segunda-feira, agosto 09, 2010

No Sul dos Estados Unidos

Ao sair de Grants fui pela “Historic Route 66”. Agora tem outros números mas algumas indicações dizem que era aquela antiga estrada. A nova auto-estrada desviou toda a gente e agora por todo o lado se vêem as ruínas ou os restos do que outrora terão sido pontos vitais nessa estrada. Das bombas de gasolina ou dos motéis apenas restam destroços e paredes a cair.

A Route 66 ainda é um mito para muitas pessoas, a mim não me diz nada. Foi uma estrada do desespero, quando nos anos trinta do século passado muita gente a utilizou para ir até à Califórnia, uma espécie de terra prometida.

Nesta zona, os comboios têem dezenas de vagões e quando por azar se encontra uma passagem de nível fechada é preciso esperar longos minutos.

Ao passar em Socorro

fui ver a cidade fantasma de Kelly. Tinha visto nuns painéis informativos e uma empregada do motel também me falou nisso.
Era um desvio grande mas fui até lá. Os últimos quilómetros eram terra batida mas não houve problema, só mesmo a uns duzentos metros é que havia uns regos fundos e preferi ficar por ali. Afinal a cidade já não existe, apenas umas armações na entrada do poço de uma mina e uns bocados de parede de uma casa.

Estava lá um casal bastante simpático, o David e a Emma, com quem conversei um bocado. Ele já com setenta anos e ela muito próximo disso tinham sido garimpeiros e ainda querem continuar mas não está fácil. A Emma vai estudar mais um pouco para melhorar os seus conhecimentos.
Ao chegar a Alamogordo fui ao posto de turismo e lá indicaram-me um parque de campismo que ficava fora da cidade uns 20 quilómetros. Fui lá mas não me agradou, estava muito isolado de tudo e apenas duas auto-caravanas, não gostei.
Voltei à cidade e fiquei no segundo motel onde perguntei o preço, o Classic Inn.
Tinha pensado ir ao White Sands National Monument e depois visitar o museu do espaço e ir ao Imax, mas saí a meio da manhã e fui ver onde era o museu. Ainda fica a cinco quilómetros do sítio onde estou e resolvi ficar logo por ali. O White Sands ficaria para de tarde.
Fui ver um filme sobre o telescópio Hubble no Imax. Foi muito interessante e espectacular, desde a preparação do telescópio até algumas imagens por ele recolhidas. Gostei.
No museu pude ver algumas réplicas de satélites, como o Sputnik lançado em 1957, ou de foguetes e outras naves.


O lugar onde explodiu a primeira bomba atómica, a que chamaram Trinity, fica nesta zona mas só é aberto ao público duas vezes por ano, nos primeiros sábados de Abril e Outubro.

A visita ao White Sands ficaria mais para o fim da tarde para evitar o calor e para ver se conseguia algumas boas fotografias. Fui à tardinha mas tive azar. O céu estava coberto de nuvens e não havia luz solar. Afinal a areia é branca mas não tão branca como pensei.


Ao sair de Alamogordo passei numa base militar, a White Sands Missile Range, que tem um série de foguetes, mísseis e outro material de guerra em exposição. Na entrada tive de mostrar a identificação, como é normal, mas só se podia ir a pé.
Andei por ali a ver aquele material e fiquei impressionado com o tamanho da bomba V-2, míssil que os alemães usaram durante a segunda guerra mundial. Havia lá um desses mísseis em exposição mas dentro de uma casa.

O resto da exposição era ao ar livre. Num pequeno museu também havia bastantes coisas para ver.

Ao passar em Las Cruces segui para Messilla que me haviam dito ser uma pequena cidade que tinha um centro histórico muito interessante. Parei lá e realmente tem uma praça com algumas casas antigas. Numa delas diz que por ali paravam Billy The Kid, Kit Carson e outros que tais.


Aproveitei para almoçar e vi mesmo ao lado do restaurante um híbrido de moto e carro, com um motor de um Mustang.

Segui por El Paso, uma loucura de movimento. Alguns quilómetros à frente havia um posto de controlo da polícia para verificar as identificações de todos, o México é ali ao lado.
Passei numa terra com um nome engraçado, Cornudas.

