domingo, setembro 05, 2010

Fugi do calor para a chuva e frio

O Dakota do Sul estava a ficar para trás mas ainda tinha de continuar bastantes quilómetros na estrada 34 sempre numa planície de campos de milho e pastagens onde havia bastante gado.
O vento apareceu e durante dois dias não abrandou. Próximo da fronteira com o Minnesota a estrada 34 estava em obras e tive de sair para uma mais secundária de terra batida. Gostei de andar nesse desvio com a gravilha a recordar-me os dias de rípio na América do Sul.
Em Pipestone comecei a ir para nordeste na estrada 23 também uma enorme monotonia mas agora só campos de milho intervalados com algumas lagoas. Vi algumas fábricas de etanol e mais tarde confirmei que o milho era usado para fabricar esse álcool.
Próximo de Granite Falls fui até ao Upper Sioux Agency State Park onde fiquei no parque de campismo Yellow Medicine River.
Nessa noite houve um programa espectacular sobre estrelas. Um sujeito esteve no parque de campismo a falar sobre estrelas e a observação do céu durante a noite. Trouxe com ele três telescópios e foi possível observar várias constelações e estrelas. Também pude ver as crateras da Lua e o planeta Júpiter e algumas das suas luas.
O Minnesota é o estado dos 10.000 lagos. Ao longo da estrada vêem-se inúmeras lagoas.
Numa área de descanso onde parei para estudar no mapa onde deveria parar e arranjar sítio para dormir aconteceu o que ainda não me tinha acontecido.
Um sujeito aproximou-se de mim e perguntou-me que modelo de moto era aquele que eu tinha e conversámos um pouco. A certa altura eu disse-lhe que ia procurar um lugar para acampar e ele respondeu que podia acampar no jardim de casa dele. Entretanto a mulher chegou ao pé de nós e ele disse-lhe que me tinha convidado a ficar em casa deles. Ela disse logo que não havia problema, deram-me a direcção e eu disse que iria lá ter pois andava mais devagar do que eles e tinha de meter gasolina.
Quando lá cheguei estava lá o filho deles, Nathan. O Kevin e a Lorraine foram impecáveis e sem me conhecerem de lado nenhum receberam-me em casa deles.
Em vez de montar a tenda fiquei dentro de casa.
No domingo estive com o Kevin a ajudá-lo a montar uns suportes para malas na sua MotoGuzzi Grisio. Mais tarde apareceu o seu amigo Jim e como a Lorraine ia sair

fomos almoçar ao centro da cidade, Duluth.

No regresso comprei óleo e fiz a mudança. Poupei uns dólares e já fico prevenido até final da viagem.
Na segunda-feira fui visitar a Aerostich, uma fábrica de roupa para motociclistas, onde o Jim trabalha.

Ao final da tarde fui jantar com o Kevin e a Lorraine ao Anchor Bar, um bar a meia dúzia de quilómetros mas já no Wisconsin.


Pensei seguir na terça mas eles disseram que devia ir nessa noite a um bar onde os motociclistas da zona se juntam na última terça-feira de cada mês. Fiquei e fui até lá.
O Kevin não se cansava de dizer quem eu era e todos foram muito simpáticos comigo, dentre eles o Jack, vindo de Mineapolis a mais de cem milhas de distância. Foi muito bom falar com muitos deles.

Em Two Harbours fui até junto do lago para ver as docas onde transferem o minério de ferro para os barcos.


Fui contornando a margem do lago Superior que tem alguns pontos bem interessantes.

O tempo estava bom e quanto mais ia subindo para norte mais fresco se tornava. A certo ponto tive de vestir o forro do blusão.
Resolvi ficar em Grand Portage, um dos grandes entrepostos comerciais no tempo da colonização, antes de atravessar a fronteira.


Ao anoitecer o céu ainda está limpo.

Nessa noite o tempo mudou. De manhã estranhei que o sol não batesse na tenda. O céu estava enevoado e bem carregado. Começou a chuviscar e parou dando tempo de arrumar todas as coisas sem chuva.
Tentei fazer um café mas o fogão não funcionou. Nem de propósito, a chuva a aparecer e o fogão que não funciona.
Ainda consegui fazer uma última paragem antes de sair do país.

