sábado, junho 13, 2009

Depois dos canyons os parques nacionais

Esta actualização do blogue demorou mais uns dias porque ultimamente tenho acampado mais e não consigo aceder à internet. Apenas quando fico nalgum motel que tenha internet poderei actualizar, mas daqui para a frente será mais espaçado pois os motéis são muito caros. Pode ser que alguma vez tenha de ficar nalgum motel e se tiver oportunidade talvez actualizar.
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Quando cheguei ao Bryce Canyon fui logo ao campismo para arranjar lugar. Tenho visto que ao início da tarde ou meia tarde os lugares esgotam.
Fui caminhar pelos trilhos ao longo do canyon e deu para ver que este tinha umas formações rochosas muito especiais. Aquelas colunas de cor avermelhada eram diferentes de qualquer coisa que me lembro de ter visto.
Caminhei ao longo do crista e depois no Queens Garden Trail que baixava para o fundo do canyon. Então a perspectiva era diferente. Um trilho ia contornando e seguindo pelo meio daquela floresta de colunas de pedra.Mais à frente engatei no Peekaboo Loop Trail que já começava a subir outra vez para a borda do canyon. Ao chegar ao Bryce Point ainda pensei descer no vaivém mas achei que ainda daria para voltar a pé ao ponto de partida. Continuei pela borda do precipício admirando aquelas figuras que os índios chamavam “Hoodoo”. Disseram que eles diziam que eram deuses mas depois vi no documentário no centro de visitantes que eles achavam que eram pessoas que se transformaram nessas colunas.

A meio da tarde veio mais uma trovoada que despejou alguma água. Tem havido quase todos os dias destas trovoadas e chuvadas.
A visita seguinte passaria pelo Capitol Reef, um parque com desfiladeiros e vales de contornos interessantes.
O parque de campismo era jeitoso, como têm sido todos dentro dos parques nacionais mas não têm chuveiros, nem deixam lavar roupa nem louça nos quartos de banho. É pena, mas vou lavando e ninguém diz nada. Tomar banho é que é pior, em especial depois de uma caminhada, mas o cheiro a suor não é muito.

Segui o rio, Fremont, a par da estrada durante um pedaço. Foi um trecho muito agradável.
Mais à frente começou uma região desértica mas também com formações rochosas lá pelo meio do planalto.

Ao chegar ao Arches National Park vi logo à porta que o parque de campismo estava esgotado.
Fui ver ao longo do rio Colorado como eram as zonas de campismo por aí mas eram demasiado simples e sem água. Procurei em dois parques organizados mas eram muito caros, 22 dólares.
Ao meter gasolina tinha perguntado a um outro motociclista onde poderia trocar o óleo da moto e ele indicou-me uma loja à saída da cidade. Ao procurar vi um sinal de um hostel com camas a 9 dólares. Fui ver.
É como um hostal da América do Sul. Fiquei num dormitório de quatro camas e posso utilizar a cozinha. Além disso tem chuveiros e uma sala com televisão, não é que vá ver muito.
O hostel, Lazy Lizard, émuito agradável. Fica na saída da cidade para quem vem de norte, o GPS indicava N 38º 33,353’ e W 109º 32,113’. Oxalá houvesse mais hostels como este.
Fui visitar o Arches National Park.
Os arcos não estão tão visíveis da estrada como pensei. Para se verem em melhores condições é preciso caminhar um pedaço.
Para ver o “Delicate Arch” e ainda os Landscape Arch, Navajo Arch, Partition Arch e Doble O Arch é preciso seguir uns trilhos que demoram horas a percorrer, na ida e na vinda.



Têm algum interesse mas esperava outra coisa. Não sei bem o quê.
No regresso ainda fui ver os “Windows Arch” e o “Torret Arch”.
Subi uma estrada junto ao rio Colorado. O vale tem umas paredes impressionantes. Numa certa ocasião parecia que o rio ia a subir. A parede do lado do rio tinha umas linhas que estavam inclinadas e subindo para o ponto de onde o rio vinha que dava a impressão que o rio estava a subir.
Andei um pouco e depois voltei atrás. Havia umas formações rochosas que pareciam as do Monument Valley.
Pensei passar por Salt Lake City, não sei porquê mas este nome lembra-me alguma coisa.
Tentei encontrar um retrovisor novo pois o espelho direito partiu há dias mas não encontrei.
Andei pela cidade com o computador debaixo do braço a ver se encontrava algum lugar onde pudesse utilizar a internet mas não achei nenhum. É certo que não procurei muito.
Vi uma igreja que parecia a sede do Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, não sei se foi aqui que esta religião começou. Por isso o nome da cidade me dizia alguma coisa.
Ainda passei na antiga estação de comboios.
Pensava ir para o Flaming Gorge Nat. Rec.Area mas apontei para norte e segui por uma estrada que atravessava a Wasatc-Cache Nat. Forest. No início não esteve mal mas depois começou a subir e a ficar muito frio. A partir de uma certa altitude havia neve nas bermas da estrada.
Em Woodruff virei para norte para o Bear Lake. O frio foi-se mantendo mas agora também fazia muito vento. Estava um tempo incómodo para viajar.
Junto ao lago, Garden City, um motel custava 75 dólares (mais taxas) e um parque campismo custava 30 dólares (mais taxas). Tudo muito caro. Fui continuando.
Fiquei em Montpellier num pequeno motel, pois estava a começar a chover e fazia muito frio.No dia seguinte de manhã não chovia quando saí. A estrada seguiu sempre por uma zona muito bonita mas a chuva voltou e em força durante algum tempo. Quando a chuva parou, ou quase, estava a chegar a Alpine onde parei para almoçar.

