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segunda-feira, fevereiro 18, 2008

Junin de Los Andes, na Fiesta del Puestero

Em El Bolsón sente-se um ambiente de festa apesar de os dias serem normais. Há muita gente nas ruas e pode-se apreciar alguns artistas nos parques ou jardins da cidade, à sombra pois está calor e o sol é muito forte.
Apesar do calor que fazia durante o dia, na manhã em que saí de El Bolsón estava mesmo fresco. Mas nem era pior.
Rolar nas estradas asfaltadas é uma maravilha. Passar nestes vales com os lagos de água muito azul ou então acompanhar os rios com a água cristalina é um prazer enorme.

Agora a estrada tem subido ligeiramente e passou a andar entre os setecentos e oitocentos metros. O ar fresco tem-se mantido.

Quando cheguei a Bariloche procurei um parque de campismo e não encontrei. Como a tarde já estava a adiantar-se parei num restaurante para almoçar. O preço foi meio caro mas já estava a ficar com fome. Depois teria mais tempo para ir à procura de um parque.
O único que encontrei deixou-me amedrontado. Pediram-me 50 (cinquenta) pesos e era a taxa mínima. Até agora tenho pago entre 10 e 15 pesos. Já houve ocasiões que paguei 8 ou até 17, mas isto era um exagero. Se os preços eram assim não queria ficar por ali.

Olhei para o mapa e pensei continuar para San Martin de los Andes, mas ainda eram cento e sessenta quilómetros e tinha a hipótese de haver alguma parte em rípio e isso iria fazer-me chegar muito tarde. Ali é que não queria ficar.
Vou seguindo e depois páro onde calhar, pensei.
Pouco depois da saída de Bariloche vi placas de sinalização com o nome de Villa La Angostura, que ficava muito mais perto, e de que tinha lido qualquer coisa. Deixei a estrada que seguia e inclinei para lá. Inclinar é mesmo o termo pois há já bastantes dias que não tinha apanhado vento na estrada. Sempre tive de parar e vestir o forro do blusão pois já estava a ficar com frio e a altitude ia aumentando lentamente.

Afinal nesta vila os preços também são turísticos. O parque de campismo só custa 29 pesos mas, mesmo assim, ainda é muito caro. Quando passei no posto de turismo deu para ver os preços dos "hostels" e "cabañas" que oscilavam entre 110 e 150 pesos para quarto simples e acima dos 190 para duplo. Preços para turistas!!! E a cidade é só para turismo.
Por acaso foi aqui que encontrei o preço mais baixo para ir à internet, 1,5 pesos por hora, e até nem era muito lenta.
O tempo mudou e a chuva começou a aparecer. Chuvisca de vez em quando e durante o dia está frio e de noite arrefece mesmo.No porto de Bahia Mansa, no lago Nahuel Huapi, vêem-se os barcos para as excursões turísticas no lago. A vista sobre o lago é muito bonita.

Continuo em direcção a San Martin de Los Andes, desta vez pela estrada de montanha.
Os primeiros quilómetros, uns dez se tanto, são em asfalto e contornam o lago até que no desvio começa o rípio. Foram quase cinquenta quilómetros numa estrada em obras e em que nalguns pontos a terra macia e a humidade da chuva do dia anterior ainda me assustava mais. Não chegava a fazer lama só que com a passagem dos carros formava regos em que eu tinha medo de cair.
Havia muitos lagos, chamam a esta estrada a “Ruta de los 7 lagos”, mas alguns mal se viam por causa das árvores. Também porque era preciso olhar para o chão para não tropeçar nas pedras. Quando entrei novamente no asfalto já deu para relaxar e apreciar melhor.

Ao aproximar-me e passar por San Martin de Los Andes vi que afinal a cidade se parece com as outras.

Cheguei a Junin a meio da tarde e depois de umas voltas lá dei com parque de campismo. É barato, 10 pesos, mas com o serviço curto para tanta gente.
Este fim de semana são as festas na cidade e o parque está cheio. Há um outro mais ao lado que está esgotado. Um rio passa mesmo aqui ao lado.
Apesar de estar a oitocentos metros, mais ou menos como Villa la Angostura, aqui em Junin faz calor durante o dia, à noite arrefece um pouco.
À noite o barulho dura até que horas, apesar de haver avisos para fazer silêncio a partir da meia-noite. Não adianta com toda a gente a fazer os assados a partir das dez/onze horas. Depois também há a canalha que grita, joga à bola e faz pó e anda de bicicleta e faz pó.

