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sábado, maio 24, 2008

Mais uns dias em Salta

Estes dias tem feito um tempo primaveril, não outonal, por isso pensei ficar por aqui até ver. Além de que o sossego é muito bom.
Aproveitei para, segunda de manhã, subir ao cerro San Bernardo que fica uns duzentos metros acima da cidade para ter uma panorâmica da mesma. Fui de moto e não a pé. Para ir a pé tinha de atravessar a cidade toda, uns três quilómetros, e depois subir por um carreiro com 1.021 degraus, se não estou em erro. Com o calor que tem estado, nem pensar!
A cidade estava coberta por uma neblina que não a deixava ver muito bem. Não seria da humidade mas sim da poluição, pois a cor até era um bocado escura.

Depois de um dia sem fazer nada fui até Cachi, pequena aldeia a cem e cinquenta quilómetros de Salta. Nos panfletos turísticos diz que este percurso é muito bonito. Realmente começa num vale muito interessante.
Mas logo no início, quando acaba a estrada de asfalto aparece um pequeno rio que é preciso atravessar a vau. Não é largo mas a entrada e saída da água é que pareciam mais complicadas. Parei a estudar a coisa e disse: prá frente é que é o caminho. Entrei na água devagar e à saída a moto ainda resvalou um pouco mas não houve problema.
A quebrada de Escoipe é a primeira parte da subida e ao fim de alguns quilómetros volta a ser estrada de asfalto. Piso bom e boas curvas no meio de encostas de tons avermelhados que com o verde da vegetação formavam uma paisagem que apetecia ficar ali a contemplar.


Andados mais uns quilómetros volta a estrada de terra e a subir mesmo a sério.
Serpenteando pela Cuesta del Obispo acima sobe-se até aos 3.300 metros de altitude por um vale mais verde mas em que a vegetação é rasteira pois quase não se vêem árvores. Em muitos sítios os regatos ou ribeiros passam pela estrada já que não há pontes.

Na zona do planalto, meio desértico e com muitos cactos, há alguns troços de asfalto mas já mais próximo de Payogasta e Cachi. Aqui parei para almoçar e depois de uma volta na aldeia voltei à estrada.


Para não vir pelo mesmo lado fui mais à frente pela Ruta 40 até Los Colorados. Nesta parte da estrada as rochas voltam a ser avermelhadas. Andava uma máquina a arranjar a estrada e durante bastantes quilómetros a terra estava muito macia e escorregava. Parecia areia.


O que vale é que pouco depois voltei ao planalto que ia dar à Cuesta del Obispo para iniciar a descida.
No início da descida o meu GPS voltou a ficar meio maluco. De manhã quando tinha saído de Salta parecia que estava a funcionar em câmara lenta e só quando cheguei ao final da subida da Cuesta del Obispo voltou ao normal e agora ao iniciar a descida volta ao mesmo. Em vez de avançar segundo a segundo demora cinco ou seis segundos a avançar. Já na semana passada quando tinha ido a San Antonio de Los Cobres tinha acontecido o mesmo, mas pensei que fosse passageiro. Deve ser influência de alguma zona magnética ou radioactiva!?
Ao descer a montanha dá para apreciar a paisagem de outra perspectiva e ver a altura a que passa a estrada nalguns pontos.

Ao chegar ao rio que tinha de atravessar vi que afinal não teria mais que cinco ou seis metros de largura e foi mais o medo de cair que outra coisa quando atravessei de manhã.
Agora estes dias têm sido para retocar algum do material que tenho: coser umas luvas, as calças e desmontar e limpar o fogão. Nestes últimos dias nem o tenho utilizado muito pois por este lados come-se bem e barato. Mesmo aqui perto do parque de campismo há um restaurante, o La Herradura, que serve muito bem "y las camareras son muy guapas".



Voltei a subir ao cerro de San Bernardo, mas desta vez de teleférico, para ver se a cidade se via melhor mas não, a poluição continua. Salta é uma das cidades que visitei ou passei que tem menos árvores nas ruas. Em muitas outras cidades quase todas as ruas têm árvores e por aqui quase só nas praças é que há árvores.
Neste domingo a presidenta da república vem para as comemorações do 25 de Maio, data da revolução que em 1810 iniciou a luta pela independência da Argentina.
Vou ver como são as festas e depois tenho de abalar, já são duas semanas no mesmo lugar.

