Ao arrancar para San Francisco marquei no GPS um hostel para ver se teria lugar para dormir lá, sempre sai mais em conta. Era no centro da cidade mas dava-me uma distância louca para lá chegar. Então lembrei-me que tinha nas definições do GPS evitar estradas com portagem.
Alterei e passou a dar-me uma distância mais directa. Passar na ponte “Golden Gate” obriga ao pagamento de portagem, seis dólares como vi mais tarde.
Segui pela costa até muito próximo da ponte e então tive mesmo de entrar na auto-estrada. Ainda pensei que haveria um sítio onde pudesse parar para tirar uma foto mas nada!
Passei num hostel mas não tinha lugar para a moto, teria de a deixar na rua. Não quis arriscar.
Num outro onde fui, na Ellis St., também não tinham lugar para a moto mas mesmo ao lado havia um hotel com estacionamento e pude deixar lá a moto, por dez dólares por dia. Um preço bom para o centro da cidade.
Ainda dei uma pequena volta para conhecer um pouco mas não me apetecia andar muito.
No dia seguinte fui conhecer um pouco da cidade.
Subi e desci as colinas até à zona do porto.
Andei por ai às voltas e depois de almoçar achei que tinha mesmo de ir numa volta de barco pelo interior da baía para ver a ponte “Golden Gate”.
O céu estava meio encoberto e só mesmo próximo se conseguia ver a ponte em condições. Mas calhou assim…
No regresso o barco passou par trás da ilha de Alcatraz, onde há muitos anos havia uma prisão famosa por ninguém ter conseguido fugir de lá. Dizem que houve três presos que fugiram mas nunca mais foram vistos nem os corpos apareceram.
No regresso ao hostel quis experimentar uma viagem num daqueles carros eléctricos tão característicos de San Francisco. Foi agradável ir no eléctrico a subir e a descer aquelas ladeiras.
Antes de sair de San Francisco tinha de ir percorrer aquele bocado da rua Lombard que desce aos “SS”, só se pode descer, e que aparece em vários filmes. Ao entrar na rua pus a máquina fotográfica pronta a registar a descida. Liguei-a e arranquei, melhor pensei que tinha ligado.
Passados uns metros vejo que não está ligada mas já não tenho hipótese de parar. Como eu, havia vários carros e até outra moto para descer.
Aquilo desce mesmo a sério e foi preciso ir com muito cuidado para não resvalar naqueles tijolos bem coçados. Se estivesse de chuva era capaz de não arriscar.
Cheguei ao fundo a pensar que não tinha sido tão difícil como imaginava. Ainda pensei voltar outra vez para gravar a descida mas achei que não valia a pena.
Desci até à beira da baía e fui seguindo pela rua “Embarcadero” para a sair da cidade.
Continuei para sul e em Half Moon Bay comecei a longa maratona em direcção a Este.
Saindo da zona costeira o calor começa a apertar. Ao longo da estrada vêem-se as encostas cheias de erva e palha seca. O verão está mesmo aí.
Na entrada do Yosemite National Park disseram-me que os par ques de campismo no vale estavam todos lotados. Tive de ir para um a apenas uns cinquenta quilómetros, mas dentro do parque. Havia dois mais perto mas não tinham água.
Desci ao vale do rio Yosemite. Muita gente pelo vale fora. Estacionei a moto num parque e utilizei o vaivém que transporta as pessoas ao longo do vale.
Vêem-se algumas quedas de água impressionantes, dentre elas a de cima do rio Yosemite. A de baixo não é tão grandiosa.
Caminhei pouco pois estava calor e não estava com vontade.
Já no regresso ao parque de campismo ainda vi a queda de água do rio Bridalveil, também espectacular.
Estas quedas de água têm muitas centenas de metros de altura e duas delas estão entre as dez mais altas do mundo. Foi o que li num dos papéis informativos.
Ao sair do Yosemite N.Pk. passei pelo Glacier Point donde se vê quase todo o vale do rio. Vêem-se mais duas quedas de água espectaculares, a Nevada e uma outra, não me lembro o nome.
Realmente aquele ponto era magnífico. Estive quase para não ir lá, mas ainda bem que fiz aqueles quase trinta quilómetros para cada lado.
Continuei até ao Mariposa Grobe onde pude apreciar algumas das grandes sequóias. Tive de deixar a moto e andar pelos trilhos. Estava um calor danado.
