Na saída da cidade de Québec tive de atravessar o rio S. Lourenço de barco. Uma última vista da cidade.
Fui seguindo sempre na estrada 132 ao longo do rio, sempre muito plano. Os campos muito verdes e com milho a começar a secar.
Numa pequena cidade vi umas esculturas de madeira que iam pela praia e mar dentro.
Mais à frente as rochas tinham uma cor atraente.
Pus-me a ver as distâncias e ao chegar a Rivière du Loup achei que estava na hora de encostar.
Há um hostel na cidade e ficou mais barato do que em Québec, tem pequeno-almoço incluído e até tem espaço para aparcar a moto.
Continuei a seguir o rio mas é sempre igual, pelo menos não achei nada diferente de outros. Vou tentar seguir mais directamente para a Nova Scotia.
O frio não tem sido muito mas a meio da tarde tive de vestir o forro interior pois levantou-se um vento bem frio. Já mais ao final da tarde começou a chover e optei por ficar em Ste. Anne des Monts, num albergue da juventude. Uma tenda era o dormitório.
Em vez de contornar toda a península fui pela estrada 299 que segue directamente para sul.
Ao abastecer aconteceu uma coisa que nunca me tinha acontecido. Meti a agulheta no depósito e comecei a encher, mas de repente olho para a bomba e vejo que é gasóleo. Paro logo mas já tinha metido dois litros e pouco.
Pensei que não haveria problema se enchesse o resto do depósito com gasolina normal, afinal o gasóleo também arde. Ficaram 2,2 litros de gasóleo para quase 16 de gasolina.
Arranquei e tentei ir sempre a andar meio rápido para o motor aquecer e não parar. A moto ia andando sem falhas e convenci-me que não iria haver azar.
Atravessei a península de La Gaspesie pelo parque nacional com o mesmo nome só que da estrada apenas via a floresta e algum rio de vez em quando. Algumas árvores já têm as cores do Outono.
Desde que saí de Ste. Anne des Monts o tempo tem estado muito bom, céu limpo e não está frio. Pelo que tenho visto nos lugares onde tenho acesso à televisão as temperaturas variam entre os oito graus de mínima e os 18 a 20 de máxima.
Segui um pouco junto da costa mas não dava para ver grande coisa e afinal continua sempre igual, não há assim nada espectacular.
Todos me diziam para dar uma volta pela ilha Prince Edward que era muito interessante. Para lá chegar é preciso atravessar uma ponte bem comprida, ainda tentei ver quantos quilómetros teria mas esqueci-me de ver na saída, mas serão à volta de dez.
A ponte tem uma taxa de atravessamento mas só para sair da ilha, eu como estava a entrar não paguei. Mas vou pagar a passagem de barco para a Nova Scotia para encurtar caminho.
No centro de visitantes
disseram-me que a maior parte dos parques de campismo já estão fechados, vai ser o que eu temia, vou ter de dormir sempre em motéis e lá se vai a massa…
Atravessei a ilha até à parte norte e pelo caminho vêem-se algumas pequenas colinas com campos verdes rodeados de árvores mais escuras. É bonito mas para já é muito igual a tantos outros sítios que já passei.
Tinha na ideia ficar na costa norte mas não existe quase nada de alojamentos e tive de seguir para a costa leste. Em Souris encontrei um motel, caro como todos.
Os dias já são muito curtos e ficando em parques de campismo iria ser uma seca, pois a partir das sete e pouco já é noite.
O céu estava limpo quando saí pela manhã. Ao longo da estrada em direcção a Wood Islands onde iria para apanhar o ferry para a Nova Scotia viam-se muitos sítios com pessoas a venderem coisas usadas e outras novas. Disseram-me que ao domingo de manhã é costume.
Cheguei quase uma hora antes da partida do barco para ter lugar. A ponte que liga a ilha ao continente está fechada até à uma da tarde, por causa de uma corrida para angariação de fundos contra o cancro. Um canadiano, Terry Fox, anda a correr e a atravessar todo o país com esse fim, só que ele é deficiente físico, falta-lhe a perna direita e corre com uma artificial.
Por isso havia muitos carros para atravessar e alguns ainda ficaram no cais à espera do barco seguinte.
Durante a travessia comecei a ver que o céu estava muito carregado e pensei que ainda ia apanhar alguma chuva, mas felizmente não.
