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quarta-feira, junho 30, 2010

Por Washington, no noroeste dos E.U.

Na quinta de manhã, dia 24, saí de Revelstoke. Já era tempo.
Chuviscava mas pouco depois já havia sol outra vez.
Ao passar a fronteira para os Estados Unidos o agente fronteiriço quis ver tudo o que eu levava. Mandou-me abrir as malas e sacos que tinha. Espreitou em todos e disse que estava em ordem. Isso já eu sabia, mas não disse nada pois pelo que li se ele embirrasse comigo e não me autorizasse a entrada nem o presidente me podia ajudar.
Tenho até dia 23 de Setembro para andar por aqui. A minha ideia é ir até ao Canadá outra vez e não posso deixar passar a data.
Foram bastantes quilómetros, melhor milhas, pela serra até chegar a uma região mais plana. Numa paragem que fiz vi muitas andorinhas que estariam a fazer ninhos numa encosta sobranceira à estrada.

Ao passar em Spokane tentei passar ao lado da cidade mas mesmo assim ainda havia muita confusão de trânsito.
Em Creston, uns tipos disseram-me para ir mais pelo norte pelas montanhas pois era uma estrada espectacular. Também para passar em Winthrop que é uma cidade do “far west”.
Tem estado calor e as planícies são mesmo enormes.

Um pouco antes de Grand Coulee, junto da barragem, virei para o Spring Canyon para ficar no parque de campismo. Um dos indivíduos dissera que havia água e chuveiros mas não há chuveiros.

De madrugada é que ia levando um chuveiro. Acordei com um barulho forte na tenda e pensei que estava a cair uma chuvada. No dia e noite anteriores nada o fazia prever.
Afinal era o sistema de rega que começou a funcionar. Por acaso ao montar a tenda tinha visto o tubo e só não montei a tenda em cima porque me pareceu que podia magoar as costas.
Continuei estrada fora na direcção de Wintrop. O calor começava a apertar e quando lá cheguei já dava para transpirar.
A cidade parece mesmo daquelas do faroeste com as casas de madeira e algumas delas pareciam mesmo antigas. Os passeios eram de madeira e tinham cobertura, o que dava jeito por causa do sol.


Atravessei o Northern Cascades Nat. Park pela estrada 20 que tem um percurso muito agradável. Como o tempo está bom não faltavam ciclistas estrada acima e abaixo. Também os motociclistas eram mais que muitos.

Segui para a zona costeira mas depois vi que havia mais um outro parque natural mais a sul e fui até lá.
Uns quilómetros na inter-estadual 5 deixaram-me a pensar que a estrada 9 seria uma boa alternativa. Segue quase a par e tem muito menos trânsito. Nos primeiros quilómetros entre pequenas aldeias com casas de madeira e sem vedações havia poucos carros, só mais lá para a frente aumentou o movimento.
Depois do desvio para o Monte Rainier vi que o conta-quilómetros já não conta outra vez. Tenho de começar a usar o GPS para contar os quilómetros.
Entrei no Mount Rainier National Park e fui andando por aquela estrada que subia e descia por vales espectaculares cobertos de densas florestas.

Resolvi ficar por ali mas antes tive de ir abastecer a uma cidade próxima, uns vinte quilómetros, pois iria mais para o interior do parque e não teria gasolina suficiente para dar mais umas voltas.
O parque campismo é simples mas tem água.
Andei por ali a dar umas voltas na moto e a pé. As montanhas ainda estão com muita neve e alguns trilhos ainda estão fechados, mas para mim chegavam os abertos.

O monte Rainier estava quase sempre coberto de nuvens e só a meio da tarde o vi quase descoberto.

O Paradise Valley, um dos pontos grandes do parque, ainda está cheio de neve.

Fui ainda à zona de Longmire onde fiz o Shadows Trail, pelo meio de árvores enormes. Só mesmo no topo do monte se podia ver um pouco do vale mas foi preciso mais de uma hora a subir. Ainda pensei seguir mais um pouco mas tinha deixado o mapa na moto e não sabia a distância que teria de percorrer. Regressei pelo mesmo caminho.

Nessa noite fez frio e de madrugada comecei a sentir pingas na tenda. Seria neve? Não era a humidade que caía das árvores pois estava um nevoeiro denso.
Preparei tudo e saí. Estrada fora não se via grande coisa. Ainda bem que no dia anterior estava sol, com algumas nuvens é certo.
Só depois de atravessar a montanha e descer é que voltou a abrir.

A minha ideia era seguir para a costa e depois para sul. Ia pensando que se calhar queria ficar num motel para ter internet e poder carregar as pilhas das máquinas que com o frio aguentam menos tempo.
Em Raymond, junto ao mar, fiquei no primeiro motel. Não sei se valeria a pena andar à procura, os preços serão semelhantes.

Eu sei que há pessoas à espera que eu escreva alguma coisa mas nem sempre me é possível. Muitas vezes não consigo arranjar ligações de internet e além disso isto dá-me uma trabalheira… Vou tentar… mas quando puder. É que os motéis são caros, para arranjar internet e nem todos têm.
Raymond, N 46º 41,288’ W 123º 43,983’

terça-feira, junho 22, 2010

Já na estrada

Ainda passaram poucos dias mas desta vez apenas vou dizer que já estou de regresso à estrada.
No último dia em Victoria estive com o Dug e o Marco a pôr a moto deste em ordem para rolar. Estava bem pior que a minha. Tinha alguns problemas que foi preciso resolver mas a meio da tarde fomos dar uma volta para testar tudo e ver se ele podia seguir.
Ele só tem quatro semanas e vai atravessar o Canadá até Halifax de onde vai enviar a moto para casa.
No sábado eu, finalmente, reiniciei a minha viagem.