Muito próximo está o King Canyon e Giant Sequoia N.Pk..
Para lá chegar ainda atravessei longas planícies cobertas de vinhas e pomares de laranjeiras.
Ao início da tarde já tinha a tenda e ainda fui dar uma volta pelo desfiladeiro do rio Kings que não achei assim espectacular. Apenas num ponto em que o rio corria mesmo lá no fundo do desfiladeiro entre paredes muito altas e depois mais à frente onde o rio corria num leito cheio de pedras e era impressionante a corrente que fazia.
Vi no mapa que haveria um trilho para ver algumas árvores e fui até lá, mas antes fui por uma estrada secundária para ver se haveria alguma coisa bonita mas não vi nada.
O trilho Redwwod Mountain Grove ficava no fim de um caminho de terra de uns três quilómetros. Cheguei lá mesmo na hora do calor. Fazer uns dez quilómetros pelo meio das árvores mas com calor deixou-me meio cansado. Mas valeu a pena.
Agora tinha de seguir para sul para sair do Kings Canyon N. Pk. e passar pela Sequoia National Forest.
Numa estrada que saía da principal havia uma sequóia caída que tinha um buraco por onde se podia passar. Vi que alguns paravam lá para tirar fotografias e também fiz o mesmo.
A estrada para sair destes parques descia que era uma coisa brutal. Em menos de quarenta quilómetros descia dos cerca de dois mil metros para os duzentos e poucos metros de altitude.
Já na planície o calor tornou-se abrasador.
Nos mapas e panfletos vi que o Giant Sequoia Park tinha uma área mais a sul.
Fui seguindo as indicações mas por aquilo que ia vendo não era a mesma coisa. A floresta é mais pobre, há menos árvores e está tudo muito seco. Talvez não tivesse ido pela estrada certa. Não importa, já vi as sequóias.
Atravessei a montanha pelo Sherman Pass, nos 2.600 metros de altitude, mas mesmo só lá em cima é que não estava calor.
Numa das paragens que fiz um sujeito perguntou-me para onde ia e depois da minha resposta só me disse que era uma loucura ir para o Death Valley nesta ocasião, a maior parte das pessoas vai até lá mas na Primavera. Eu argumentei que era a minha única oportunidade e tinha de ser agora.
Encaminhando-me para uma das entradas do “Death Valley” segui pela estrada 395. O calor era de tal ordem que rolando nos 90/100 kms/h a ventoinha do radiador ia sempre a trabalhar.
Em Olancha, na recepção do parque de campismo, o empregado disse-me que as previsões para o dia seguinte eram de 52º no “Death Valley” e que deveria sair de madrugada para evitar o calor. Eu só disse que não conseguiria atravessar o vale antes do meio-dia.
Sentei-me numa sombra até ao pôr do sol para montar a tenda, não se podia andar.
Abasteci antes do desvio para a estrada 190 para o interior do Death Valley. O calor ia aumentando pois o sol também subia.
Atravessei um primeiro vale e depois de outra zona montanhosa entrei no tal “Death Valley”.
A paisagem é desoladora. Vêem-se pequenos arbustos meio secos e areia ao longo do vale. Dos lados há montes secos, só pedra.
Ao passar em Stovepipe Wells vi os parques de campismo desertos.
Continuei até Furnace Creek e aí era a mesma coisa. Como se pode acampar com este calor?
Parei numa sombra ao pé da gasolineira que tinha uns preços exorbitantes, 4,25 dólares o galão quando eu tinha pago 3,19, ainda bem que tinha atestado.
Fui comprar uma bebida fresca pois a água que eu tinha já dava para fazer chá.
Tocar com as mãos na moto, nas pegas das malas ou até no travão não se podia. Queimava!
Em andamento não dava para levantar a viseira do capacete. Era mais quente do que ir com ela fechada. Fiz algumas paragens mas era uma coisa impensável. O suor começava logo a escorrer pela careca. Usei um boné uma vez ou duas vezes mas até parecia pior.
Segui para a saída do vale em direcção a Las Vegas. Nesta ocasião levantou-se um vento lateral que queimava. Tive de fechar bem o capacete e apertar o blusão pois não dava para aguentar.
A moto é que aguentou todo este esforço mas com a ventoinha do radiador sempre a funcionar. Será que estariam mesmo os tais 52º ou mais? Não sei mas que estava um calor dos diabos, estava.
