sexta-feira, setembro 12, 2008

Pelo Mato Grosso, Brasil

Após alguns dias de muito calor, de repente, veio uma vaga de frio. Ainda em Ponta Porã ou melhor Pedro Juan Caballero, o tempo mudou e de uns 35 a 40 graus desceu para uns 15 graus.
Ao chegar a Ponta Porã tentei arranjar algum pequeno hotel para ficar. Pedi a um motociclista se me podia indicar algum, ele disse para o seguir e fui com ele. Quando perguntei o preço o recepcionista disse que eram não sei quantos mil guaranis.
Mas como é, disse eu. Já estava na parte paraguaia da cidade. Sempre era mais barato que na parte brasileira.
No Paraguai os preços são mais baratos que no Brasil e muitas pessoas fazem as suas compras do outro lado da fronteira, que nem existe. Eu ainda perguntei nas “Migraciones” se precisava de dar entrada no Paraguai mas disseram-me que se não saísse da cidade não haveria problema. Se quisesse ir para o interior teria de tratar das papeladas.
Aproveitei para trocar o pneu da frente da moto e comprar uma máquina fotográfica nova. Espero que aguente até ao final da viagem.
Continuei depois em direcção a Campo Grande, onde esperava encontrar um brasileiro que me tinha enviado uma mensagem mas por azar ele tinha saído e só regressaria passados uns dias. Fica para uma outra oportunidade.
Deu para assistir às comemorações do dia da independência do Brasil.


Nesta ocasião comecei a pensar que andar pelo Brasil e até atravessá-lo para ir ao Nordeste seria capaz de estragar o meu orçamento e limitar o meu objectivo principal, por aqui a vida está cara para mim. Achei que seria melhor regressar à Bolívia e atravessá-la em direcção ao Peru.
O pior foi que vi na televisão que os problemas que eu temia já começaram. Há confrontos entre opositores e apoiantes do presidente. Já incendiaram um gasoduto que transporta gás para o Brasil e nalguns confrontos já morreram oito pessoas. Vou ter de contornar o país e entrar no Peru lá mais pelo norte do Brasil.
Quando estava a sair de Campo Grande reparei que me tinham roubado a tampa da tomada de isqueiro que tenho na moto. Não sei para que servirá aquilo ao ladrão mas esta é mais uma razão que me faz pensar em querer sair do Brasil. Ao fim de quase onze meses sem ter tido problemas tinha de ser no Brasil que alguém me iria roubar alguma coisa. Não gosto que mexam na minha moto, não tolero.
A moto estava no parque de estacionamento do Hotel Anache, em Campo Grande, e não deveria acontecer até porque tem um vigilante (será que só vigia mesmo?).
Mas tinha que continuar. A estrada agora será para rolar umas centenas de quilómetros, parando uma ou outra vez nalguma cidade.
Esta região, para já, tem sido relativamente plana e a vegetação não é tão exuberante como pensei que seria no Mato Grosso. Não tenho encontrado nada de particularmente interessante.
Excepto uns nandús...
... ou uns frutos de jaca.
Depois de passar em Cuiabá fui até à Chapada dos Guimarães pois li que seria um ponto a visitar. Mas por azar estava tudo “fechado para obras”. O Parque Nacional e a cachoeira Véu da Noiva não se podiam visitar pois teria havido um acidente onde morreu uma pessoa e tudo foi interditado a visitas.
Mais à frente, na cidade, no Posto de Turismo também me disseram que a Cidade de Pedra e mais outras coisas estariam encerradas ao público. Apenas se podia ir a lugares privados mas era preciso contratar um guia, pagando ao guia e a visita.
Achei que era melhor dar meia volta e continuar.
Cáceres é a cidade onde estou agora. Tinha pensado seguir daqui para a Bolívia mas vou ter de contornar o país.


O que se mantém é o calor. Mesmo durante a noite não arrefece.

Cáceres, S 16º 04,010’ W 57º 40,856’

4 comentários:

Anónimo disse...

Grande Queiros. Lamento muito por terem furtado a tampa da tomada do isqueiro da sua moto. Como eu disse em mensagem anterior, tenhas cuidado com as piranhas e ladrões. Mas não deixemos que esse incidente estrague uma grande jornada. Porém nunca é demais alertar, cuidado com sua moto porque na América do Sul acontecem muitos furtos desses veículos. Boa Viagem.

Anónimo disse...

Bota p'rá frente Queiroz!
Tu melhor que ninguém é que deves sentir qual o melhor rumo a tomar.
Deve ser um desconsolo ter todas as maravilhas naturais "fechadas para obras" ou em locais privados.
Mas esse país é gigantesco e talvez mude muito de umas regiões para outras.
Continuação de grande viagem.
Já está quase a fazer um ano que arrancaste. daqui a umas semanas teremos o Jantar das Vindimas do MC Porto, evento em que nos despedimos de ti em 2007.

Grande abraço
Nestes

Anónimo disse...

Caro Queirós depois de um ano na estrada só te ter desaparecido a tampa da tomada de isqueiro é muito bom. Pelo andar da carruagem quando regressares a Portugal ainda vais sentir saudades dessa "insegurança" toda.
Espero que a viagem te continue a correr bem. Não te preocupes muito com as notícias da televisão e jornais porque já sabes como eles gostam de snague e confusão.
A América do Sul com todos os seus problemas tem gente muito boa que sabe distinguir entre turistas e aventureiros. Aos primeiros é natural que tentem sacar algo mas aos segundos é muito provável que olhem com admiração.

Um grande abraço

Mustafá

fernando_vilarinho disse...

Viva Queirós!

A Bolívia pelo menos tem a vantagem de sendo um dos países mais pobres do mundo e nela se viver tão mal que (quase) ninguém no país quer mais conflitos. Não há muita coisa por que lutar, e como tal acabam sempre por se apaziguar me pouco tempo, como parece acontecer mais uma vez. O pior ainda são os países da zona: Brasil, Venezuela, Peru que espicaçam os conflitos por lá,... até porque não são eles que sofrem!

Boa Viagem em segurança.

Um Abraço,