Passei no Monarch Pass onde dizia que se fazia a separação das águas que correm para o Atlântico e para o Pacífico.
Fui descendo até um ponto onde havia um lago que depois vim a ver era uma represa. Antes de atravessar uma ponte parei para fazer umas fotos mas logo depois que atravessei tive de parar outra vez pois viam-se do outro lado uns penhascos enormes, fantástico.
Antes da cidade de Cimarron, parei num parque de campismo anexo a um centro de informações sobre o cañon do Rio Grande. O parque de campismo era muito simples.
Antes de anoitecer ainda fui caminhar um pouco ao longo do rio que corria por um desfiladeiro incrível. Lá mais para o fundo, quase perto de uma barragem, estava um comboio sobre um estrado. Uma locomotiva e dois vagões representavam a antiga via férrea que ligava Denver a Colorado Springs, penso eu. A linha foi desactivada nos anos quarenta do século XX.
Passei pelo Black Canyon que era espectacular. Desci por uma estradinha até junto do rio e tive de voltar para trás mas valeu a pena. Foi preciso voltar a subir e de que maneira.
Fui ao outro lado e deu para apreciar melhor a altura que aqueles penhascos tinham. Era impressionante. Uma das paredes rochosas parecia desenhada, por isso lhe chamavam Painted Wall.
Depois de Montrose segui por uma estrada mais secundária que também era um espectáculo. As cores verdes, escura e clara, faziam um contraste maravilhoso.
Quando subia para o Lizzard Head Pass começou a chover bem e não dava para fazer uma foto. Mesmo ao chegar lá acima a chuva parou e já consegui fazer umas fotos mas havia muitas nuvens.
Ao final da tarde cheguei ao Mesa Verde National Park, várias pessoas me tinham dito que não deveria perder. A chuva voltou a cair ao início da noite mas de manhã já não chovia.
No centro de visitantes comprei um bilhete, era obrigatório, para poder visitar um dos “pueblos”, pequenas aldeias construídas nas paredes dos desfiladeiros.
Juntei-me ao grupo para ir visitar essa aldeia. Foi preciso descer bastante para lá chegar.
Foi uma visita muito instrutiva e interessante. A aldeia, chamaram-lhe Cliff Palace, é das maiores que há por aqui. Os arqueólogos não sabem por que razão o povo que habitava estas aldeias as teve que abandonar.
A meio da tarde começou a chover outra vez. Ainda dei mais uma volta por outra zona do parque. Havia mais casas nos desfiladeiros mas também havia algumas no planalto.
Na saída do parque, na cidade de Cortez, vi uma exposição de carros e parei. Fui dar uma volta lá pelo meio para apreciar. Não havia muitos mas os modelos eram sobretudo antigos e transformados.
Como quase no meu caminho ficava o monumento “Four Corners”, único ponto onde se juntam quatro estados, resolvi passar por lá. Fiquei um pouco desiludido. Apenas uma roda com as bandeiras dos estados e um desenho no chão com os nomes. Pensei que seria algo mais grandioso.
Voltei à estrada para seguir a caminho do “Monument Valley”. Queria passar por lá pois tinha na memória imagens espectaculares, sobretudo pelos inúmeros filmes de cowboys ali realizados. O pior estava para vir. A chuva estava a ameaçar e sempre veio. Pouco antes de entrar no famoso vale ainda fui fazendo umas fotos mas depois foi impensável.
Chovia e as nuvens não deixavam ver quase nada.
Atravessar o vale foi uma desilusão pois não vi as imagens que tinha na cabeça. Paciência.
Depois do vale ainda havia algumas formações interessantes e apesar de a chuva ter parado ainda se mantinham as nuvens.
Ao final da tarde começou a chover mesmo a sério e com um vento demasiado forte. Tive de ficar num motel.
O Grand Canyon teria de ficar para o dia seguinte.
Cheguei ao parque pouco depois da uma da tarde. Entrei por Desert View e fui logo para o parque de campismo. O cartão de acesso aos parques nacionais também serve para ter desconto nos parques de campismo dentro desses parques nacionais, 50%.
O problema é que sendo só um pago sempre pelo lugar, ou lote ou como se lhe queira chamar, o mesmo que um grupo de quatro ou seis pessoas ou até aquelas grandes auto-caravanas.