A partir daqui a estrada subia o vale do Snake River.
Já mais perto do Grand Teton Nat. Park o sol até apareceu e animou-me mais um bocado.
Abasteci a moto e comprei alguma comida, já estava a precisar para acampar.
Dentro do parque nacional encontrei lugar logo no primeiro ponto de campismo. Havia avisos sobre os ursos que até metiam medo, mas se calhar com razão. Em cada espaço havia uma caixa de ferro para se guardar os alimentos.
Fui caminhar um pouco à volta do Jenny Lake.

Choveu quase toda a noite.
Tive de desmontar a tenda e preparar tudo debaixo de uma chuva que parava e voltava. Penso que foi a primeira vez nestes meses todos que tive de guardar a tenda molhada.
Fiquei noutro parque campismo mais a norte ainda dentro do Grand Teton N. Park.
Fui andar mais um pouco à volta dos lagos e quando já estava de regresso começou a chover. Logo agora que o dia estava a correr tão bem a chuva tinha de aparecer.

Entrei no Yellowstone National Park pela entrada sul e logo de início havia muita neve ao longo da estrada. O frio também estava presente, o que valia é que não havia chuva.
Numa das paragens conheci um motociclista da Florida que me disse que tentara ir ao Alasca, umas semanas antes, mas teve de voltar para trás pois chovia demasiado. Espero que quando eu andar para aquelas bandas não chova como ele disse.
O parque de campismo é meio caro, 21 dólares, mas lá terá que ser. O lugar onde fiquei está meio rodeado de neve. Tem estado um frio jeitoso. Por aqui a altitude anda pelos 2.400 metros, por isso é meio frio.
A catarata mais famosa fica perto do campismo e foi a primeira visita. Andei um pouco a pé pelos trilhos. O canyon onde fica a catarata é bem bonito.
O rio Yellowstone vem de mais acima e no Hayden Valley cria uma paisagem fantástica. Muitos animais andam por aí, em especial os bisontes.
Por todo o lado há géiseres e fumarolas.

Cheguei à zona do Old Faithfull passava um pouco das quatro da tarde. A última erupção tinha sido há alguns minutos. Bem me parecia quando me aproximava que via uma grande quantidade de vapor de água. Fui ao centro de visitantes saber qual era a previsão da próxima erupção. Seria por volta das cinco e vinte, com dez minutos de tolerância.
Havia tempo de dar uma volta por ali e ver os outros geiseres. São mais que muitos e todos têm um nome. As pequenas nascentes de água também têm nome e algumas delas têm cores muito bonitas, é pena as fotos não mostrarem ou sou eu que não sei tirar as fotos.

A chuva que não parava de cair aumentou de intensidade mesmo na hora do velho entrar em erupção. Pensei que fosse mais espectacular. Lançou uns jactos de água e vapor durante um ou dois minutos, não estive a controlar, e depois voltou à posição de sempre a lançar algum vapor.

O regresso ao parque de campismo foi sob uma chuva forte durante uns quilómetros mas depois parou e ainda deu para secar.
Fui ver as nascentes Mamot Hot Springs. Realmente foi uma coisa que mereceu a visita.
As formações e cores que havia por lá eram fora do normal, para mim. Pareciam pequenas escadas de pedra mas irregulares. Algumas fontes criaram regatos coloridos.



Uma parte estava seca devido um terramoto, de há uns anos. Terá desviado o curso das águas. Talvez um outro volte a alterar tudo.
Esta região está assente sobre uma zona vulcânica e dizem que tem mais de mil tremores de terra por ano, mas apenas os aparelhos os detectam.
Hoje o dia já esteve muito bom, quase sempre sol e só mesmo no regresso a chuva fez uma ameaça.
Há muitas coisas para ver mas não vou passar aqui muitos dias. Dois e meio já chegam por agora. Já vi muitas cataratas, planícies, montanhas e animais.
A manhã surgiu com o sol meio esquisito a tentar aparecer mas sem muita força.
Arranquei em direcção à saída nordeste do parque pois nas palestras da noite dois dos Rangers disseram que era uma estrada muito bonita.
Foi bonita, sim senhor. A estrada atravessava um vale com bastantes bisontes e num certo ponto deu para ver dois alces, penso eu.

