terça-feira, novembro 27, 2007

De novo em Buenos Aires

Santo Tomé é uma cidade pequena mas aproveitei para andar um pouco e enviar umas papeladas e um DVD com fotos para casa. Espero que chegue tudo em ordem.
À noite tentei enviar fotos pela internet mas não deu. Só consegui actualizar o blog. Quando tentava enviar umas fotos maiores o servidor foi abaixo.

Segui em direcção a B.A. com a ideia de visitar o Parque Nacional El Palmar.
A paisagem continua sempre igual. Planícies enormes com rios e muita água. O céu estava encoberto e pelo caminho chuviscou um pouco. Até que ajudou pois a entrada para o Parque Nacional era por uma estrada de terra e assim não fazia pó. No parque foi preciso pagar uma entrada mas depois fiquei no campismo e apenas paguei as noites que fiquei. À noite depois de ter comido alguma coisa apareceu um rapaz a perguntar se queria participar num “asado”.
Passado pouco tempo estava com ele, o George, sul-africano a viver há dois anos em B.A. mas que vai regressar a casa indo primeiro dar uma volta pela América do Sul, a Sarah, uma norte-americana que trabalha em B.A. numa empresa de antiguidades e a Giovanna, uma colombiana, artista plástica, neste momento em B.A. mas que vai regressar a Bogotá. Vive um pouco em cada cidade. Foi gostoso.
No sábado fui fazer uma caminhada com os três pelo parque. Foi agradável pois deu para conhecer um pouco do parque. Como o nome diz a maior parte dele é constituído por palmeiras. Apenas junto aos arroyos (rios) tem outras árvores. Deu para ver alguns animais selvagens mas eles são rápidos e não se deixam fotografar.
À noite quando estávamos a comer chegou junto a nós um irlandês, a Arthur, que anda também a viajar mas de mochila, de autocarro ou outros meios.
A Sarah e a Giovanna queriam fazer canoagem e tinham combinado para domingo de manhã uma saída. Disse que também alinhava.


Às nove da manhã, conforme o combinado, fomos ter com o fornecedor das canoas e fomos dar uma volta pelo rio Uruguai. O Arthur também foi assim como outros dois rapazes argentinos. Íamos dois em cada canoa.
Não estou acostumado a remar e ao fim de pouco tempo já me doíam os braços. Até porque íamos contra a corrente. Não é fácil controlar a canoa e íamos sempre aos “SS” pelo rio fora. Desviámos por um afluente e depois de acostarmos toda a gente deu um mergulho no rio.
No regresso já foi mais fácil. A viagem demorou pouco mais de duas horas pois as moças tinham de ir apanhar o autocarro de regresso a B.A. por terem de trabalhar na segunda.
De tarde, como estava muito calor, fiquei pela sombra e mais para o fim da tarde fui visitar umas ruínas de uma antiga fábrica de cal. Eram mesmo ruínas.
O George ao final da tarde também seguiu o seu caminho e eu e o Arthur fizemos o último “asado”.

Na segunda a meio da manhã saí para Buenos Aires. Como fica perto da rota para sul vou passar por lá e ficar dois ou três dias. Aproveito para ver se a moto está em ordem. Nem precisaria, mas mais vale prevenir.
O GPS ajudou-me a encontrar a Dakarmotos. Sem ele seria muito difícil chegar lá sem perguntar meia dúzia de vezes.

sexta-feira, novembro 23, 2007

As cataratas do Iguaçú

Quando cheguei a Foz do Iguaçú procurei o Hostel Natura pois tinham-me dito bem dele. É um lugar bem interessante. Tem quartos para alugar com beliches de quatro e seis camas e até de casal. Tem também espaço para acampar. O ambiente é acolhedor. Fica a caminho das cataratas.
As cataratas. Realmente aquilo é um espectáculo. Só visto e sentido.


Ouvir o ruído da água, ver aqueles arco-íris e sentir aquela humidade foi uma sensação indescritível. O máximo foi entrar numa passarela que entrava pela água dentro e ficava perto da queda. Tinha levado o casado do impermeável pois sabia que aquilo era molha pela certa. Mas apesar da molha, gostei.
No final ainda fui visitar o Parque das Aves, que fica fora do parque das cataratas, e também achei muito interessante. Pena que as aves tenham de ficar em cativeiro.

No dia seguinte de manhã aproveitei para lavar a moto que estava toda suja da lama por causa da entrada para o hostel que dista da estrada cerca de 500 metros em terra batida. A chuva do dia da chegada molhou tudo.
De tarde fui visitar a central hidroeléctrica de Itaipu. A central é enorme e fornece 100% de energia para o Paraguai e 75% para o Brasil. É a central que actualmente mais energia eléctrica produz no mundo.
Depois ainda fui visitar o Eco-museu que reúne muitas peças de arqueologia e também tem um historial da construção da barragem.
Fiquei dois dias a preguiçar e descansar no hostel pois nem apetecia sair.
Mas a vida, a viagem, continua e só atravessei a fronteira para ficar mais à frente em Puerto Iguazu, na Argentina, para também ver as cataratas desse lado.