O mapa com o trajecto que tenho feito não está actualizado porque não consigo encontrar um lugar com ligação de internet em condições, quero dizer velocidade. Quando tento desenhar o percurso o registo dos pontos é tão lento que desisto.
Irei actualizando sempre que for possível.
Km 14450, Salta, S 24º 48,728’ W 65º 25,170’

9 comentários:

  1. Como então o Amigo Queirós não quer sair de Salta, pois...pois...o motivo tinha que ser forte...(o La Herradura, que serve muito bem "y las camareras son muy guapas".) pois, comidinha e camareras??
    Continua a tua aventura com essas fotos e uma crónica do melhor.
    Boa sorte
    Um abraço Mário Almeida (falcaodonorte)

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  2. olá antónio
    nunca escrevi nenhum comentario, apesar de quase todos os dias ver se há alguma actualização, umas vezes por falta de tempo outras por achar que devia deixar o espaço para outros, no entanto, agora que tenho mais tempo (sempre fui operado ao ouvido) deixa-me dizer que tenho sentido um grande prazer em seguir a tua viagem.
    Talvez pela proximidade não nos apercebemos completamente da aventura que ousaste empreender. Todos nós somos corajosos mas na altura certa "cortamo-nos". Tu levas tudo até ao fim. Continua com esse espirito que nós continuaremos a ler as tuas crónicas com a mesma ansiedade e satisfação.
    Um abraço do Paulo, Natalia e Isa.
    Paulo

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  3. Mais uma vez parabéns, pelo espírito empreendedor, pelas fotos, pelos textos e agora em especial pelas vídeo reportagens, simplesmente fantásticas.
    Continua assim pois esse é o caminho.
    Um grande abraço,
    Eduardo Lima

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  4. Duas semanas parado!!! Ou foi para matar saudades da poluição ou foram mesmo "las camareras" que te prenderam... até o GPS anda nas calmas....
    pedroleite

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  5. Olá Tone!
    Não és só tu que organizas viagens! A tua Dete organizou uma mega viagem para as senhoras mais maduras da Gandra! Foi um sucesso! Tens a quem sair! Nem o ar lhe faltou ao longo do dia! Super feliz e realizada! Continua a tua maratona e a mandar-nos fotos espectaculares!
    Beijinhos da Paula, Nel e Bela

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  6. Grande Queiros !!!
    O que importa é manter a mente alta e o coração tranquilo. E que venham as rodovias.

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  7. Grandes paisagens essas!
    E então em tons nacionais (vermelho e verde) ainda se tornam mais atraentes (embora imagine que as "camareras" o sejam mais ainda ;-)
    Admiro o teu espírito para percorrer todos esses quilómetros de terra, gravilha, travessias a vau,... sempre sozinho. É que nem o GPS consegue acompanhar o teu ritmo :-)
    O problema dele não está relacionado com motivos magnéticos - deves estar é a atravessar uma zona menos coberta de satélites, o que o deixa mais tempo a "pensar"
    Abraço

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  8. Grande Queirós
    Até que enfim tive tempo de voltar a ler atentamente os teus relatos, após o lufa-lufa do 10º Lés-a-Lés.
    Agora estamos a preparar o moto-rali dos Açores e já tenho a K75 e mais 60 motos em contentores para S. Miguel.

    Mas piada mesmo tinha irmos seguir as tuas pisadas pela Argentina, Uruguai e Chile fora.
    Estás a desbravar caminho para nós.
    Quando algum de nós aí for, já leva a papinha toda feita.
    Já tem havido outros - Tito, Jp, Gonçalo, Nomad's - a cruzar de moto essas paragens, mas não como tu. Tu vais aos cantinhos todos e dizes onde termina o asfalto, onde se come, onde se bebe, onde as camareras são guapas...
    Não falha nada!
    Tira mais fotos às pessoas.
    Um grande abraço e viva o FC Trofense que subiu à 1ª Liga.

    Nestes

    PS: rolar a 4.760 m de altitude? Arre...

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  9. Queirós, só agora entrei em contacto com o teu blog,e fiquei enormemente contente com tudo o que relatas. Um grande abraço e beijos da Fadma. Nóbrega-Camarões

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