Mais à frente a estrada cruzava as montanhas pelo Bear Tooth Pass, nos mais de 3.300 metros de altitude, e nessa zona havia muita neve. Tive de pôr os óculos de sol pois o brilho era demasiado intenso, quando o sol conseguia furar as nuvens. Ainda pensei que iria cair neve pois viam-se nuvens muito negras e estava bastante frio, mas deu para passar sem a neve cair.


Ao voltar a descer para um planalto nos 1.400 metros o frio foi diminuindo.
Numa pequena aldeia depois de Columbus ainda se viam velhos edifícios.
Ao passar em Big Timber fui ver e no Lazy J Motel havia internet e o preço era de 60 dólares, meio caro mas já andava a precisar de tomar um banho e lavar alguma roupa, não que cheire mal mas convém lavar, apenas as meias deitam algum cheiro. Além disso também necessitava de ir à internet.
Agora parece que o tempo está a mudar e a chuva até parou. Espero que continue assim por muitos mais dias.

Big Timber, N 45º 50,257’ W 109º 56,895'

7 comentários:

Unknown disse...

Queirós
É bom constatar que já demonstras mais interesse pelas coisas que vês.Tenho seguido todo o teu percurso e como já disse antes,só tenho pena de não andar por aí.Quanto aos banhos,usa o truque da esponja.
Continua, e já sabes,sem crónicas falta qualquer coisa.
Quando chegares vai ser uma chatice,com o hábito de procurar relatos e já não os encontrar,vai ser uma seca.eheheheh
Abraço

Graciano

fernando_vilarinho disse...

Queirós foi um dos trajectos mais bonitos que fizeste nesta grande Aventura. Gostei muito das fotos e das descrições. Quando chegares cá já podes dar uns cursos sobre cultura e património americano. Seria interessante.
Realmente o Yellowstone é um dos lugares mais extraordinários do mundo e não sabia que havia tantos arcos diferentes no Arches N. P.
Cada vez estás mais perto do principal objectivo, e só falta um país. O teu empenho e audácia são de louvar a todos os níveis.
Continuação de Boa Viagem ;)

Anónimo disse...

Caro António vejo que estás mais bem disposto. Ainda bem!
Finalmente assumiste que andaste no engate...e logo no Peekaboo Loop Trail (seja lá onde for isso). Espero que tenha valido a pena (pelo menos está com melhor disposição;-).
Essa chatice de não poderes tomar banho é realmente aborrecida mas aconselho-te a lavar o resto da roupa. Não fiques só pelas peúgas. É que corres o risco de te teres habituado ao teu cheiro (não é para admirar) e ainda afugentas a caça (bem se servir para afugentar os ursos e os pumas, aguenta mais uns dias)e pões as índias em pé de guerra.
Um grande abraço e até breve.
Mustafá

cancruz disse...

Olá Tone

Os teus relatos continuam super interessantes. Dizes que as fotos não traduzem o que vês mas acredita que mostram bem a beleza dessas paisagens naturais.
Que mais um ano não te pese e continues sempre de boa saúde.
Parabéns
Cândido

Anónimo disse...

Oi, great Queirós!

Então viste um arco gigante, fino como um papel, suspenso sabe-se lá por que milagre e "não achaste nada de especial"?
A malta aqui no Lés-a-Lés deliciou-se com coisas como o cachão da Valeira e é uma sorte!
E viste geisers ao vivo e também ficaste desiludido?
Nós vamos aos Açores, vemos a água quente a borbulhar do chão e já achamos giro...
Mas olha que este relato está formidável.
As fotos mostram paisagens de outro mundo.
O J. Cacho, Eusébio, Fernando e Susana e Alfredo e Ana arrancam no dia 24, de S. João, para aí, rumando logo para a Nova Scotia.

Continua a mandar-nos notícias. Na cortiça do MC Porto já temos 8 postais teus em filinha!

Grande abraço
Nestes

Carlos Almeida disse...

Hello KeyRoss,
A ideia que tinha que a América do Sul é que valia a pena, começo a mudar de opinião sobre os States onde acho que o cenário não só paisagistico mas envolvente vai diversificando dia a dia.
Continua a mostrar-nos que a América não é só Mac Donalds e Coca cola.
Abraço
Carlos A

Anónimo disse...

Hy Cowboy, Whow are you ?

Grandes fotos meu amigo, a tua fantásticas viagem está a correr sobre rodas (2).

Continua a nos deixar de boca aberta e roídos de inveja.

Abraço

Valente - MCP