sábado, janeiro 26, 2008

Los Antiguos, oásis no deserto

No último dia em El Calafate fui ao Parque Nacional Los Glaciares para ver o glaciar Perito Moreno. A maior atracçao nesta zona doParque. Saí ao final da tarde, sete e meia, pois até às onze e meia há luz do dia e nao queria pagar 40 pesos só para entrar e ver o glaciar. Depois das oito já nao é preciso pagar. Por aqui é precisopagar aentrada nos parques e os estrangeiros pagam muito mais que os naturais do país. Neste eram 12 pesos para os nacionais.
Foram oitenta quilómetros numa estrada monótona que já só dentro do parque era interessante.
Desci as passarelas até ao ponto mais próximo e fiquei ali a apreciar. Realmente é espectacular ver aquela massa de gelo. Algumas pessoas esperavam ver um desprendimento de algum bloco de gelo. Mas é uma sorte.
Pouco tempo depois caiu um pedaço mas nao era bem isso que eu esperava ver. Fiquei mais de uma hora na expectativa de ver o tal espectáculo. Apenas se ia ouvindoo barulho, que era impressionante, que o glaciar fazia.Dava uns estalidos fortes que às vezes pareciam trovoes. Também se ouvia o que parecia pedaços a caírem no interior.
Cansado de esperar, até porque tinha mais uma hora de conduçao e nao queria andar de noite, resolvi regressar. Quando cheguei ao pé da moto ouvi o tal estrondo de algum bloco a cair, e o UAU das pessoas que ainda lá estavam, e que me cansei de esperar.
É sempre assim! Quando saímos é que acontecem as coisas.

Ao chegar a El Calafate já a noite caía.
Ao fim de seis dias no mesmo sítio, de vez em quando é preciso parar por uns dias, era hora de voltar à estrada.Apesar de me levantar antes das nove só saí ao meio dia. Tinha tudo espalhado na tenda e tornar a arrumar tudo no seu sítio foi demorado. Quando fico só um ou dois dias procuro nao desarrumar muito as coisas. Além de que nao ia fazer muitos quilómetros.

Esta zona encostada aos Andes é muito seca e desértica. As montanhas nao permitem que a humidade trazida pelo vento marítimo chegue até aqui. A vegetaçao é composta por arbustos muito pequenos e erva seca. Havia um rio que corria por ali mas mesmo assim nem nas margens havia muita vegetaçao.
Depois de setenta quilómetros de asfalto começou o rípio. Nalguns pontos era um pouco complicado, nao dificil, passar devido às pedras soltas. Estao a fazer uma estrada nova e penso que daqui a pouco tempo a ligaçao de El Calafate a El Chaltén já estará toda asfaltada.
Ao longo do Lago Viedma via-se a montanha seca por trás do lago e ao fundo, para onde me dirigia, a montanha com bastante neve. Foram bastantes quilóñetros com este panorama espectacular.

Procurei o parque de campismo de Madsen, que o Mick tinha indicado por ser de borla, mas só dá para dormir e nao tem água nem serviço nenhum. Preferi pagar alguma coisa e ficar num com equipamento.
No dia seguinte de manha fui até ao Lago del Desierto, de moto, pois disseram-me que era interessante. O percurso até lá é muito bonito, passa-se junto a rios e pelo meio de florestas, mas a estrada é meio complicada. Primeiro tem muita pedra e cascalho grosso o que dificulta o andamento e depois na parte final tem muitos buracos. Até parecia que estavam a nascer quando passava.

Havia um vendedor ambulante com um grelhador junto ao lago e aproveitei para comer um "choripan" e beber uma cerveja fresquinha. A água do lago era o frigorífico.
Quando regressei fui atestar de gasolna e comprar um bidao de cinco litros, pois diziam que nao haveria gasolina até Bajo Caracoles, quase a quinhentos quilómetros, para onde queria continuar.
A subida até ao cerro Fitz Roy fora um dos motivos para a ida até El Chaltén. As primeira três horas sao relativamente fáceis para quem costuma caminhar. Na quarta hora já se encontra um desnível muito acentuado e a parte final é no meio de grandes pedras.

