segunda-feira, julho 28, 2008

Potosi, de novo no altiplano boliviano

Arica pareceu-me uma cidade animada. Havia sempre muita gente nas ruas.
O porto da cidade é a principal ligação da Bolívia ao mar. Sempre muitos camiões com matrícula da Bolívia a entrar e sair do porto.
Andei pela cidade e subi a um cerro sobranceiro à cidade para poder apreciar melhor. Estava uma certa neblina mas deu para ver.
Apesar de ser inverno e não estar muito calor havia algumas pessoas nas praias. Praias com uma areia meio escura, região de vulcões, e também com algumas palmeiras, região sub-tropical.
Ainda fui visitar o Museu Arqueológico de Azapa, que me diziam que era um espectáculo e tinha a múmia mais antiga do mundo.
Fui num colectivo, táxi que faz um certo circuito e leva até quatro passageiros. É como um micro autocarro. Nalgumas cidades chamam micros aos autocarros que levam vinte a trinta pessoas.
Afinal o museu é como os outros. Tem algumas coisas interessantes sobre os primeiros habitantes desta região, mas pensei que seria maior.
Saindo de Arica os primeiros quilómetros são a subir num vale verde no meio de encostas secas. Depois a estrada vai subindo lentamente para o planalto desértico. Muitos camiões carregados de automóveis em direcção à Bolívia.
Ao fim de mais alguns quilómetros a estrada volta a subir e chega aos 4.600 metros.

Ao passar junto de Parinacota fui pelo desvio até à aldeia. Tinha lido que a igreja era muito antiga e tinha no interior umas pinturas muito bonitas. Estava fechada e ainda perguntei quem tinha a chave. Uma sujeita disse que era o Cipriano e quando tentei saber onde morava ela disse que ele andava por aí. Dei uma volta à aldeia, não era grande, mas não vi mais ninguém.
Foi pena. Há muito tempo que não encontrava uma pessoa tão antipática.
Ao passar a fronteira, desta vez, foi outra forma diferente de fazer os papéis e até tive de mostrar a minha carta de condução. Ficou um registo na polícia. E afinal só me deram 30 dias de estadia.
Fiquei logo ali depois da fronteira, em Tambo Quemado. Ainda faltavam bastantes quilómetros até outra povoação com alojamento e não queria andar de noite.
Continuando em direcção a Oruro a certa altura a estrada atravessa um vale espectacular, parece um “canyon”. Vêem-se algumas casas isoladas e alguns pastores com os seus rebanhos de lamas.
Em Patacamaya ao abastecer um indivíduo disse-me que havia bloqueios antes de Oruro. Ao almoçar outro disse-me que não. Bem, logo se verá.
Mais à frente numa portagem perguntei ao polícia e ele disse que não havia mas para ir com cuidado.
Em Oruro procurei uma residencial que o Nuno e a Joana me tinham indicado, Residencial Vergara na Calle Pagador, mas estava cheia. Tentei outra mas o espaço da garagem estava em obras e não dava para guardar a moto. Fui andando a ver se encontrava alguma coisa mas as que via não tinham garagem. Por fim encontrei um hotel, Monarca, meio caro mas com garagem.
A cidade pareceu-me muito normal. Não vi nada de especial, a não ser o comboio a passar mesmo no meio de uma feira numa avenida central.
Já li e vi cartazes sobre o carnaval de Oruro. Dizem que é dos maiores. Não estamos em época de carnaval.
À saída de Oruro havia uma portagem mas não me cobraram o pagamento.
A estrada foi sempre seguindo no altiplano na ordem dos 3.700/4.000 metros.
Ao chegar a Challapata havia mais uma portagem mas não me cobraram outra vez. Quando parei na bomba de gasolina pensei que não havia gasolina. A bomba estava coberta com um pano e eu perguntei se não havia. O empregado respondeu perguntando-me quanto precisava. Eu disse que precisava de uns dez litros para chegar a Potosi. Então ele disse que só tinha gasolina para emergências, como ambulâncias ou coisas assim. Eu disse que precisava de alguma e ele encheu o depósito, só foram doze litros. Era uma emergência!
A estrada começou a entrar numa zona mais montanhosa e a paisagem melhorou.
Ao entrar em Ventilla tive de pagar portagem, mas depois até valeu a pena.
A estrada passou numa zona fantástica. Muita montanha com vales e desfiladeiros com uma cor vermelha. Por aqui já havia alguma vegetação e por isso era um espectáculo.


Ao chegar a Potosi enchi o depósito pois parece que há problemas com o abastecimento de combustíveis e mais vale prevenir.
Agora vou tentar conhecer a cidade e ver se é melhor que Oruro.

Potosi, S 19º 35,551’ W 65º 45,031’

7 comentários:

Anónimo disse...

Boa Queirós
pra frente é que é o caminho.
Boa narrativa,boas paisagens,Boa Viagem.
Já estou á espera da próxima narrativa.

Graciano

Anónimo disse...

Boa Queirós
pra frente é que é o caminho.
Boa narrativa,boas paisagens,Boa Viagem.
Já estou á espera da próxima narrativa.

Graciano

Eduardo Lima disse...

Tiotone, mais uma vez parabéns pelas narrativas e fotos espectaculares que nos fazem viajar em frente ao monitor, talvez um dia seja no terreno, quem sabe?
Grande abraço,
Eduardo, Liliana e Bernardo

Unknown disse...

Parabéns pela coragem.
Obrigado pela partilha.
Viajamos contigo.
Disfruta de um sonho que só uns poucos t~em coragem de realizar.

Estaremos sempre por aqui, e mesmo sem dizer, garanto que todas as noites venho ler e sonhar.
Abraço desde a cidade do Porto
Eduardo

Anónimo disse...

Atão!!! Como é que é? Já não temos crónicas desde o mês passado!!!!! Que falta de respeito pelos assíduos leitores.... não abia nexexidade!!!!

ontheroad disse...

Holla Antuk!!
vejo pelos teus relatos que continuas em grande forma e a desfrutar a beleza das paizagens e pessoas deste magnifico continente.
Eu e a Joana acabamos de entrar na Argentina, depois da muito dificil etapa do altiplano Boliviano que tu bem conheces.
Foi um verdadeiro prazer conhecer-te em Uyuni. Votos de continuacao de boa viagem.
Nuno e Joana

Anónimo disse...

Viva grandioso Queirós.
Hoje lembrei-me de ti ao passar na Trofa.
Continuo grande seguidor dos teus relatos e todos os meses lá vamos espevitando os sócios do MC Porto para os teus feitos.
Mas que securas, que altitudes, que pessoas andas a conhecer...

Grande abraço e bota prá a frente!!
Nestes

PS: os teus próprios compinchas de viagem, como o Nuno e Joana também já alinham neste teu blog... :-)