Na saída de Hot Springs pude apreciar os lagos ao redor da cidade. Agora já não se vê muita gente a passear pois o ano escolar já começou e não há tantas pessoas de férias. Só se viam as marinas e os ancoradouros com os barcos estacionados.
Atravessar o Arkansas era o meu destino. Segui por algumas estradas secundárias para atingir as montanhas de Ozark. Serviram para quebrar a monotonia das longas rectas.
As estradas na montanha eram uma delícia para rolar, muitas curvas e subidas e descidas.
Mais à frente entrei no Missouri até chegar a Kansas City, cidade que está dividida pela fronteira entre o Missouri e o Kansas.
Passei dois dias em casa do Sean Tucker, que conheci em Buenos Aires, e da mulher,Angel. Aproveitei para mudar os pneus que já estavam a chegar ao fim, o dianteiro ainda duraria mais uns quilómetros mas assim já ficava o problema resolvido até ao final da viagem.
Na sexta à noite houve uma pequena festa onde se juntaram amigos e família.
Apesar de uma visita guiada pela cidade, aqui o bairro do jazz,
perdi-me ao sair da cidade. Acontece-me muitas vezes.
Segui pela estrada 7 durante um pedaço, ao longo do rio Missouri, entrando depois na inter-estadual 29. Saí para a estrada 2 e logo mais à frente havia vestígios de inundações, campos cobertos de água e até a estrada estava com uma das faixas cortadas por causa da água.
A seguir a Lincoln procurei a Pawnee State Recreation Area para acampar por lá. O parque de campismo fica mesmo ao pé de um lago.
Continuei pela estrada 2 que já começa a ir para noroeste mas é sempre a mesma coisa, milho e soja ao longo de quilómetros de estrada. Colinas cobertas de erva e algumas árvores lá pelo meio vão quebrando a monotonia mas ao fim de muitos quilómetros não desperta interesse.
A meio da tarde levanta-se um vento fresco que me obriga a vestir o interior do blusão. Há semanas que andava só com o exterior e mesmo assim o calor sobrava.
A linha do caminho de ferro acompanha a estrada durante centenas de quilómetros e os comboios de carvão passam uns atrás de outros, longos de dezenas de vagões.
A certa altura a moto pede a reserva e começo a ver no mapa se haverá alguma aldeia maior com gasolina mas nada e no GPS diz que será só a 60 milhas (96 kms), o que é muito longe. Talvez tenha passado sem ver alguma estação de serviço que às vezes parecem fora de serviço de tão velhas que estão. Comecei a pensar que ainda ia ficar seco ali no meio daquele deserto de casas.
Próximo de Lakeside havia umas obras na estrada e tive de parar. Perguntei à moça que controlava o trânsito se na aldeia mais à frente haveria gasolina e ela disse que não sabia mas talvez não, era demasiado pequena. Ela ainda perguntou se a gasolina não daria para chegar a Alliance, uns 40 quilómetros. Eu disse que já vinha na reserva talvez há uns 50 e a reserva dá para 50.
Nesta ocasião ela telefona para um colega, estávamos na hora de despegar, a perguntar se tem gasolina e ele diz que sim e já vem a caminho. Quando chegou ela falou com ele outra vez e ele disse que eu podia usar a gasolina de um pequeno bidão que ele tinha, uns 6 litros.
Quis pagar mas ele disse que nem pensar. Agradeci, pus a torneira na posição normal e arranquei.
O vento voltou e também o meu receio de ficar sem gasolina mas ao fim de meia dúzia de quilómetros a moto não pedia a reserva e vi que já dava para chegar ao oásis.
Fiquei em Alliance pois já a tarde acabava e bem precisava ao fim de 580 quilómetros, os últimos meio sofridos.
O pior foi no dia seguinte. Logo pela manhã ia-me dando uma coisa.
Quando pus o motor a andar fiquei meio assustado. O motor falhava e não subia de rotação. Pensei logo que a gasolina que me tinham dado ontem estava marada ou teria lixo e entupido os carburadores.