Vale a pena ir até la acima e contemplar aqueles picos no meio da neve e as lagoas com a água muito azul. Fiquei lá, nao sei quanto tempo, admirando aquela maravilha.
Quando saí no dia seguinte, levava dois bidoes de cinco litros cada com gasolina. As distâncias sao muito grandes e às vezes nao há gasolina nos postos de abastecimento.
Afinal em Três Lagos havia gasolina, mas aproveitei para atestar pois mais valia prevenir. Aqui acabou o asfalto e começou o rípio.
Neste troço da Ruta 40 aconteceu uma coisa que nao devia ter acontecido. Cerca de trinta quilómetros depois do começo do rípio deu um trambulhao. Ao sair de uma curva a subir naoa sei como mas a moto começou a atravessar-se e nao consegui evitar o tombo para o lado esquerdo. Talvez um excesso de confiança pois vinha a andar mais ou menos bem e naquele ponto nao consegui manter-me no carril limpo de gravilha. A moto fez piao e ficou virada ao contrário.
Quando me levantei vi que nao me tinha acontecido nada. Lembrei-me de tirar uma foto, poderia ter tirado duas ou três, mas já sentia o cheiro da gasolina a verter. Um casal de brasileiros que vinha de carro em sentido contrário parou e ajudou-me a pôr a moto de pé. Depois tratei de ver o resultado da queda.
A mala do lado esquerdo tinha saltado do suporte e amolgado um pouco. O suporte também empenou mas quase nada. A pretecçao na frente enconstou à carenagem sem esta partir. O que partiu foi o pisca traseiro, mas com fita colei os bocados e ficou bom.
Nos restantes trezentos quilómetros, umas vezes com piso bom outras menos bom, procurei ter mais cuidado mas também pensei que nao seria um simples tombo que me iria desanimar.
Em certas zonas esta parte da Ruta 40 também já está a ser asfaltada. Esta estrada mítica tem os seus dias contados mas ainda fez mais um traço no seu registo.
Bajo Caracoles é um povoado no meio do deserto. Eram quase oito horas quando cheguei pois parei para meter a gasolina que levava e algumas vezes para descansar. Estava muito calor e tantos quilómetros de rípio desgastam.
De manha consegui dar um arranjo na mala esquerda mas nao consegui endireitar o suporte nem a protecçao na frente. Quando encontrar uma oficina trato disso.
Ao final da tarde chegaram o Peter e a Carol, canadianos, numa velha BMW com que já fizeram uma volta ao mundo. Quando chegar ao Canadá querem que os vá visitar.
Tinha pensado continuar por uma estrada de montanha até Los Antiguos mas como nao sabia se teria gasolina suficiente para essa volta resolvi ir por Perito Moreno. Em Bajo Caracoles nao havia gasolina há vários dias e nao sabiam quando viria o camiao. Gasóleo ia havendo mas já estava quase a acabar.
Outra vez na Ruta 40 procurei ver se nao tornava a cair. Alguns quilómetros mais à frente um carro tinha ido à valeta. Uma pequena distracçao e ... Parei para verse precisavam de ajuda, mas estavam mesmo a conseguir sair.
Os últimos sessenta quilómetros daquele troço já estao asfaltados. Que bem que soube rolar naquele piso tao novo e tao lisinho. Em Bajo Caracoles disseram que no máximo quatro a cinco anos toda a Ruta 40 estará asfaltada.
Depois de abastecer em Perito Moreno continuei até Los Antiguos, onde encontrei mais uma vez o Thomas e a Katharina. Esta cidade parece um oásis no meio desta regiao desertica.
KM 03524, Los Antiguos, S 46º 32,694' - W 71º 36,545'

sexta-feira, janeiro 18, 2008

Em El Calafate

Ao sair de Puerto Natales vi uma indicação para a Cueva del Milodon. Fui ver que tal era a gruta e encontrei o Chuck no posto de atendimento a perguntar se aquela estrada ia até ao parque de Torres del Paine. Disseram que sim e ele arrancou.
A gruta onde encontraram vestígios do Milodon, animal do tempo dos dinossáurios, não era nada de especial e ao regressar confirmei se a estrada estava em boas condições. Seria uma alternativa à estrada de asfalto.
Era uma estrada espectacular. O piso, realmente, estava bom e nos primeiros 20/30 quilómetros ia num vale com montanhas com neve de um lado e do outro sem neve. Depois passou a ir junto a lagos e ia subindo e descendo naquelas encostas.


Ao entrar no parque nacional ia com a ideia de ficar no campismo de Las Torres para poder fazer umas caminhadas. A estrada até lá também era um espectáculo. Subindo e descendo nas margens de lagos e rios. Uma maravilha. Ainda vi quatro raposas.
O parque de campismo fica numa zona muito bonita, com a montanha ao fundo.