Acampei no Guadalupe Mountais Park. Manhã cedo, quando estava a preparar o café noto um ligeiro movimento e vejo uma cobra a espreitar pelo meio da erva. Viro-me e ela foge. Ufa!
Passados uns instantes quando penso que estou livre de perigo a cobra sai de outro lugar e atravessa o meu espaço entre a tenda e a mesa de piquenique onde estou a preparar o pequeno-almoço e enfia-se outra vez pelo meio da erva.
Fechei logo a tenda não fosse ela querer ir lá para dentro.


Continuei para o Carlsbad Caverns N.Pk. Fui ver mas não há parque de campismo lá dentro.
Regressei a White’s City e arranjei lugar num. Montei a tenda, almocei e voltei ao parque para ver as grutas.
A entrada nas grutas era por um acesso natural e o trilho descia que se fartava.

Ao princípio não havia grande coisa de interesse mas depois mais lá em baixo, chegando à Sala Grande, já havia bastante para ver. Estalactites e estalagmites, laguinhos e colunas, muito bonito. O que foi bom é que lá dentro era fresco.

Para sair toda a gente subia de elevador, uma altura de 220 metros até à superfície. Ao chegar cá fora foi o contraste do calor, outra vez.
No final da tarde estava a escrever e a prepara a comida e o raio das moscas não me largavam. Tenho repelente para mosquitos mas para moscas não há. As moscas só queriam meter-se nas orelhas. Meti uns pedaços de papel higiénico e já não atacaram tanto as orelhas. Melgas…
Agora a caminho de Buda o percurso era por Pecos.

O calor não abrandava e pensei ir seguindo até Sheffield para visitar um vellho forte nas redondezas. O pior foi quando lá cheguei, além de ser uma aldeia sem um motel mais parecia uma cidade fantasma, muitas casas velhas e em ruínas e lojas fechadas.
Tive de continuar e passei no Fort Lancaster mas já estava fechado. Mais à frente numa colina parei e por aquilo que vi acho que não perdi nada em passar e andar.
Fui obrigado a seguir até Ozona, próxima cidade com alojamento.
As estradas longas e monótonas pelas planícies apenas serviram para poder deslocar-me. Não havia nada que me despertasse a atenção a não ser a passagem por Llano onde alguns edifícios mais antigos recordavam tempos passados.

Cheguei a Buda ao final da tarde. Ao passar numa loja comprei meia dúzia de cervejas.
Foi bom rever o Lou, depois destes meses todos.

6 comentários:

Anónimo disse...

Hi, Tony The Kid,
Novamente a rolar e a aprender a História da América,em grande como os comboios e os mísseis!
A Areia é mesmo branca! ao contrário do aspecto do "ganda maluco" que "estragou" a mota e o carro ( é mesmo americano). Com que então terra com nome engraçado.. Lol - vê-se mesmo que é um homem a falar!
Então os animais estão a atacar? ou os cozinhados são bons... ou ...mesmo maus! Depois da festarola com tanta cerveja , nada mais há que contar não é? Continuação de Boa Viagem e é melhor cozinhar de capacete e botas calçadas!
T.

Anónimo disse...

Hello Cowboy

Tás sempre a rolar e menos a contar. Isso de ser viajante profissional é desgastante, não é verdade? Tou a brincar Amigo, tás sempre "online" para os amigos e os teus fãns.

vamos a mais uma etapa - sul dos EUA

Grande abraço

Valente - MCP

Carlos Almeida disse...

Este home tem pilhas Duracell...
Continua a surpreender-nos com as excentricidades dos americanos.
Aquele abraço
Carlos A

cancruz disse...

Olá viajante

Só mesmo tu para não te deslumbrares com os sítios históricos por onde tens andado! Ver essas ruínas de cidades que só conhecemos de livros de cowboys ou dos road movies, estar em Las Vegas, no Grand canyon ("sempre igual...") não é nada de fora de comum pois não?...
É, mais vale ir trabalhar que é muito mais emocionante.
Bebe mais uma cerveja por mim.
Um abraço, boa viagem
Cândido

Anónimo disse...

Fantástico! Quem me dera estar aí! Aqui o calor também aperta e a paisagem é sempre mesma! Espectaculares as fotos!!!!
Continuação de uma boa aventura! Beijinhos
Belacruz

fernando_vilarinho disse...

Oi Queir´so

Lugares muito bonitos por aonde andaste este dias ,)
Não aproveitaste para lugar uma nave espacial e fazeres + faster o percurso? :))
Boa Viagem.
Abraço,
f.