Deixei o motor aquecer um pouco e entretanto fui a uma bomba de gasolina pois precisava de atestar. Enchi o depósito e fui seguindo devagar para ver se o motor aquecia. Ao fim de uns quilómetros já rolava normalmente.
Segui pela estrada 385 em direcção a Hot Springs, no Dakota do Sul, sempre numa planície sem fim.
Ao chegar ao Custer State Park, na região das Black Hills,
segui pela estrada 87. Neste parque as estradas são óptimas para rolar, bom piso, muitas curvas com subidas e descidas.
O problema é que o limite de velocidade era baixo e não se podia ter o gozo que as estradas poderiam dar, além disso havia muitos carros a andar bem devagar.
O Crazy Horse Monument fica por aqui e tive de lá ir ver. Lembro-me de ler muitas histórias sobre este chefe índio e a sua relutância em deixar-se dominar pelo exército. Por agora apenas tem uma cara feita
mas toda uma pequena montanha vai ser esculpida com um cavaleiro e o seu cavalo.
Um museu ali próximo tem uma grande mostra de coisas antigas sobre os índios.
O Dave, que conheci em Alliance, tinha-me dito para não falhar a Needles Hwy e a Iron Mountain Hwy. São duas estradas cheias de curvas, subidas e descidas e pequenos túneis,
além disso em três ou quatro pontos fazem uma volta completa.
Não podia passar sem ir ver o Mount Rushmore National Memorial. Aqui vi uma moto, uma TDM, com matrícula da Eslovénia.
A minha visita às Black Hills estaria feita e resolvi continuar para leste.
Fui até Hill City e daí segui pela Old Hill City Hwy, a estrada 323. Uma maravilha de percurso até Keystone, apesar das inúmeras vezes que foi preciso atravessar a linha do comboio.
O Badlands National Park ficava em caminho e segui por lá.
Fui ao centro de visitantes e vi que dava para ir pelo interior do parque durante um bom par de milhas. Formações rochosas ao longo da estrada, como uma espécie de colunas, eram o mais interessante para ver.
Voltei à estrada principal e a partir daí foi sempre a andar para leste. Segui pelas estradas 14 e 34, com enormes plantações de girassóis, e a partir de Pierre pude apreciar um pouco do rio Missouri.
Fiquei em Fort Thompson e agora tenho de ir seguindo para norte e leste.
Fort Thompson, N 44º 04,258’ W 99º 26,114’
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sexta-feira, agosto 27, 2010
quinta-feira, agosto 19, 2010
Vou para norte, fugir ao calor
Passei uma semana em casa do Lou a descontrair depois de tantos dias sempre a rolar.
Num dos dias em que ele teve de sair aproveitei e fui a San Antonio para visitar El Alamo, um sítio histórico para o Texas e para os Estados Unidos. Confesso que fiquei um pouco decepcionado. Esperava uma coisa mais grandiosa mas apenas havia uns muros do que seria a antiga missão e uma capela, apenas as paredes. Mas foi interessante.
A cidade tem uma zona junto a um pequeno rio muito agradável, ajuda a refrescar do calor.
Ajudei o Lou nalgumas coisas que ele tinha de arranjar.
Num dos dias fomos a casa de um dos irmãos dele que vive junto a um lago e fomos dar uma volta de barco nesse lago. Num sítio como este não me importaria de viver.
Num dos dias em que estivemos à conversa falei dos meus planos de viagem e ele disse-me que devia abandonar a ideia de ir à Florida nesta ocasião pois estava demasiado calor. Deveria ir para norte e seguir pelo Canadá. Achei que não era má ideia, não senhor.
Tem estado um calor diabólico.
Sendo assim devia apenas ir até New Orleans e então virar para norte.
Em Morgan City cruzei uma ponte antiga bem bonita, ao lado já uma nova para a auto-estrada.
As estradas são muito monótonas, sempre iguais, através de planícies sem fim.