O som da chuva a bater na tenda foi a primeira coisa que senti quando acordei de manhã.
Dia azarado, pensei, agora que queria caminhar um pouco é que chove. Espreitei e o céu estava mesmo carregado.
Enquanto ia comendo alguma coisa pareceu-me que a chuva abrandou e saí logo da tenda.
O vento desta vez estava a meu favor. Foi afastando o negrume e mesmo com nuvens o dia parecia que se ia compor.
O caminho até ao ponto onde se podem ver as Torres é puxadinho mas vale a pena. Foram cerca de quatro horas e meia. Na parte final, mais de quarenta e cinco minutos, quase que não há trilho. É subir pelo meio de calhaus e às vezes até é preciso usar as mãos para trepar alguns.
As três Torres estavam meio encobertas pelas nuvens. Esperei bastante tempo, juntamente com muitas pessoas que por ali estavam para ver se a nuvem saía. Finalmente abriu um pouco.
Ao descer ia cruzando com pessoas que ainda iam para cima.
Ao chegar cá abaixo olhei para trás para ter uma ideia de onde tinha vindo e vi que as nuvens estavam a descer. Quem viesse mais para trás iria ter alguma dificuldade com aquele nevoeiro.
No dia seguinte saí para ir ver os Cuernos del Paine. O percurso bordejava o lago Nordenskjold. Havia umas pequenas subidas e descidas mas nada demais, só que nalguns pontos havia muita pedra solta. Como era fim de semana havia muita gente, assim como no dia anterior nas Torres.
Quando cheguei ao albergue de Los Cuernos já eram duas da tarde e resolvi regressar depois de comer o farnel que levava.
Já chegava de caminhar e no dia seguinte continuei para El Calafate.
O Thomas, a Katharina e o Chuck, que estavam ali, iam seguir por uma estrada de montanha que encurtava caminho para El Calafate mas eu, como não tinha autonomia para os acompanhar, segui pela estrada normal para poder abastecer.
Depois de uns quilómetros em asfalto a mítica Ruta 40 passava a rípio num cruzamento. Esta estrada atravessa a Argentina junto à cordilheira dos Andes, sendo a maior parte de terra batida ou rípio como dizem por aqui. Nesse ponto parei para abastecer. Aí só havia o posto e umas casas de uma estância. Nalgumas pequenas cidades não há gasolina e aqui quase no meio do nada existe este posto. Quando alguém chegava para abastecer tinham de pôr um gerador a funcionar pois não têm electricidade.
Antes de El Calafate, uns sessenta quilómetros, parei para tirar umas fotos e vi que estava a pingar óleo do motor. Que teria acontecido. Espreitei por baixo do motor para ver o que seria e não vi nenhuma fissura por onde o óleo pudesse sair. Um chileno que estava num carro que parou pouco depois também foi ver o que seria e disse que devia ser o filtro do óleo. Fiquei um pouco mais aliviado mas mesmo assim…
No parque de campismo tentei ver o que seria mas não dava. No dia seguinte teria tempo para isso.
Numa bomba de gasolina perguntei onde havia uma oficina para motos e disseram-me que não havia na cidade. Havia só um sujeito que tinha moto e que fazia umas pequenas coisas, El Mono era o seu nome.
Entretanto vejo o Chuck muito inquieto a perguntar o mesmo. Cheguei ao pé dele e perguntei o que se passava e ele disse-me que o elo de engate da corrente se tinha partido.
Vamos procurar El Mono!
Fomos a uma praça de táxis, pois disseram-nos que aí sabiam onde morava, e um deles levou-nos até casa dele. Aí por uma sorte dos diabos ele tinha um elo da medida certa. Uma sorte para o Chuck. Quando ele tentava pôr o elo no sítio apareceu um japonês que ele tinha conhecido uns dias antes e que o ajudou, quase fez o trabalho todo, a arranjar a corrente.
O elo tinha partido a dezassete quilómetros da cidade e um camionista trouxe-lhe a moto até ao parque de campismo. Um problema que normalmente demoraria dois ou três dias a resolver foi solucionado em pouco mais de três horas.
De manhã desmontei a protecção do motor e pus-me a ver o que seria o problema do óleo. O filtro estava desapertado e mesmo depois de apertar um pouco ainda vertia óleo. Entretanto passa o Sebastian que me ajuda mas mesmo assim fica a gotejar um pouco. Fui até casa do El Mono mas ele não estava. Ao final da tarde, já eram dez e meia, voltei lá e ele emprestou-me uma chave para apertar um bocadinho mais e agora penso que estará resolvido. Andei uns dez quilómetros para o motor aquecer e não pinga óleo.
Como vêem qualquer moto serve para viajar.
Quero ir ver o glaciar Perito Moreno mas o tempo tem estado muito encoberto e dizem-me que na montanha ainda fica pior e não se vê nada. Vou ver se hoje consigo ir até lá.
Vou tentar a partir de agora pôr no final de cada página que faça o número de quilómetros que o conta-quilómetros da moto indicar para terem uma ideia dos quilómetros que vou fazendo. Alguns dias pode ser só a deslocação de um lado para outro mas às vezes também ando um bocado nos sítios onde fico. Quando saí de Buenos Aires, há já três meses!!!, tinha 88472 kms em El Calafate tinha 02389 kms, já virou, ou seja já fiz 14.000 quilómetros.
Posição GPS – S 50º 20,026’ W 72º 15,518’

