terça-feira, agosto 11, 2009

Uma nova paragem em Revelstoke

A ligação desde Tok até Whitehorse foi por uma estrada diferente da ida. Por aqui não há muitas estradas.
Todo o trajecto é muito igual e há sempre algum lago ou rio no meio de florestas. Os muitos incêndios que há pela região cobrem tudo com uma nuvem de fumo que não deixa ver longe.
Um pouco antes de Haynes Junction, o lago Kluane tinha uma cor azul espectacular.
Num dos lados havia um rio que entrava no lago e a cor barrenta da água ia-se diluindo na água azul.
Cheguei a Whitehorse ao final da tarde e fiquei no mesmo parque campismo onde tinha ficado na ida para norte.
Tive de ir a uma oficina de motos para cortar a corrente de transmissão pois já estava num ponto que não dava para esticar mais. Em Revelstoke já está um conjunto novo à minha espera desde que por lá tinha passado há um mês. Ainda pensei trocar nessa ocasião mas achei que a transmissão aguentava toda essa longa volta e resolvi trocar apenas no regresso. Foi uma opção acertada apesar de nos últimos dias andar sempre com medo que a corrente rebentasse pois andava a fazer um barulho danado principalmente quando tinha de começar a andar outra vez depois de alguma paragem.
Segui para Watson Lake onde esperava encontrar o Dug, de Victoria, que estava por lá a combater os incêndios. Ele é piloto de helicópteros e foi transferido para esta zona.
Ao início da noite, por volta das dez horas, o Axel e um outro motociclista inglês, o Stewart, apareceram no parque de campismo e ficaram ao pé de mim. O Axel sabia onde estava o Dug e por volta das onze fomos ter com ele para conversar um pouco.
Mesmo na despedida disse que se quiséssemos podíamos ir com ele até ao aeroporto, no dia seguinte, para ver se havia alguma hipótese de dar uma volta de helicóptero.Foi preciso pôr a pé cedo para ir com o Dug ao aeroporto por volta das nove. Ele foi ver como estavam as coisas e fomos dar uma volta de helicóptero.

Foi fixe mas apenas uma pequena volta por cima do aeroporto.
O Axel e o Stewart iam seguir para o Alasca mas eu já estava de regresso e ia seguir por outra estrada diferente da utilizada na ida para norte.
Nos primeiros quilómetros da estrada 37 havia vários pontos com gravilha devido a obras mas depois passou a ser de asfalto e apenas lá mais para a frente em Deason Creek havia uns quilómetros de gravilha, mas fáceis de passar.


Quase todo este trajecto passa em zonas bem bonitas.
Ao final da tarde cheguei ao desvio para Stewart. O Dug tinha-me dito que vivera aí e era só uma pequena cidade mas os sessenta quilómetros até lá eram formidáveis. A estrada segue por um vale com montanhas de um lado e outro com bastante neve e muitas quedas de água mas o mais admirável eram os vários glaciares que se viam. Havia um enorme e que descia até um lago, mesmo junto da estrada.

No dia seguinte tive de voltar pela mesma estrada até à principal. Parei mais algumas vezes para tirar umas fotos. O glaciar junto do lago era mesmo espectacular.
A estrada 37 e depois toda a 16 até Prince George passam por muitos lugares bem bonitos mas muito iguais a tantos outros por onde já passei. Numa das paragens que fiz uma senhora disse que em Stewart deveria ter subido a montanha por trás da cidade pois lá em cima ainda se vêem mais glaciares e todo estuário do rio até ao mar.
Ao passar no desvio para Barkerville resolvi ir lá pois o Axel e o Stewart tinham-me dito que valia a pena a visita.
A cidade parece uma daquelas cidades do velho “far-west”, com as casas de madeira mas que estavam ainda em bom estado. A cidade foi abandonada nos anos trinta do século XX quando acabou a corrida ao ouro.