Os primeiros quilómetros eram através de florestas e não dava para ver nada. Só muito para norte próximo de Margaree é que a estrada se aproximou do mar e foi possível ver mais alguma coisa. Neste lugar havia um cemitério num pequeno morro quase como uma ilhota.
Dali até Cheticamp a zona costeira era bastante bonita com a estrada às curvas e a subir e descer entre o mar e as montanhas verdes.
Cheticamp é um pequeno porto já próximo do parque Cape Breton Highlands.
Nessa manhã, quando acordei estava a chover miudinho. Fiquei logo a imaginar o dia todo assim. Felizmente quando estava para sair já não chovia.
A estrada entra no parque nacional Cape Breton Highlands ao longo da costa e vai subindo e descendo de modo que dá para apreciar alguns lugares bem bonitos. Mais no interior e nas montanhas ainda havia nuvens muito baixas o que provocava um nevoeiro que não deixava ver muito.
Ao longo da costa oriental, ao nível do mar, já havia visibilidade outra vez mas a estrada entra muitas vezes para o interior e vai pelo meio de florestas.
Havia um troço da estrada, a partir de Tarbotvale, que estava em obras e tive de parar muitas vezes por causa disso. Alguns pontos tinham terra molhada e ia sempre meio receoso de encontrar alguma lama só que isso não aconteceu e passei sem cair.
Toda esta região é bonita mas muito igual a tantos outros lugares por onde tenho passado.
O furacão Igor passou nesta zona, meio longe, em direcção à Terra Nova mas o seu efeito fez-se sentir com um vento forte e frio.
Ao atravessar New Brunswick o vento soprou o dia todo.
As paisagens continuam semelhantes, é bonito mas se calhar já estou a ficar cansado ou ansioso por acabar a viagem. Talvez as duas coisas.
Ao passar em Saint John vi muitas pessoas a apreciar uma zona de rápidos e parei para ver. Num ponto estreito a maré faz a água do rio retroceder e faz uma pequena queda de água. Quando a maré desce a queda de água é para o outro lado.
Por volta da uma da tarde começou a chuviscar enquanto segui numa estrada junto ao mar.
Pus-me a mexer dali para fora para tentar chegar à fronteira sem muita chuva mas esta parou logo a seguir. Ainda tive tempo para fazer um desvio e ir ver mais uma queda de água, a Lepreau Falls.
Desta vez não custou muito para cruzar a fronteira. Não quiseram revistar nada, ao contrário da outra vez em Junho quando quiseram ver todos os sacos.
Numa ocasião vi um sítio com árvores cheias de folhas vermelhas e que me parecia bom para fazer uma fotografia. Parei e voltei para trás mas já não fui lá. Caí nessa manobra.
Ao virar para trás fui à berma do outro lado e a moto escorregou com a roda traseira no saibro seco e arenoso da berma. Não consegui segurar a moto que tombou para o lado direito. Eu saltei para não ficar debaixo. Dois carros passaram enquanto estava a tirar as malas e os sacos mas nenhum deles parou.
Mais à frente tirei outras fotos. Ao passar nalguns sítios vêem-se muitas árvores com as folhas amarelas e vermelhas mas parece que as fotos não mostram isso.
A tarde já estava a cair e fiquei numa pequena cidade, Ellsworth.
Ellsworth, N 44º 31,524’ W 68ºº 24,010’
5 comentários:
Olá Queirós. Também eu agora ando de Transalp.A minha moto tem uma avaria e o mecânico ainda não a detectou.Só espero não meter gasóleo em vez de gasolina. Já estás nos EUA Amigo,perto da tua meta final.Quando é que pensas chegar cá? Vens directo ao Porto ou via Lisboa como antes?
Grande Abraço
Valente - MCP
Oi Queirós, já deves estar em NY ou perto, mais uma grande viagem que fizeste! Já passaram 3 meses desde que aÍ retornaste e parecem que só passaram umas semanas. Continua a ver e a encontrar coisas fixes e a mostrar-nos. Temos apreciado ,)
Abraço,
fernando
Então Queirós a cair?
Espero que esteja tudo bem!
Realmente as fotos,já têm o "ar" do Outono, embora lindas.
Continuação de boa viagem e mais concentração....na estrada e nas gasolineiras !
T.
Continuação de boa viajem.Belissimas fotos obrigado por partilhares
Trocas combustivel, deixas-te trair pelo saibro,... É do cansaço ou excesso de confiança? mais do que nunca agora é preciso chegar a bom porto sem outro tipo de histórias. Cuidadinho, temos feijoada pra comer!
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