quinta-feira, janeiro 10, 2008

Visitar as montanhas

Esperei dois dias em Rio Grande que o vento amainasse para continuar. Até porque o lugar é agradável e desta vez estava lá um suíço, meio apanhado, que tinha uma coluna de som – que trouxe com ele - e passava todo o dia a ouvir música.

Quando no domingo vim até cá fora vi que não estava vento e pensei que estava na hora de arrancar. O vento tinha parado mas em andamento sentia que o ar estava mais frio que o costume.

Depois de passar a fronteira para o Chile começou a chuviscar e fiquei a matutar que fazer mais de cem quilómetros na estrada de rípio seria mais complicado. Queria fazer a estrada até Porvenir, onde ia apanhar o barco para passar o estreito de Magalhães, pois era mais curto e era bonita segundo me disseram.




A chuva parou e nos últimos cinquenta quilómetros foi um gozo subir e descer aquela estrada junto ao mar. Aquela parte da costa não é tão plana como noutros sítios e a estrada ia subindo e descendo sempre muito perto do mar. Não havia muito movimento e soube mesmo bem.

À hora de começar a entrar para o barco a minha moto teve de ser a primeira pois ia encaixada debaixo de um alpendre para dar mais espaço para os carros. O barco era pequeno e o espaço tinha de ser bem aproveitado para levar o maior número de carros. A travessia demora duas horas e meia.

Em Punta Arenas foi um pouco complicado arranjar sítio para dormir, mas depois de umas voltas sempre arranjei e mais ou menos barato. Estamos na época alta de turismo e há muitos turistas.


Os preços aqui no Chile são um pedacinho mais altos que na Argentina, mas acho que não me levarão à bancarrota.

Dei uma volta pela cidade e tentei encontrar alguma informação sobre Fernão de Magalhães para um amigo que está a fazer um trabalho sobre o navegador. Não havia nada nem mesmo na biblioteca municipal. “Só” uma estátua na praça principal. Enviei-lhe pelo correio um livro que tinha comprado em Ushuaia. O jornal da cidade chama-se “La Prensa Austral” mas ao domingo tem o nome de “Magallanes”. Esta região sul do Chile, a XII região, chama-se “Provincia de Magallanes e de la Antartica Chilena”.

Agora tenho de adaptar-me à nova moeda pois tem um valor totalmente diferente do país vizinho. Um euro equivale mais ou menos a 4,65 pesos argentinos ou a 700 pesos chilenos. No final do almoço e depois de fazer contas de cabeça para ver quanto valia dei comigo a pensar nesta viagem que ando a fazer. Em cada país será uma moeda diferente e um povo diferente.







Poder apreciar esta realidade que penso não ser possível sem andar por cá. É uma oportunidade única que espero não desperdiçar.

Sempre que paro num sítio fico, normalmente, pelo menos duas noites.

A caminho do Parque Nacional Torres del Paine pensei que não valia a pena fazer todo o percurso num só dia e pernoitar em Puerto Natales. A meio caminho ainda choveu com granizo e tudo, mais uma razão.



Pouco antes de Puerto Natales há um grupo de pequeninos santuários onde as pessoas deixam garrafas de água. É para pedir que ninguém morra de sede, pois segundo reza a lenda uma mulher morreu de sede e o seu filho ainda bebé conseguiu sobreviver uns dias até ser encontrado, alimentando-se unicamente do leite materno.