Resolvi ficar em Cache Creek que fica uns oitenta quilómetros antes de Kamloops pois iria chegar já muito ao final da tarde. Neste vale o fumo era demasiado e mal se conseguia ver as montanhas.
Agora, mais a Sul e para Este, os dias já começam a ser mais pequenos. Tive de voltar a pensar nesta situação pois até agora tinha luz do dia até às onze ou mais.
Segui para Kamloops para ver se arranjava onde trocar o pneu de trás. Passei na Honda mas não tinham pneus que me agradassem, eram todos demasiado fora de estrada e apenas de medidas maiores que a da minha roda. Ainda me disseram que seria difícil encontrar na cidade.
Abalei rumo a Revelstoke pensando que ao chegar a Vancouver ou Victoria daria para ver o problema, mas de repente lembrei-me da Kawasaki. Eles têm a KLR 650 com rodas iguais. Perguntei onde ficava e fui até lá.
Havia pneus para a minha moto. Troquei os dois porque o da frente também já estava a ficar gasto e se calhar podia não encontrar mais para a frente.
O Peter e a Carol estavam em casa quando lá cheguei, são uns amigos fantásticos.
Aproveitei para mudar o óleo e filtro. O Peter ajudou-me e bem na mudança do conjunto da transmissão.
Ao início da tarde de sexta fomos até Nakusp onde iria haver um encontro de viajantes do Horizons Unlimited.
Houve várias apresentações bem interessantes. O Peter e a Carol também fizeram uma sobre a sua volta pela América do Sul. Conhecendo aqueles lugares soube-me a pouco aquele curto espaço de 45 minutos, se calhar seriam necessário isso para cada país.

No domingo voltámos a Revelstoke. Um amigo deles, o Rob, fez um jantar e convidou-nos para ir a casa dele. Foi bem agradável.
Agora penso seguir para Victoria para fazer uma visita à Cheryl e ao Dug se ele já estiver por casa.
A minha paragem em Watson Lake, no regresso do Alasca, provocou uma alteração no meu plano de viagem. Eu estava a pensar atravessar os Estados Unidos e deixar a moto em New Jersey. No ano seguinte voltaria.
Nestas últimas semanas andava a duvidar se poderia fazer isso. O meu pé-de-meia construído ao longo de muitos anos já está a ficar esgotado e estava a pensar que já não iria deixar a moto e voltar mas sim regressar de vez a casa. Tinha de seguir mais a direito sem dar tantas voltas mas seria uma coisa a resolver mais para o fim de Agosto.
Quando me encontrei com o Dug ele disse-me que se quisesse podia deixar a moto em casa dele e voltar para o ano e continuar. Eu achei que não era má ideia e assim poderia poupar o dinheiro desta travessia e para o ano seria melhor.
Ele ainda me disse mais uma coisa que me fez ficar quase toda a noite a pensar.
Quando chegar a Victoria e souber mais pormenores vou resolver o que fazer.

Revelstoke, N 50º 59,930’ W 118º 11,290’

6 comentários:

Anónimo disse...

Olá queirós

Não me digas que estás a pensar ficar por aí? Tens que passar cá e contar "in loco" a tua grande aventura, depois podes voltar.
Manda cumprimentos nossos aos grandes amigos que conheceste ao longo da viagem.
Grande abraço

Valente - MCP

Anónimo disse...

boas

Podes voltar mas primeiro tens de vir ca contar essa aventura

um abraço
Rui Baltazar

Bill Atchison disse...

Antonio,

It was a pleasure to meet you in Nakusp. I have begun reading your blog and I am enjoying it very much.

It will be very helpful for planning my trip to South America this winter.

Obrigado,

Bill Atchison
Backroad Explorer

CarlaSofia disse...

Fantásticas fotos!

Anónimo disse...

Olá Tone!
O tempo passa e as distâncias tornam-se mais curtas, pois já cheira a regresso!Estamos todos ansiosos por esse dia! Diz-nos com antecedência para podermos fazer-te a "dita" recepção, ao nível da grandiosidade da tua viagem! Pensa bem o que vais fazer mas se de facto pensas regressar será boa ideia deixares a moto! Estamos em contagem decrescente! As saudades são muitas! Beijinhos dos 4 cá de casa!
Belacruz

Anónimo disse...

Caro António, estou neste momento em Góis deliciado em frente ao PC a ler as tuas aventuras.
Quem me dera poder fazer-te companhia. Fico feliz por saber que continuas bem e que a viagem te tem corrido de feição.
Quando decidires regressar por favor avisa com alguma antecedência para que possamos preparar-nos para te recebermos como mereces.
Um grande abraço amigo.

Mustafá