Ao entrar na Louisiana começa a ver-se mais verdura, muitos rios e zonas alagadiças.
Para quem gostar de vida nocturna a cidade de New Orleans tem que chegue. No sábado á noite fui até ao bairro francês e aquilo por lá era uma loucura.
Havia duas ou três ruas que estavam fechadas ao trânsito, em parte, por onde circulavam centenas de pessoas. Muitos bares ao longo dessas ruas tinham música ao vivo e alguns deles até outras cenas tinham ao vivo.
Quase toda a gente andava de copo na mão e eu não podia ser diferente. Uma cerveja e toca a andar pela rua. Nalgumas varandas as pessoas atiravam colares que alguns dos passeantes depois usavam.
Voltei cedo ao hostel, não sou da noite, mas sempre com cuidado para ver se não passava da paragem do eléctrico que dava para a rua do hostel. Não me queria perder por ali.
No domingo à tarde, voltei ao bairro francês para apreciar melhor algumas das casas que por ali ainda se mantêm. Passei no mercado e fui até à beira do rio Mississipi que tinha uma água acastanhada, de terra. Uma enorme ponte metálica cruzava o rio lá ao fundo.
Um barco a vapor daqueles antigos com uma roda de pás na traseira subia o rio mas ia mais próximo da outra margem. Não sei se o barco era mesmo antigo ou seria uma réplica, passou longe.
À noite trovejou e chuviscou mas na segunda de manhã o tempo já estava bom.
Bom é uma maneira de dizer, enquanto preparava e montava tudo na moto fartei-me de transpirar, de manhã e à sombra.
Saí da cidade por uma ponte de 32 quilómetros que atravessa um lago. A estrada vai quase ao nível da água e só por duas ou três vezes se eleva para formar um arco para os barcos poderem passar por baixo.
Segui para norte numa zona muito plana e que nada tem de especial para apreciar. Sei que vou apreciando a paisagem mas não houve nada fora do normal. Sempre campos verdes e muita floresta.
Passei em Natchez e apenas vi no rio Mississipi um dos antigos barcos ancorados e que agora serve de casino e restaurante. Algumas casas velhas e mais nada me despertou a atenção.
Uma ocasião tive de ultrapassar um tractor e fui durante um pedaço a mais de 60 milhas por hora – 104 quilómetros por hora, o limite era 55 milhas. Abrandei para o limite e pouco depois vi um carro da polícia num recanto entre a vegetação.
Pensei naquelas cenas dos filmes em que os carros da polícia estão escondidos atrás dos painéis publicitários e depois saem atrás de quem passa em excesso de velocidade.
Tenho tentado cumprir com os limites de velocidade e já vi muita gente parada a prestar contas à polícia.
Hot Springs fica junto a uns lagos e achei que seria um bom lugar para estacionar e ver.
Hot Springs, N 34º 29,487’ W 93º 03,504’
Num dos dias em que ele teve de sair aproveitei e fui a San Antonio para visitar El Alamo, um sítio histórico para o Texas e para os Estados Unidos. Confesso que fiquei um pouco decepcionado. Esperava uma coisa mais grandiosa mas apenas havia uns muros do que seria a antiga missão e uma capela, apenas as paredes. Mas foi interessante.
A cidade tem uma zona junto a um pequeno rio muito agradável, ajuda a refrescar do calor.
Ajudei o Lou nalgumas coisas que ele tinha de arranjar.
Num dos dias fomos a casa de um dos irmãos dele que vive junto a um lago e fomos dar uma volta de barco nesse lago. Num sítio como este não me importaria de viver.
Num dos dias em que estivemos à conversa falei dos meus planos de viagem e ele disse-me que devia abandonar a ideia de ir à Florida nesta ocasião pois estava demasiado calor. Deveria ir para norte e seguir pelo Canadá. Achei que não era má ideia, não senhor.
Tem estado um calor diabólico.
Sendo assim devia apenas ir até New Orleans e então virar para norte.