Também em quase todos os motéis acontece o mesmo, pago um quarto que pode ser ocupado por três ou quatro pessoas.
Fui ver o tal Grand Canyon mas a neblina provocada pela chuva não deixava ver em condições mas mesmo assim era impressionante.
A meio da tarde o sol começou a aparecer e fui percorrer a estrada até à outra ponta para ir apreciando melhor outras zonas. Pelo caminho fui parando várias vezes para ir espreitar o Canyon pois havia vários pontos para isso. Demorei quase duas horas e meia para fazer os quarenta quilómetros.
Voltei mesmo a tempo de ainda ir tirar umas fotos ao pôr-do-sol. Ainda se via muita neblina mas mesmo assim foi lindo.
O dia seguinte surgiu com sol mas ainda havia neblina.
Pensei ir ver a parte norte do Canyon e fui seguindo por uma estrada que passava por uma zona com umas formações rochosas muito interessantes em especial ao passar no Marble Canyon.
A volta para chegar à parte norte, North Rim, foi de uns 350 kms. Depois de entrar no Parque Nacional ainda foi preciso andar uns bons quilómetros por um planalto coberto de erva e no meio de uma floresta muito verde.
No parque de campismo não havia lugar. Fui dar uma pequena volta só para tirar umas fotos e regressei à saída. A paisagem era muito igual mas vi pessoas a comentar que era mais bonito que a parte sul, talvez.
Afinal tinha de voltar a fazer setenta quilómetros para arranjar um parque de campismo onde ficar. Em Jacob Lake havia um e fiquei aí.
Uma família, Geery, de americanos de Phoenix que estava junto a mim convidou-me para jantar com eles. Foi uma noite muito agradável. Era um casal, a Cindy e o Jeff, com três rapazes, Cody, Ian e Peyton. Todos eles têm moto, 3 Honda XR 650 e 1 Honda XR 350, menos a senhora. O Peyton a certa altura pegou numa viola e começou a tentar tocar umas canções.
Enquanto tomávamos o pequeno almoço o Jeff perguntou-me se queria ir com eles fazer um percurso fora de estrada até um parque nacional. A mulher iria no jipe com o filho mais novo por estrada e encontrar-nos-íamos lá nesse parque, Kodachrome Basins Park, acho eu.
Eu disse que poderia tentar ir até onde pudesse e depois veria.Quando entramos na parte da terra pensei que daria para aguentar. Uns dez quilómetros à frente o Jeff perguntou ao condutor de um jipe que vinha em sentido contrário como estava o caminho. Ele disse que mais à frente havia muita lama.
Fomos até lá e realmente era demasiada lama. Eu disse que não seguiria mas se eles quisessem poderiam continuar. Mas ele disse que não seguiam. Íamos voltar atrás.
Nesse momento começou a chover e em dois minutos o chão ficou como manteiga. A lama pegava-se à roda da frente e eu não conseguia andar. A moto seguia meio de lado com a roda traseira a patinar pois a da frente estava presa com a lama. De repente foi uma queda.
O Jeff veio atrás para me ajudar a pôr a moto de pé. Também já tinha caído, assim como um dos rapazes. Realmente era uma lama pegajosa como nunca vi.
Tirei o guarda-lamas da frente pois tinha lido uma história semelhante. E resultou.
Consegui sair do lamaçal e mais à frente o piso já estava seco.
Voltámos à estrada e depois de atestar voltou a vir uma chuvada forte.
Parece que a chuva não me larga. Na América do Sul não tive muita chuva mas por aqui já tem sido alguma, não demasiada mas já é suficiente.
Eles seguiram para se juntar à família e eu segui para o Zion National Park.
Ao chegar lá os parques de campismo estavam lotados. Procurei onde ficar e como era tudo caro indicaram-me um lugar onde poderia acampar por uma noite, num campo à beira-rio.
No dia seguinte de manhã já consegui arranjar lugar mas ao início da tarde o parque já estava esgotado.