Ao entrar em Las Vegas vi um pequeno motel mas eram 43 dólares. O sujeito disse que seria difícil encontrar mais barato.
Vou a um hostel e o preço não é mau, 22,40 dólares num dormitório de oito camas. Por mim não faz mal. Até tem pequeno-almoço e posso utilizar a cozinha.
Ontem à noite fui com um grupo de malta que está no hostel a um clube, que dizem ser o melhor de Las Vegas, o XS do Encore.
Aquilo é uma discoteca enorme com a música muito alto. Não sou muito apreciador mas tinha de ir ver como era. Foi uma noite bem passada com algumas peripécias pelo meio.
Como se diz por aqui “o que se passa em Vegas fica em Vegas”.
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O blogue tem uma nova imagem pois se calhar era tempo de renovar. O Vilarinho, o gestor técnico (linguagem de código e design) do blogue , fez esse trabalho.
Ando a tentar actualizar no mapa o desenho do trajecto que tenho vindo a seguir mas não consigo. Haverá um problema qualquer. Logo que possível tento actualizar.
Las Vegas, N 36º 09,884’ W 115º 07,862’
Queirós seu grande maroto !
ResponderEliminarAndas na night de Las Vegas a curtir com loiraças. Agora já sei porque não davas notícias a algum tempo, realmente deve estar "muito" quente por aí.
Aproveita a tua viagem e visita os 3 CSI (Las Vegas, Miami e NY), ficam na rua rota, eh,eh...
É bom saber q estás bem e a divertir-te. Continua assim amigo.
Grande Abraço
Valente - MCP
Ola Queiros,
ResponderEliminarBem, a noite em Vegas foi inspiradora para as descrições e fotos publicadas!Até parecia um filme a entrada no Death Valley... com tanto calor... até senti um "arrepio" e quase consegui "ver" um abutre a pairar!
Agora a serio, a foto da entrada é deslumbrante!
Quanto às quedas de água... que dizer..não é?
Vamos lá a curtir.. mas não demasiado, pois o corpinho é que paga e a moto não tem "piloto automático" pois não?
(mas já vi que por tras está uma mulher a tomar conta dos "três estarolas" - valha-nos isso!)
Continuação de boas aventuras e que corra sempre tudo bem!
Ah! e há quem venha de Vegas casado...
T.
Boa Tone!!!!!!! Las Vegas! Músca...! Alegria! Força goza a vida! Pelo teu aspecto na foto estás óptimo! E.. bem acompanhado! não te esqueças do protector solar e não sÓ!!!!!!
ResponderEliminarContinuação de uma boa aventura!!!!!!
Beijinhos Belacruz
Bem, Queirós, isso foi um roteiro completo pelo oeste americano! De uma assentada andaste por alguns dos melhores lugares da região.
ResponderEliminarVai-se aprendendo sempre com as tuas impressões de viagem.
Cont. de boa viagem.
Abraço,
fernando
Oi Antonio, sou Raul. Conversamos no sequoia park sobre Alaska. Muito boa a pagina e ótima historia sobre Dead Valley deu vontade de conhecer mas acho que espero a primavera ja que senti 49 graus na Arizona e como você diz nao da para deixar entrar um so suspiro de vento quente.
ResponderEliminarUn forte abraco y ride far ride safe ride always
Olá TiTone,
ResponderEliminarEsta passagem foi fantástica e os locais de eleição mas não estarás a andar muito rápido? Esse relato de Vegas foi muito pobre e o véu ficou por levantar mas o que importa é o que não se deixou por fazer! Imagino como será desolador e... desidratante tantos km sob esse calor!
Mostra-nos mais pormenores sobre as pessoas no seu modo de vida.
Força amigo!
Carlos A
ola, eu sou do brasil e reparei que vc é de portugal, tenho familia em fafe!
ResponderEliminarsei que não nos conhecemos mas achei muito legal sua viagem e tenho esse mesmo sonho, gostaria de saber como voce levou sua moto de portugal para os EUA, foi de navio? e tambem queria saber se é facil de passar pelas fronteiras ou se tem algum tipo de documento especial? Se possivel entre em contato pelo email cristianoolameiras@gmail.com para podermos nos falar, posso até te ligar meu tel é:codigo brasil(55)codigo rio de janeiro(21) 88470189! Desde ja obrigado e aguardo seu contato.