Fui pela estrada nº. 1 até Nanaimo para apanhar o barco e atravessar um pouco mais a norte de Vancouver, cidade enorme que teria de atravessar.
Percorri a estrada 99 que passa em Whistler e achei-a simplesmente espectacular. Foram mais umas centenas de quilómetros por montanhas com os cumes cobertos de neve e ao longo de rios e lagos, nesta região é o que mais há.


Só muito próximo de Kamloops há um vale que é mais seco. Parece que concentra o calor e é o vale mais quente de toda a região.
O dia esteve magnífico para viajar de moto, com sol e sem estar calor, tirando este vale do Cache Creek.

Cheguei a casa do Peter e da Carol mesmo ao final da tarde.

Vou estar aqui dois ou três dias e depois sigo para sul, para os Estados Unidos.

quinta-feira, junho 17, 2010

Victoria, recomeço da viagem

Já estou de volta ao Canadá para continuar a minha volta pelas Américas.
A segunda-feira foi um longo dia de voos. Desde a madrugada até ao final da tarde, hora local em Victoria, foram umas catorze horas no ar. Pelo meio ainda bastantes horas à espera das ligações, mas tudo correu bem. Passei em Frankfurt pela hora do meio-dia e tive de comer uma chinesice. Uma sopa de não sei quê mas estava boa.

Na terça foi preciso tratar de pôr a moto em ordem para andar. Foram longos meses de hibernação.
A bateria precisou de pouco mais de uma hora para ficar carregada. Depois de várias tentativas o motor não pegava. O produto que se tinha posto na gasolina, no ano passado, deixou as velas sujas e foi preciso tirar uma de cada cilindro para as limpar.
Postas no devido lugar o motor começou logo a ronronar. Uma pequena volta deu para ver que estava tudo em ordem.

Há que tempos sonhava com voltar a andar na minha moto.
Trouxe um pisca esquerdo traseiro para substituir o que estava partido, desde uma queda na Argentina, mas quando já estava para o encaixar no seu sítio reparei que não era bem igual ao outro, mas não há problema. Funciona que é o que interessa.
Uma bicha do conta-quilómetros que também trouxe não tinha a medida certa, era um pouco mais comprida. Tive de esmerilar a ponta para que ficasse quadrada e encaixasse no sítio. Foi uma luta conseguir acertar lá no buraco e prender a ponta. Mas lá consegui depois de esfolar os dedos no meio de todos os cabos por baixo dos manómetros.
Aparafusei em baixo e só faltava testar.
Ao início da tarde o Dug disse-me para irmos dar uma volta para ver se estava tudo em ordem.
Atestei, para que o produto que tinha no depósito diluísse mais um bocado.
A moto rola sem problemas, nem parece que esteve tantos meses parada. O conta-quilómetros também funciona! Só espero que não estrague o interior do encaixe.

Enchi o depósito do fogão e experimentei-o. Também funciona bem.
O Marko, que conheci na Colômbia, deve chegar esta noite. Também vem buscar a sua moto para recomeçar. Espero que consiga pô-la rapidamente a andar.
A moto dele é a terceira a contar da esquerda. As outras três são do Dug, uma CBR XX, uma KLR 650 e uma Laverda 1000, coberta com panos pois só de longe a longe sai à rua.

Quero estar com o Marko e amanhã arrancar.
Espero que o bom tempo continue.
»»» «««
Vi agora, aqui ainda não são sete da tarde, que a TrofaTv já pôs no ar a entrevista que me fizeram. Se alguém quiser ver www.trofa.tv

domingo, junho 13, 2010

De volta ao Canadá

Estou quase de partida para o Canadá, Victoria mais exactamente.
A minha moto ficou lá a hibernar durante uns meses e agora o verão está quase à porta e tenho de ir lá para a pôr a rolar novamente.
O ano passado tinha ficado com a ideia de que talvez fosse possível fazer o regresso a casa atravessando toda a Rússia mas imponderáveis de última hora não me ajudaram nessa fase da viagem.
O meu amigo canadiano Dug, que me tinha desafiado, escreveu-me há tempos a dizer que não poderia fazê-lo este ano, pelo menos na data que tínhamos combinado, por isso desisti da ideia pois não quero fazer essa travessia sozinho. Não é que tenha medo mas pelo que tenho lido haverá por lá, em especial na Mongólia e Cazaquistão, alguns percursos a exigirem uma autonomia de 500 quilómetros. A minha moto ainda faz uns 350 mas, mesmo com um depósito suplementar de cinco litros não quero arriscar.
Se decorrerem bem as negociações entre a Rússia e a U.E., segundo li num jornal há dias, pode ser que daqui a pouco tempo os europeus do espaço Schengen já não precisem de visto para lá entrar. Espero bem que sim. Depois...
Agora quero ir a Victoria, pôr a moto a rolar e atravessar o continente até Nova Iorque.
O plano será, mas sujeito a mudanças a cada dia, descer até à Califórnia, seguir em direcção ao Texas e Florida e depois voltar novamente a norte. Quero ver as cataratas de Niagara e acho que será a melhor oportunidade que terei. Depois contornar os grandes lagos e rumar a Nova Iorque.
Estando por aí só tenho de tratar de embarcar a moto e a mim para Portugal.
Espero lá para meados de Outubro estar de regresso a casa.