Aproveitei um vaivém para ir visitar o vale do Virgin river. Fui até ao ponto mais acima e saí nessa paragem, Templo de Sinawava. Segui junto do leito do rio até um ponto onde acabava o trilho mas havia pessoas que se metiam pela água dentro para ver as gargantas mais acima. Ainda pensei ir também mas achei que não valeria a pena. Mais tarde vi no guia que era preciso pagar mais 10 dólares, 1 ou 2 pessoas, para poder ir até Narrows, nome dessa garganta. Se tivesse ido poderia ter sido multado. Não sei.
Vim para baixo e fui parando nalguns pontos para ver essas paredes rochosas impressionantes. Andei num trilho pela meia encosta, Emerald Pools, e deu para apreciar melhor aquele vale espectacular. Vi uma pequena cascável que um miúdo estava a indicar ao pai.
Na parte final da tarde e na penúltima paragem do vaivém saí e fui a pé até ao campismo. Ao longo do rio dava para ver as cores do pôr-do-sol.
O dia esteve bom e não choveu.
No dia seguinte de manhã apareceram a Cindy, o Cody e o Peyton. Tinham vindo no dia anterior e visto a minha moto desde a estrada.
Disseram que na noite em que estiveram no Kodachrome Basins Park choveu de tal maneira que tiveram de ir para um motel.
De tarde fui fazer mais um trilho que tem uma vista sobre outro vale, Pines Canyon. O trilho para ver o vale passa ao longo de um desfiladeiro muito profundo e estreito.
A vista sobre o vale é magnífica, “dramatic view” como dizem os americanos.
O dia estava óptimo quando me levantei e arrumei tudo para partir.
Fui seguindo estrada fora e um pouco antes do Bryce Canyon começa a estrada 12 que passa por um lugar espectacular, o Red Canyon, com umas formações rochosas espantosas de um tom avermelhado.
Aqui começou a chover. Ainda parei para almoçar a ver se a chuva também parava mas não foi assim.
Entrei no Bryce Canyon National Park para ver se dava para acampar mas estava a chover muito. O parque até tinha muitos lugares por isso mesmo.
Fui até Cannonville, uns quinze quilómetros depois do parque. Quando procurava um motel um rapaz numa moto 4 de campo parou perto de mim e perguntou para onde ia. Eu disse que estava à procura de um motel e ele disse para não ir em frente, para o tal Kodachrome Basins Park, pois deveria haver muita lama na estrada.
Apesar de meio caro fiquei no motel e amanhã vou até ao Bryce Canton se o tempo estiver bom. Senão não sei. Vou seguindo para norte.
Cannonville, N 37º 34,124’ W 112º 03,277’
Entrei no Bryce Canyon National Park para ver se dava para acampar mas estava a chover muito. O parque até tinha muitos lugares por isso mesmo.
Fui até Cannonville, uns quinze quilómetros depois do parque. Quando procurava um motel um rapaz numa moto 4 de campo parou perto de mim e perguntou para onde ia. Eu disse que estava à procura de um motel e ele disse para não ir em frente, para o tal Kodachrome Basins Park, pois deveria haver muita lama na estrada.
Apesar de meio caro fiquei no motel e amanhã vou até ao Bryce Canton se o tempo estiver bom. Senão não sei. Vou seguindo para norte.
Cannonville, N 37º 34,124’ W 112º 03,277’
16 comentários:
Boas Queiroz
Há 15 dias, passamos por esses mesmos sítios, por onde andamos durante cerca de 2 semanas, com tempo excelente e são paisagens realmente fantásticas.
O ambiente de motos é espectacular. Foi pena não termos coincidido porque teria sido um prazer, servir de escolta e terias 7 motos a abrir o caminho.
Abraço e diverte-te
Eduardo
Viva Queirós
Tens andado por lugares portentosos! Parece um autêntica aula de geografia sobre as Montanhas Rochosas. Passaste por tantos canhões e sobreviveste (Rio Grande Canyon, Black Canyon, Grand Canyon,Marble Canyon, Pines Canyon, Bryce Canyon, Red Canyon,...)!
E Parques não ficou atrás(Mesa Verde National Park, Grand Canyon N. P., Zion N. P., Bryce Canyon N. P., Monument Valley,...). Até passagens como Lizzard Head Pass ou a Monarch Pass.
Também achei piada ao Painted Wall e os The Narrows. Mas mais engraçado foi o Kodachrome Basin State Park, um parque o nome da Kodak! Só nos States ;) A Coca-Cola e MacDonalds tb gostariam de ter um! ,)
Que nem a lama te entrave a big viagem!
