quarta-feira, agosto 19, 2009

Victoria, final desta etapa da viagem

Depois do encontro do “Horizons Unlimited” estava a entrar na fase final da viagem.
Saí de Revelstoke em direcção a sul seguindo sempre por estradas onde só se vêem florestas e lagos e rios.
Quando cheguei próximo da fronteira com os Estados Unidos a paisagem tornou-se mais seca e quente. Havia uns vales onde se produz vinho e também muitos pomares, parece que têm um clima quase mediterrânico.
Ao chegar perto de Osoyos a estrada desce da montanha e vê-se um grande lago com a cidade lá no meio, bem bonito.
Esta época do ano é altura de férias e tudo está cheio de gente.
Tive de seguir mais para a frente para encontrar onde dormir.
No dia seguinte a caminho de Vancouver começou a chover por volta do meio-dia e manteve-se assim até meio da tarde, ainda parei para almoçar e esperando que a chuva acabasse mas não acabou. Fui seguindo debaixo de chuva até que mesmo junto da cidade a chuva parou, mas eu segui mais para diante.
Fui até Horseshoe Bay para apanhar o “ferry” para seguir pela “Sunshine Coast” que me tinham dito ser espectacular. O pior era o tempo que não fazia as nuvens irem embora.

Enquanto estava à espera de embarcar chegou um grupo de motociclistas dos “Hells Angells” da British Columbia, eram uns quinze ou dezasseis nas suas Harleys barulhentas.

Uns quilómetros mais à frente foi preciso atravessar mais um braço de mar para Earls Cove e poder continuar. Quando lá cheguei os outros motociclistas já lá estavam à espera do barco. Tinham saído de gás à minha frente e eu tinha vindo a rolar nas calmas e fui no mesmo barco.
Fiquei em Powell River num parque de campismo mesmo junto do mar.
Num dos lugares estava um autocarro-casa com um pequeno carro à porta, isto sim é qualidade de vida.
No dia seguinte fui até ao final da estrada, Lund, para ver como era todo o trajecto. Sempre a mesma coisa, a estrada pelo meio das árvores e apenas se via o mar de vez em quando.

Voltei atrás para Powell River para apanhar o “ferry” para atravessar para a ilha de Vancouver. Um pouco antes da cidade há uma fábrica de papel, junto ao mar, e para fazer de quebra-mar e uma pequena baía há um grupo de barcos de cimento afundado nessa zona. Estes barcos foram construídos durante a primeira guerra mundial mas no final deixaram de ser usados pois não eram viáveis para o comércio marítimo. Assim foram afundados junto da costa para fazerem de quebra-mar.
Entrei na ilha de Vancouver ao início da tarde e dirigi-me para norte pois, mais uma vez, tinham-me dito que a estrada era bonita lá no norte. Fui seguindo mas ao fim de uns setenta ou oitenta quilómetros pelo meio de florestas decidi voltar atrás, ainda faltavam quase duzentos quilómetros para chegar ao norte da ilha. Pensei se valeria a pena ir até lá e depois ser como a estrada para Lund.
Mais uma vez fiquei num pequeno parque de campismo junto ao mar, em Oyster Bay. Os parques de campismo quase só são pensados para utilização de RVs, o nome que dão por aqui às caravanas e roulotes e todo esse grupo de casas rolantes.
Desta vez iria atravessar a ilha até à parte oeste para visitar a região de Tofino, onde toda a gente vai nesta época como vi mais tarde.
A estrada tinha o piso degradado em muitos sítios mas já andavam a fazer reparações. Um pouco antes de Port Alberni
passei num lugar onde vi muitas árvores enormes.
Havia um estacionamento cheio de carros mas nem parei, vi montes de gente por ali. Ao chegar à costa virei para norte seguindo para Tofino onde pensava ficar.
A cidade é um ponto turístico famoso e todos os parques de campismo estavam lotados. Fui a uns quatro ou cinco mas depois optei por regressar pela mesma estrada, que acabava ali, e seguir até à outra ponta de península, Ucluelet, para procurar aí. Encontrei um parque com lugar meio caro mas tive de ficar pois a tarde já estava a finalizar.

Agora era hora de voltar a atravessar a ilha para apanhar a estrada principal e ir até sul, Victoria.
Desta vez ao passar nessa zona de árvores grandes parei e fui dar uma vista de olhos. Um pequeno parque alberga algumas das árvores mais velhas e altas do Canadá.
Um espaço, Catedral Grove, onde dezenas de árvores centenárias criam um ambiente muito agradável. A árvore mais alta tem 76 metros de altura e 9 metros de circunferência.
Tive de deixar a frescura deste bosque e regressar ao calor da estrada, não era muito mas quando parava o sol fazia sentir-se.

Quando passava junto de Chemainus vi uns cartazes anunciando os maiores murais e foi ver. Na verdade havia alguns enormes e com desenhos fantásticos. Uma das pinturas tinha uma ilusão de óptica e parecia que as linhas do comboio estavam sempre na nossa direcção.