A “XX Fiesta del Puestero” decorreu até domingo, dia 17. Puestero é como chamam por aqui aos gaúchos ou vaqueiros, os que tratam do gado.
Quando passei em El Bolsón vi um cartaz sobre esta festa e pensei que estava sempre a chegar atrasado às festas que aconteciam em alguns lugares e desta vez resolvi que iria chegar a tempo. Foi também uma das razões que me levou a não parar em Bariloche e depois em San Martin de Los Andes.

No sábado de tarde fui até um recinto onde estavam a acontecer algumas actividades relacionadas com a festa. Quando cheguei estava a decorrer uma prova em que equipas de dois “puesteros” tinham de ordenhar vacas para ver quem tirava mais leite. Com muitos homens e vacas em campo aquilo era uma confusão tremenda.
Depois foram as novilhadas, em que montavam novilhos para ver quem aguentava determinado tempo em cima deles. Trambolhões para quase todos.
A seguir foram as “jinetadas” em que os “puesteros” montavam cavalos bravos em pêlo e também tentavam aguentar determinado tempo. Foi muito interessante ver isto ao vivo.


No domingo de manhã também comemoraram os 125 anos da fundação da cidade com discursos e desfile nas ruas da cidade.
Da parte de tarde voltei a ir ver as “jinetadas”, só que desta vez os cavaleiros já montavam com uma pequena sela. Foi interessante ver e houve alguns que foram mesmo espectaculares.
Km 05458, Junin de Los Andes, S 39º 57,173’ W 71º 03,830’

8 comentários:

  1. Olá Queirós,

    Depois de ler o teu relato, já estive no Google a ver por onde andas.
    Vi o riajo com a pontesinha do parque de campismo. Além de as paisagem serem idilicas ainda ficas em parques de campismo onde não apetece sair.

    Aproveita

    Um Abraço

    Paulo Oliveira

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  2. Grande Queiros

    Vê-se que te animastes de novo. O que vemos aqui são as paisagens mais lindas do planeta. Conhecer um pouco das paisagens e dos costumes dos povos andinos é tudo de bom. Raras pessoas, privilegiadas e corajosas como tu, têm o prazer de ver tudo ao vivo e em cores. Você é abençoado por Deus. Vai firme. !!!!!

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  3. Olá Tone
    Finalmente tenho internet na casa nova e já posso acompanhar a odisseia mais de perto. Tenho visto na fábrica ou na mãe.
    Hoje fui ver no Google Earth por onde andas e realmente os lagos devem ser mesmo espectaculares. Vêm lá assinalados alguns cumes de vulcões e depois de teres ido ver os glaciares só falta mesmo veres um vulcão em actividade! Aí muito perto está o Llaima, no Chile que mantém uma ligeira actividade. se não, passa no Popocatapetl no México, pode ser que que dê para ver a lava a saltar!
    Um abraço e continua
    Cândido

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  4. Parabéns Queirós!
    Já mostras mais vida nas tuas fotos. Estás a progredir a olhos vistos. Fico contente por te saber bem. Vai curtindo a vida porque trabalhaste para isso. Tomara a muitos de nós podermos fazer-te companhia.
    Fiquei mais tranquilo porque pela tua prosa parace-me que não estás com muita pachorra para aturar canalha...;)
    Assim sendo vê-lá se dás um nó na câmara de ar (não vá ela romper-se...) que é para não arranjares problemas do... rípio!

    Um abraço e continuação de boa viagem.

    Mustafá

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  5. Realmente, Queirós, isso está a animar.
    Jinetadas, hem?
    Fixe!
    Já agora, a como está o peso?

    Bota prá frente!

    Grande Abraço

    Nestes

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  6. Só hoje - 5º feira - vim procurar notícias e fiquei satisfeito de te ver mais animado e a fotografar gente e actividades locais,................continua que vais bem.
    Como disse o caldeira atenção aos furos das "camaras de ar",mas não te acanhes com o "rípio".

    G.Albuquerque

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  7. boas fotos Queirós, obrigado! ;-)

    A. Pedro

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  8. Tás lixado... quando vieres vais ter que demonstrar essas "jinetadas" ao vivo aqui ao pessoal... vai treinando...

    pedro leite

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