Em Morgan City cruzei uma ponte antiga bem bonita, ao lado já uma nova para a auto-estrada.
As estradas são muito monótonas, sempre iguais, através de planícies sem fim.
Ao entrar na Louisiana começa a ver-se mais verdura, muitos rios e zonas alagadiças.
Para quem gostar de vida nocturna a cidade de New Orleans tem que chegue. No sábado á noite fui até ao bairro francês e aquilo por lá era uma loucura.
Havia duas ou três ruas que estavam fechadas ao trânsito, em parte, por onde circulavam centenas de pessoas. Muitos bares ao longo dessas ruas tinham música ao vivo e alguns deles até outras cenas tinham ao vivo.
Quase toda a gente andava de copo na mão e eu não podia ser diferente. Uma cerveja e toca a andar pela rua. Nalgumas varandas as pessoas atiravam colares que alguns dos passeantes depois usavam.
Voltei cedo ao hostel, não sou da noite, mas sempre com cuidado para ver se não passava da paragem do eléctrico que dava para a rua do hostel. Não me queria perder por ali.
No domingo à tarde, voltei ao bairro francês para apreciar melhor algumas das casas que por ali ainda se mantêm. Passei no mercado e fui até à beira do rio Mississipi que tinha uma água acastanhada, de terra. Uma enorme ponte metálica cruzava o rio lá ao fundo.
Um barco a vapor daqueles antigos com uma roda de pás na traseira subia o rio mas ia mais próximo da outra margem. Não sei se o barco era mesmo antigo ou seria uma réplica, passou longe.
À noite trovejou e chuviscou mas na segunda de manhã o tempo já estava bom.
Bom é uma maneira de dizer, enquanto preparava e montava tudo na moto fartei-me de transpirar, de manhã e à sombra.
Saí da cidade por uma ponte de 32 quilómetros que atravessa um lago. A estrada vai quase ao nível da água e só por duas ou três vezes se eleva para formar um arco para os barcos poderem passar por baixo.
Segui para norte numa zona muito plana e que nada tem de especial para apreciar. Sei que vou apreciando a paisagem mas não houve nada fora do normal. Sempre campos verdes e muita floresta.
Passei em Natchez e apenas vi no rio Mississipi um dos antigos barcos ancorados e que agora serve de casino e restaurante. Algumas casas velhas e mais nada me despertou a atenção.
Uma ocasião tive de ultrapassar um tractor e fui durante um pedaço a mais de 60 milhas por hora – 104 quilómetros por hora, o limite era 55 milhas. Abrandei para o limite e pouco depois vi um carro da polícia num recanto entre a vegetação.
Pensei naquelas cenas dos filmes em que os carros da polícia estão escondidos atrás dos painéis publicitários e depois saem atrás de quem passa em excesso de velocidade.
Tenho tentado cumprir com os limites de velocidade e já vi muita gente parada a prestar contas à polícia.
Hot Springs fica junto a uns lagos e achei que seria um bom lugar para estacionar e ver.
Hot Springs, N 34º 29,487’ W 93º 03,504’
segunda-feira, agosto 09, 2010
No Sul dos Estados Unidos
Ao sair de Grants fui pela “Historic Route 66”. Agora tem outros números mas algumas indicações dizem que era aquela antiga estrada. A nova auto-estrada desviou toda a gente e agora por todo o lado se vêem as ruínas ou os restos do que outrora terão sido pontos vitais nessa estrada. Das bombas de gasolina ou dos motéis apenas restam destroços e paredes a cair.
A Route 66 ainda é um mito para muitas pessoas, a mim não me diz nada. Foi uma estrada do desespero, quando nos anos trinta do século passado muita gente a utilizou para ir até à Califórnia, uma espécie de terra prometida.
Nesta zona, os comboios têem dezenas de vagões e quando por azar se encontra uma passagem de nível fechada é preciso esperar longos minutos.
Ao passar em Socorro
fui ver a cidade fantasma de Kelly. Tinha visto nuns painéis informativos e uma empregada do motel também me falou nisso.