Depois de passar a fronteira começou a chover e foram umas longas horas de chuva.
Parei em Nipigon pois já estava farto de chuva. Enquanto almoçava e via que a chuva aumentava pensei em ficar por ali num motel do outro lado da estrada.
Fui até lá e arranjei um quarto.
Como era meio cedo desmontei o fogão e consegui pô-lo a funcionar, não está cem por cento mas já deu para cozinhar.
Às vezes tenho cozinhado nalguns motéis. Sei que não será muito legal mas os preços das refeições são altos e tenho de tentar poupar um pouco. Cozinho no quarto de banho e tento sempre evitar fazer fumo.
No dia seguinte a chuva continuou o dia todo e nem dava para parar. Só a meio da tarde próximo de White River começou a aliviar mas lá vinha uma chuvada.
Numa das ocasiões que a chuva abrandou fui ver o rio Aguasabon que tem uma queda de água que não se pode ver bem e uma garganta logo a seguir desaguando depois no lago.


Logo depois voltou a chuva e resolvi ficar em Wawa que estava a poucos quilómetros.
Quando me levantei o tempo parecia que ia afinar. Arrumei tudo e fui ver se levantava dinheiro, agora só tenho cartões do “mastercard” e é mais difícil encontrar caixas com esta rede. No RBC – Royal Bank of Canada – já vi que não tem e fui a outro onde pude levantar. Há dois dias tive de levantar numa bomba de gasolina e cobraram-me 1,75 dólares por isso.
Tenho de ir levantando nas caixas que não me cobrem essa taxa.
Logo à saída de Wawa vi uma indicação de uma queda de água, a Magpie Falls, de que tinha visto umas fotos no centro de visitantes. Resolvi meter para lá mas logo à frente a estrada era de terra. Hesitei e pensei que deveria estar meio enlameada por causa da chuva.
Fui seguindo devagar e quase não havia lama. A queda de água era bonita.

A estrada segue quase sempre junto do lago e nalguns pontos mesmo junto da água com lugares para estacionar há umas máquinas para cobrar uma taxa de utilização. Quem quiser utilizar as praias ou as mesas de piquenique tem de pagar essa taxa. Eu entrava e tirava umas fotos e arrancava logo, sem pagar. Se for a pagar em todos os lugares fico sem dinheiro num instante ou então deixo de parar.
Hoje pude parar algumas vezes pois a chuva deu meias tréguas, não era contínua. Numa das vezes que parei um sujeito comentou comigo que nunca tinha visto o lago com ondas tão grandes.

Eu ainda brinquei e disse que era influência do furacão Earl que anda lá pela costa leste, próximo a Nova Scotia. Ele disse que não, estamos muito longe. Mas, realmente, estava muito vento e as ondas eram altas.
A meio da tarde e já próximo de Bruce Mines vi uma indicação de uma queda de água e fui lá ver o rio Coper, era mais um rio com uma queda de água.

Parei em Bruce Mines pois a chuva estava a ameaçar outra vez.

Agora só espero que o tempo vá melhorando. Três dias de chuva e frio, tenho visto nalguns termómetros 10 e 12 graus, já serão suficientes para acalmar o calor que trazia lá das bandas do sul. Mas, a chuva é que poderia parar.
Ou será que terei de voltar outra vez mais para sul, quem sabe...

Bruce Mines, N 46º 17,999’ W 83º 47,531’

5 comentários:

Anónimo disse...

Amigo Queirós

Como estamos meu chungoso? ao fim de 3 milhões de kms começamos a estranhar o mau tempo? Tá incluído no pack "all inclusive".

Continua a curtir a tua segunda grande aventura de moto e já agora qual vai ser a 3ª. Antartida de inverno em calções?

Mais um grande abraço dos teus amigos Arminda e Valente- MCP

Anónimo disse...

Olá Queirós,
Então não chegavam as paisagens, tb. já está na observação das estrelas?
Ai! Ai! onde esta viajem vai parar..
Pessoas hospitaleiras essas, claro que ainda há pessoas Lindas!
Deu para descansar e comer bem não?
Valeu a pena ir à queda de água pois é um espanto (imagino que lá ainda deve ser mais!)
Que é isso de fugir às taxas? ainda vão perceber que é português!
Bem, espero que o tempo fique de acordo (fresco? quente?) com o seu gosto, e boas aventuras!
T.

Anónimo disse...

cont.
Ups:Boa Viagem!
T.

Carlos Almeida disse...

Agora com as peles que te ofereceram (conta lá a verdade...) não dá para te agasalhar do frio?
No sul é que está o bem bom!
Abraço
Carlos A

fernando_vilarinho disse...

Oi Queirós!
já estás a ficar um big especialista na geografia e natureza norte-americana. Ainda vais ser contratado pelo National Geographic ,)
Continuação de Boa Viagem
Abraço
f.