Continuei para Victoria e se não fosse o GPS seria uma trabalheira para dar com a casa do Cheryl e do Dug.
Agora vou deixar a moto aqui em casa deles e regressar a Portugal antes do final do mês.
Quando me cruzei com o Dug em Watson Lake, há umas semanas, ele falou-me sobre uma viagem à Rússia e perguntou se eu queria ir. Eu tinha-lhe falado nessa ideia quando nos conhecemos na Colômbia e agora veio ele perguntar-me como era.
No próximo ano ele está a pensar seguir com dois amigos para a Rússia e atravessar até à Europa. Disse-me para deixar a moto em Victoria, voltar a casa e regressar no próximo ano e ir com eles. Eu disse que era uma boa ideia e se conseguisse organizar tudo iria com eles, se não voltava pegava na moto e continuaria a travessia dos Estados Unidos para a costa Leste ( o Canadá é muito caro). Assim até poupo o dinheiro desta travessia.
Penso que esta paragem antecipada até veio facilitar um pouco a minha vida pois algum do meu material começa a dar sinais de que está a acabar, até a bicha do conta-quilómetros da moto partiu quando indicava 70976 kms, há uns dias atrás.
Os fechos da tenda e do blusão já não fecham em condições, as meias já começam a ter buracos e a perder os elásticos e as botas já estão a ficar descosidas.
Espero estar de volta a Portugal antes do fim deste mês.

- a linha do percurso já está actualizada-
Victoria, N 48º 25,335’ W 123º 19,873

12 comentários:

Anónimo disse...

Queirós, antes do fim do mês, mas em que dia? Gostaria muito de te receber no aeroporto do Porto. Tens que dizer a data certa.
Cá te espero para dar um grande abraço.

Valente - MCP

fernando_vilarinho disse...

Muito Parabéns Queirós, este teu grande sonho de atravessar o continente americano foi concretizado com todo o sucesso!
Foi um privilégio seguir-te ao longo de quase dois anos e tantos milhares de kms trilhados. Descobrimos novas realidades das américas e ficámos a admirar mais esse belo território do planeta Terra, a nossa casa comum.

Volta safe & sound.
Esperámos-te no aeroporto para um forte abraço,
fernando

p.s.: obrigado pelo último postal que me enviaste. gostei.

Anónimo disse...

Amigo

Os meus Parabens pela tua Aventura.

Obrigada pelos postais.

Um abraço e copos bebemos algures no alentejo,Lol
Rui

Anónimo disse...

Cá te aguardamos então António, mortinhos para te dar um abraço e ouvir de viva voz as tuas peripécias ao longo destes dois anos.

Um abraço e votos de boa viagem

Mustafá

Anónimo disse...

Escolhestes bem a cidade para deixares a moto, Victoria, pois foi o que conseguiste ao longo deste tempo todo. Já começamos a especular o dia que chegas a casa, uma vez que não nos queres dizer. Podias dizer que nós portavamos-nos bem no aeroporto e não te deixavamos ficar mal. Um grande beijo e até breve.

Bira

Anónimo disse...

Olá tio!!!
A tia bira tem razao podia nos dizer quando chegas que de certeza que iriamo nos portar bem... Espero que venhas rapido para nos contar as tuas aventuras na primeira pessoa... um abraço e "see you soon"

p.s.:ir à nossa senhora da Assunção sem ti não tem piada nenhuma


Chico

CarlaSofia disse...

Fiquei espantada com a árvore...

Anónimo disse...

Tone!
O acampamento vai ser montado no aeroporto! Como não dizes o dia vamos instalar-nos como os ciganos! Só saimos de lá quando chegares! Não nos escapas! Vamos portar-nos mal! Não vale a pena mentir! Banda de música! Foguetes...! Tudo o que tens direito! Vou contactar a GNR para cortar o trânsito nesse dia!
O melhor é tu dizeres o dia! Estou a brincar...! Vamos respeitar a tua vontade! Vamos todos esperar-te mas fazemos pouco barulho!
Beijinhos dos 4!
Belacruz

Anónimo disse...

Notícias de última hora!
"O vôo que consegui arranjar é para Lisboa. O vôo que tenho marcado está previsto chegar a Lisboa pela uma e vinte da madrugada de sexta dia 28. Dali penso seguir para a estação de comboios de Santa Apolónia e apanhar o primeiro comboio para o Porto, que chega pouco antes das nove." Todos juntos para recebermos o nosso herói no Porto!!! Beijos
Belacruz

Carlos Almeida disse...

Vitória, Vitória intervalo na história do Queirós. É uma lição de perseverança para todos nós.
Grande abraço e espero encontrar-te no Alentejo!
Carlos A

JFAlves disse...

Quase dois anos de grande aventura e a terminar em Vitória. Parabéns!
Sem outra palavra: Parabéns!

Joaquim (TTrans)Alves

Joaquim Brandão disse...

Ouvi maior parte da entrevista á TSF, esperei que acabasse para entrar num cliente, ainda ia a meio. Cada momento e cada historia eram cativantes. Parabens pela audacia, pelas historias, pela aventura. Bem haja quem corre atras do seu sonho. Parabéns.

P.S. Obrigado a si e á TSF por mais uns bons momentos a ouvir radio...
Joaquim Brandão FLG