Abraço,
Howddy Mister Queirós.
Continuas a speakar bem e pareces-me mais animado com as paisagens dos States.
Que tal é circular por essas estradas americanas?
Já foste mandado parar por algum Sheriff?
Estás a entrar na terra dos índios. Será que é agora que aparece a "famosa" índia?
Continua bem amigo. Um grande abraço.
Mustafá
Olá Tone
Há uns anos numa acção de formação pediram para dizer qual a viagem que gostaria de fazer. Nunca tinha pensado nisso, apesar de gostar de viajar, não tinha assim "uma viagem de sonho" em mente. O que me ocorreu foi o Grand Canyon, acho que gostava mesmo de visitar o Grand Canyon. Agora ainda mais.
Um abraço e diverte-te.
Cândido
Imagens muito fixes! Para fazer estes relatos promenorizados e com todas estas fotas, deves escrever enquanto guias....
continuação de boa viagem, que a parolada por cá já anda toda excitada com o LaL,,,, mas isso passa-lhes....
pedro
Cada vez melhor, meu Amigo.
(Nice, very nice)
Aproveita ao máximo essas lindas paisagens.
Manda-nos muitas mais fotos e crónicas, já não passamos sem elas.
Grande abraço
Valente - MCP
Simplesmente lindo... ja nao ha palavras... continua assim... bjs e abraços ti nuno joana rui e chico
Hello Kay Ross,
Larga a moto, sela o cavalo e faz-te à montanha. Ah! aproveita para fazer render os quartos de motel.
Abraço e continuação boa viagem.
Carlos
Viva, Queirós.
Estas são das melhores fotos que já mandaste. São grandiosas! Parabéns! E parabéns pelo truque do guarda-lamas.
Só há um pormenor que me faz confusaõ.
Ficaste desiludido com o Monument Valley porque estava a chover quando lá passaste. E porque não voltaste no dia seguinte? Deu-te a pressa? Se aquilo é desértico é porque a chuva deve ser uma raridade.
E dizes que demoraste duas horas e meia para 40 km no Grand Canyon. Isso demoramos nós no Lés-a-Lés para ir ao Pulo do Lobo. Eu no Grand Canyon tinha demorado um ou dois dias...
Grande abraço!! Serás referido uma vez mais no boletim mensal do MC Porto!
Nestes
entao tio?? ta tudo?? acabei de ler os 2 ultimos posts, ja ha uns tempos que não dava ca um saltinho...tenho andado com exames, e trabalhos...secas!! :) os relatos estão cada vez melhores, e as fotos...impecaveis!! são de meter inveja!!
ca por casa continua tudo na boa, tudo sempre muito tranquilo!! :)
espero q continue a correr bem!!
grande abraço,
jorge
Queirós... és o meu Idolo...
Mas tenho uma pergunta a Fazer tantos países e agora os States..mas nunca falas de uma coisa!! As GAIJAS????? Já te apaixonas-te??? não vale respostas tipo..bonita paisagem, adorei aquela montanha, Etç.
Boa Viagem (continuação)
Abraço
Mario 500
Atenção a todos os que acompanham a viagem deste nosso "Cavaleiro Andante!" No dia 10 de Junho ele faz anos! Onde quer que ele esteja quem tiver o previlégio de estar a seu lado neste dia que lhe proporcione momentos de alegria que ele bem merece!
Tone um grande beijinho com muita ternura dos quatro cá de casa! Vive e sê feliz! Conta muitos a voar na tua moto!
Beijinhos Belacruz
Parabens TioTone,
Os homens são como os vinhos, a idade azeda os maus e apura os bons.
Grande abraço,
Eduardo, Liliana e Bernardo
Feliz Aniversário, para ti, António, são os desejos dos teus primos, Zé Daniel, Alice, Sara e tios Avelino e Pura Flor.
Grande Abraço e Boa Viagem!!!!!
Parabéns Queirós.
Como não dás notícias fico a imaginar que estas a organizar um barbecue à americana, bem regado de cerveja, gaijas e cowboys.
Feliz Aniversário.
Carlos A
Feliz Aniversário Queirós!
Estes dias estive por Lisboa e só hoje fui à net.
Boa Viagem,
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