Encontrei o Chuck, americano que conheci há umas semanas, a recuperar de um resfriado. Disse que apanhou um pouco de frio e tem a garganta atacada. Como também quer ir até Torres del Paine quer ir nas melhores condições.

Também quero ir nas melhores condições e vou ter de ir abastecer-me a supermercado, pois os preços lá no interior do parque parecem que são muito mais altos que por aqui. Se correr bem espero ficar lá três ou quatro dias e fazer umas caminhadas. Não vou entrar em grandes caminhadas pois não tenho tido preparação e não quero ficar a meio caminho.




Vou tentar apresentar fotografias em condições. Eu sei que a maior parte das vezes só tenho paisagens nas fotos, mas até agora não tenho encontrado aquelas pessoas que penso que sejam diferentes. O meu amigo Caldeira e eu falámos várias vezes sobre o tema. Vou procurar fotografar mais pessoas, mas às vezes quando o faço parece-me que elas não gostam.

Amanhã, sexta, vou seguir para Torres del Paine, se o tempo não piorar. Está a chover e bastante frio. Depois se verá.

Quando puder, torno a enviar alguma coisa para o pessoal ver. Às vezes a internet é lenta demais e desisto.

sábado, janeiro 05, 2008

A partir de agora é para norte

Depois de passar uns dias num hostal em Ushuaia fui até ao camping Rio Pipo onde sabia que iria encontrar alguns conhecidos.
Os dias são passados na conversa e a beber uns copos de vinho que é muito bom e não é nada caro. Mesmo assim ainda fui dar uma volta até Punta Harberton que fica a oitenta quilómetros mas vale a pena pela paisagem que se pode apreciar. A maior parte é em estrada de terra que se faz bem, mas mais perto da costa estava um vento forte, o normal por aqui, que às vezes me fazia pensar que ia ao tapete. Felizmente não fui, mas numa curva a descer estive quase quase a ir. Havia mais gravilha e como ia a andar bem tive que ir até ao outro lado da estrada. Que valeu é que não vinha trânsito em sentido contrário. Poucos carros encontrei nesse percurso.


Na passagem do ano ainda chegaram mais alguns motociclistas que se juntaram ao grupo.
A hora mudou aqui na Argentina, adiantou-se o relógio, por isso à meia-noite ainda havia claridade. Foi fixe.
O salão do camping estava cheio com mais pessoas de outros grupos e ao fim de pouco tempo alguém sugeriu que podíamos ir até ao rio e fazer uma fogueira. Alguns alinharam e levámos lenha e ramos que havia por ali.
A conversa durou até que começou a chover e houve quem aproveitasse para ir dormir. Eu fui buscar o casaco impermeável e voltei com mais uns ramos. A chuva parou mas a fogueira manteve-se mais um bocado enquanto houve lenha.
Desta vez não há muito para contar.
Pensei que iria encontrar muito frio e chuva aqui no sul mas até agora não tem sido muito mau. Chove um pouco de vez em quando mas pára logo a seguir e o frio não é tanto como pensei que fizesse. Mesmo de noite aguenta-se bem ou então sou eu que não sinto o frio. Outras pessoas também disseram que o tempo estava muito bom.

Os primeiros quilómetros depois de Ushuaia foram fáceis de fazer com bom tempo, apesar de fresco. Mas a meio caminho, depois de Tolhuin, começou
Depois de passar Tolhuin, mais ou menos a meio caminho de Rio Grande, estava um vento forte que não permitia andar depressa. Normalmente ando entre os oitenta e cem quilómetros por hora, mas desta vez em muitas ocasiões tinha de reduzir para os sessenta e às vezes para cinquenta. Havia rajadas mesmo fortes que faziam com que tivesse de inclinar mais a moto e em certas curvas tinha mesmo de inclinar em sentido contrário ao normal. Ao fim de certo tempo o braço esquerdo começou a ficar cansado pelo esforço de manter a moto na estrada. O vento vinha quase sempre desse lado. Mas, felizmente, não houve azar e cheguei em condições.

Em Rio Grande fiquei no hostal Hotel Argentino que tem um ambiente muito agradável e que já conhecia por ter ficado lá quando ia para sul. São só duzentos e vinte quilómetros desde Ushuaia mas como saí já ao início da tarde e não tenho pressa…

(quem passar por aqui e quiser sentir-se como em casa, experimente)
Agora o rumo será o Chile.