Era um desvio grande mas fui até lá. Os últimos quilómetros eram terra batida mas não houve problema, só mesmo a uns duzentos metros é que havia uns regos fundos e preferi ficar por ali. Afinal a cidade já não existe, apenas umas armações na entrada do poço de uma mina e uns bocados de parede de uma casa.
Estava lá um casal bastante simpático, o David e a Emma, com quem conversei um bocado. Ele já com setenta anos e ela muito próximo disso tinham sido garimpeiros e ainda querem continuar mas não está fácil. A Emma vai estudar mais um pouco para melhorar os seus conhecimentos.
Ao chegar a Alamogordo fui ao posto de turismo e lá indicaram-me um parque de campismo que ficava fora da cidade uns 20 quilómetros. Fui lá mas não me agradou, estava muito isolado de tudo e apenas duas auto-caravanas, não gostei.
Voltei à cidade e fiquei no segundo motel onde perguntei o preço, o Classic Inn.
Tinha pensado ir ao White Sands National Monument e depois visitar o museu do espaço e ir ao Imax, mas saí a meio da manhã e fui ver onde era o museu. Ainda fica a cinco quilómetros do sítio onde estou e resolvi ficar logo por ali. O White Sands ficaria para de tarde.
Fui ver um filme sobre o telescópio Hubble no Imax. Foi muito interessante e espectacular, desde a preparação do telescópio até algumas imagens por ele recolhidas. Gostei.
No museu pude ver algumas réplicas de satélites, como o Sputnik lançado em 1957, ou de foguetes e outras naves.
O lugar onde explodiu a primeira bomba atómica, a que chamaram Trinity, fica nesta zona mas só é aberto ao público duas vezes por ano, nos primeiros sábados de Abril e Outubro.
A visita ao White Sands ficaria mais para o fim da tarde para evitar o calor e para ver se conseguia algumas boas fotografias. Fui à tardinha mas tive azar. O céu estava coberto de nuvens e não havia luz solar. Afinal a areia é branca mas não tão branca como pensei.
Ao sair de Alamogordo passei numa base militar, a White Sands Missile Range, que tem um série de foguetes, mísseis e outro material de guerra em exposição. Na entrada tive de mostrar a identificação, como é normal, mas só se podia ir a pé.
Andei por ali a ver aquele material e fiquei impressionado com o tamanho da bomba V-2, míssil que os alemães usaram durante a segunda guerra mundial. Havia lá um desses mísseis em exposição mas dentro de uma casa.
O resto da exposição era ao ar livre. Num pequeno museu também havia bastantes coisas para ver.
Ao passar em Las Cruces segui para Messilla que me haviam dito ser uma pequena cidade que tinha um centro histórico muito interessante. Parei lá e realmente tem uma praça com algumas casas antigas. Numa delas diz que por ali paravam Billy The Kid, Kit Carson e outros que tais.
Aproveitei para almoçar e vi mesmo ao lado do restaurante um híbrido de moto e carro, com um motor de um Mustang.
Segui por El Paso, uma loucura de movimento. Alguns quilómetros à frente havia um posto de controlo da polícia para verificar as identificações de todos, o México é ali ao lado.
Passei numa terra com um nome engraçado, Cornudas.
Acampei no Guadalupe Mountais Park. Manhã cedo, quando estava a preparar o café noto um ligeiro movimento e vejo uma cobra a espreitar pelo meio da erva. Viro-me e ela foge. Ufa!
Passados uns instantes quando penso que estou livre de perigo a cobra sai de outro lugar e atravessa o meu espaço entre a tenda e a mesa de piquenique onde estou a preparar o pequeno-almoço e enfia-se outra vez pelo meio da erva.
Fechei logo a tenda não fosse ela querer ir lá para dentro.
Continuei para o Carlsbad Caverns N.Pk. Fui ver mas não há parque de campismo lá dentro.
Regressei a White’s City e arranjei lugar num. Montei a tenda, almocei e voltei ao parque para ver as grutas.
