto do caminho todo.
Acho que com a carga que levas na Transalp isso ainda iria fazer disparar os consumos...

Um abraço
Mustafá

Anónimo disse...

ACREDITA QUE LEVAS MUITOS PENDURAS NA TUA MOTA !

A PROPÓSITODA TUA VIAGEM,
BUEN CAMIÑO.

Anónimo disse...

Viva, Queirós

A propósito do Fernão de Magalhães, diz aí à malta que tu e Moto Clube do Porto já foram às terras que apregoam ser o seu berço: Estorãos (Ponte de Lima) e Sabrosa.
Fotos às pessoas: 100% de acordo com o Caldeira. Fala com as pessoas. Tens todo o tempo do Mundo. Vais ver como é porreiro para ti e para elas. Vão ficar todas contentes por chegar a casa e dizer que estiveram à conversa com um maluco português mas finório que não quis ficar com a sogra.

Bota prá frente na viagem e obrigado.
Ernesto

Anónimo disse...

e estavas a quase 12.000km de Lisboa...e passeias e tiras fotos de criar inveja, e ainda por cima não queres fazer caminhadas??? Para não te cansares, ou para não perderes os apetites para os "asaditos"??
Que teu caminho continue sempre assim bom, que nós todos assim o desejamos!
A. Pedro

Unknown disse...

Grande Queiros, Se fazes o que gostas, então segues em frente sem preocupações. Curte a América pois vale cada quilometro. Vai com Deus.

cancruz disse...

Olá António

É bom ler os textos e ver as fotos que vais disponibilizando. Fico admirado com o tamanho da prosa e é natural que às vezes não tenhas pachorra para escrever, mas não nos retires esse gozo. Vê-se que continuas a deliciar-te com essa odisseia.
Um abraço

Anónimo disse...

Olá!
Então só agora começas a tomar conciência da tua maratona! Pois já há muito me interrogo como é possível estar na terra de ninguém só sem na verdade nunca estar só! És mesmo uma caixinha de surpresas! Tenho muito orgulho de ti! Quando conto aos meus amigos a tua aventura todos ficam encantados, também não e para todos! SÊ FELIZ! BelaCruz

Anónimo disse...

Viva lá, Queirós.
Ainda sobre as fotografias e as pessoas. Não só para elas é agradável, como faz notar o Ernesto, mas é entrando espontaneamente em contacto com os habitantes dos lugares por onde passamos que nos apercebemos dos modos diferentes de ser e de estar. E é esse percepção que nos faz um pouco maiores e melhores. Afinal essa percepção é que faz a viagem. O desconhecido e o diferente. Porque quando chegar ao fim dessa odisseia será concerteza uma pessoa ... com marcas da viagem.
Fico contente de saber que está tudo a correr bem.

Miguel Ângelo