A entrada nas grutas era por um acesso natural e o trilho descia que se fartava.
Ao princípio não havia grande coisa de interesse mas depois mais lá em baixo, chegando à Sala Grande, já havia bastante para ver. Estalactites e estalagmites, laguinhos e colunas, muito bonito. O que foi bom é que lá dentro era fresco.
Para sair toda a gente subia de elevador, uma altura de 220 metros até à superfície. Ao chegar cá fora foi o contraste do calor, outra vez.
No final da tarde estava a escrever e a prepara a comida e o raio das moscas não me largavam. Tenho repelente para mosquitos mas para moscas não há. As moscas só queriam meter-se nas orelhas. Meti uns pedaços de papel higiénico e já não atacaram tanto as orelhas. Melgas…
Agora a caminho de Buda o percurso era por Pecos.
O calor não abrandava e pensei ir seguindo até Sheffield para visitar um vellho forte nas redondezas. O pior foi quando lá cheguei, além de ser uma aldeia sem um motel mais parecia uma cidade fantasma, muitas casas velhas e em ruínas e lojas fechadas.
Tive de continuar e passei no Fort Lancaster mas já estava fechado. Mais à frente numa colina parei e por aquilo que vi acho que não perdi nada em passar e andar.
Fui obrigado a seguir até Ozona, próxima cidade com alojamento.
As estradas longas e monótonas pelas planícies apenas serviram para poder deslocar-me. Não havia nada que me despertasse a atenção a não ser a passagem por Llano onde alguns edifícios mais antigos recordavam tempos passados.
Cheguei a Buda ao final da tarde. Ao passar numa loja comprei meia dúzia de cervejas.
Foi bom rever o Lou, depois destes meses todos.
A Route 66 ainda é um mito para muitas pessoas, a mim não me diz nada. Foi uma estrada do desespero, quando nos anos trinta do século passado muita gente a utilizou para ir até à Califórnia, uma espécie de terra prometida.
Nesta zona, os comboios têem dezenas de vagões e quando por azar se encontra uma passagem de nível fechada é preciso esperar longos minutos.
Ao passar em Socorro
fui ver a cidade fantasma de Kelly. Tinha visto nuns painéis informativos e uma empregada do motel também me falou nisso.
Era um desvio grande mas fui até lá. Os últimos quilómetros eram terra batida mas não houve problema, só mesmo a uns duzentos metros é que havia uns regos fundos e preferi ficar por ali. Afinal a cidade já não existe, apenas umas armações na entrada do poço de uma mina e uns bocados de parede de uma casa.
Estava lá um casal bastante simpático, o David e a Emma, com quem conversei um bocado. Ele já com setenta anos e ela muito próximo disso tinham sido garimpeiros e ainda querem continuar mas não está fácil. A Emma vai estudar mais um pouco para melhorar os seus conhecimentos.
Ao chegar a Alamogordo fui ao posto de turismo e lá indicaram-me um parque de campismo que ficava fora da cidade uns 20 quilómetros. Fui lá mas não me agradou, estava muito isolado de tudo e apenas duas auto-caravanas, não gostei.
Voltei à cidade e fiquei no segundo motel onde perguntei o preço, o Classic Inn.
Tinha pensado ir ao White Sands National Monument e depois visitar o museu do espaço e ir ao Imax, mas saí a meio da manhã e fui ver onde era o museu. Ainda fica a cinco quilómetros do sítio onde estou e resolvi ficar logo por ali. O White Sands ficaria para de tarde.
Fui ver um filme sobre o telescópio Hubble no Imax. Foi muito interessante e espectacular, desde a preparação do telescópio até algumas imagens por ele recolhidas. Gostei.
No museu pude ver algumas réplicas de satélites, como o Sputnik lançado em 1957, ou de foguetes e outras naves.
O lugar onde explodiu a primeira bomba atómica, a que chamaram Trinity, fica nesta zona mas só é aberto ao público duas vezes por ano, nos primeiros sábados de Abril e Outubro.
A visita ao White Sands ficaria mais para o fim da tarde para evitar o calor e para ver se conseguia algumas boas fotografias. Fui à tardinha mas tive azar. O céu estava coberto de nuvens e não havia luz solar. Afinal a areia é branca mas não tão branca como pensei.
Ao sair de Alamogordo passei numa base militar, a White Sands Missile Range, que tem um série de foguetes, mísseis e outro material de guerra em exposição. Na entrada tive de mostrar a identificação, como é normal, mas só se podia ir a pé.
Andei por ali a ver aquele material e fiquei impressionado com o tamanho da bomba V-2, míssil que os alemães usaram durante a segunda guerra mundial. Havia lá um desses mísseis em exposição mas dentro de uma casa.
O resto da exposição era ao ar livre. Num pequeno museu também havia bastantes coisas para ver.
Ao passar em Las Cruces segui para Messilla que me haviam dito ser uma pequena cidade que tinha um centro histórico muito interessante. Parei lá e realmente tem uma praça com algumas casas antigas. Numa delas diz que por ali paravam Billy The Kid, Kit Carson e outros que tais.
Aproveitei para almoçar e vi mesmo ao lado do restaurante um híbrido de moto e carro, com um motor de um Mustang.
Segui por El Paso, uma loucura de movimento. Alguns quilómetros à frente havia um posto de controlo da polícia para verificar as identificações de todos, o México é ali ao lado.
Passei numa terra com um nome engraçado, Cornudas.
Acampei no Guadalupe Mountais Park. Manhã cedo, quando estava a preparar o café noto um ligeiro movimento e vejo uma cobra a espreitar pelo meio da erva. Viro-me e ela foge. Ufa!
Passados uns instantes quando penso que estou livre de perigo a cobra sai de outro lugar e atravessa o meu espaço entre a tenda e a mesa de piquenique onde estou a preparar o pequeno-almoço e enfia-se outra vez pelo meio da erva.
Fechei logo a tenda não fosse ela querer ir lá para dentro.
Continuei para o Carlsbad Caverns N.Pk. Fui ver mas não há parque de campismo lá dentro.
Regressei a White’s City e arranjei lugar num. Montei a tenda, almocei e voltei ao parque para ver as grutas.
A entrada nas grutas era por um acesso natural e o trilho descia que se fartava.
Ao princípio não havia grande coisa de interesse mas depois mais lá em baixo, chegando à Sala Grande, já havia bastante para ver. Estalactites e estalagmites, laguinhos e colunas, muito bonito. O que foi bom é que lá dentro era fresco.
Para sair toda a gente subia de elevador, uma altura de 220 metros até à superfície. Ao chegar cá fora foi o contraste do calor, outra vez.
No final da tarde estava a escrever e a prepara a comida e o raio das moscas não me largavam. Tenho repelente para mosquitos mas para moscas não há. As moscas só queriam meter-se nas orelhas. Meti uns pedaços de papel higiénico e já não atacaram tanto as orelhas. Melgas…
Agora a caminho de Buda o percurso era por Pecos.
O calor não abrandava e pensei ir seguindo até Sheffield para visitar um vellho forte nas redondezas. O pior foi quando lá cheguei, além de ser uma aldeia sem um motel mais parecia uma cidade fantasma, muitas casas velhas e em ruínas e lojas fechadas.
Tive de continuar e passei no Fort Lancaster mas já estava fechado. Mais à frente numa colina parei e por aquilo que vi acho que não perdi nada em passar e andar.
Fui obrigado a seguir até Ozona, próxima cidade com alojamento.
As estradas longas e monótonas pelas planícies apenas serviram para poder deslocar-me. Não havia nada que me despertasse a atenção a não ser a passagem por Llano onde alguns edifícios mais antigos recordavam tempos passados.
Cheguei a Buda ao final da tarde. Ao passar numa loja comprei meia dúzia de cervejas.
Foi bom rever o Lou, depois destes meses todos.