Como de manhã não saí muito cedo só da parte de tarde é que fui fazer uma primeira visita às cataratas do lado argentino. Apenas fui até a Garganta del Diablo e realmente aquilo é espectacular. Ver aquela água toda a cair por ali abaixo nem dá para descrever. Só visto e ouvido.
No dia seguinte tornei ao parque pois ainda havia mais para ver.


Fui fazer o trilho Macuco que é pelo meio da floresta e cheguei a ver uns animais só que eles eram muito rápidos e nem dava para tirar uma foto. No final havia uma queda de água, nada de especial, com uma pequena lagoa no fundo onde algumas pessoas estavam a tomar banho e apanhar sol. Nem desci até lá.
Tentei ir à ilha de San Martin, que fica no meio do rio e tem umas varandas sobre algumas das quedas, mas não foi possível pois o rio tinha subido e não era possível fazer a travessia. Percorri aqueles percursos inferior e superior das cataratas e depois tive de ir outra vez à garganta do diabo. Tinha ficado com vontade de voltar a ver. Só uma palavra: espectacular. Desta vez o rio até levava mais água. Ficar ali muitos minutos a ver a água não cansa.
O que cansava era a muita gente que andava por ali. E o calor também.

Agora é o começo da viagem para sul.
Atravessei a zona das “misiones” mas apenas vi as ruínas de uma. Pelo que vi não valia a pena ir a mais nenhuma. Tinha muito pouco para ver. No lado brasileiro é que estava a maior, S. Miguel, que já tinha visitado. Mesmo lá as outras não tinham nada.
Ao final da tarde, em Santo Tome encontrei um hotelzinho bem agradável e fiquei.


quarta-feira, novembro 14, 2007

A caminho da Foz do Iguaçu

Antes de sair de Canela ainda fui ao Parque da Ferradura que tem um rio que faz uma curva em ferradura. Tem uma queda de água de outro rio e fui até ao fundo para a ver melhor.
Foi preciso quase uma hora para descer lá até ao fundo pelo meio de uma floresta muito cerrada. Ia sempre com medo que aparecesse alguma serpente ou outro bicho. Afinal só mosquitos. O som da água a cair era impressionante.
À noite quando ia sair para jantar vi que numa tasquinha ao lado havia um fogareiro aceso e, como costumava fechar às oito, perguntei se também dava para jantar. Podia pois, um grupo ia fazer um churrasco e eu podia participar.
Já lá estavam dois e eu comecei a conversar com eles e vi que eram um grupo de motociclistas que à quinta se juntava para um churrasco. À medida que iam chegando todos iam ver a minha moto. A Transalp não é comercializada no Brasil e alguns deles bem lamentavam pois é uma moto de média cilindrada que iria preencher uma lacuna pois só há motos de pequena cilindrada 125 a 250 cm3 ou de grande cilindrada, não há muitas de média.


O Hamish tinha-me aconselhado a passar no Parque Nacional de Aparados da Serra e como ia naquela direcção passei por lá. Quando cheguei a Cambara do Sul a estrada acabava ali e as indicações que eu via eram nessa direcção. Perguntei como se ia para lá. Eram 18 quilómetros por uma estrada de terra. Lá teria que ser. Alguma vez tinha que entrar por estes estradões.
Fui descobrir o “Canyon”, com os seus 420 metros de altura, que é o principal ponto de atracção no parque. Na saída foram mais 20 quilómetros de terra até ao fundo da serra. O desnível foi dos cerca de 900 metros de altitude até quase ao nível do mar, 20 metros. Foi fixe.
Só não foi boa foi a chuva que começou quase ao chegar ao fim da descida. Depois foi aumentando e quando ia já em direcção a Torres então veio mesmo uma chuvada forte.

Torres é uma cidade à beira-mar e tem umas praias bonitas. Numa delas até se podia ir com os carros até à beira do mar. Não sou muito ligado às praias e decidi seguir.

Só que a continuação era em direcção a Florianópolis e ilha de Santa Catarina, cheia de praias.
Comecei a subir para norte na estrada BR101 que tem um movimento louco de camiões, apesar de ser domingo. Não segui sempre pela costa. Em Tubarão saí para a esquerda para ir pela serra. Realmente foi um espectáculo.
De início a estrada sobe ligeiramente por entre pequenas colinas até que a partir de certo ponto sobe mesmo. O pior era ter de estar sempre a passar os camiões que não andavam a mais de 20 à hora nalguns pontos. Às vezes nas curvas em cotovelo quase que paravam.
O dia estava bom e havia muitos motociclistas estrada acima e estrada abaixo. No cimo da subida, a 1.420 metros, havia um miradouro onde quase toda a gente parava. Também parei. Sempre que paro toda a gente fica a admirar a minha moto. E tenho de contar sempre a mesma história.A descida até à costa já foi mais suave porque havia muitos quilómetros de planalto.
Na ilha de Santa Catarina fiquei num parque de campismo em frente à Lagoa da Conceição.
Por todo o lado se vêem os preparativos e reparações a pensar na época alta do turismo que aí vem. Está tudo virado para as praias e o mar.


Mas achei que era hora de ir andando e saí para o interior em direcção à Foz de Iguaçu.
A região que tenho atravessado é montanhosa e com muitos declives, e aclives conforme se vê nas placas, e às vezes formam-se filas de trânsito por causa dos camiões. Mas o pessoal vai passando, eu também, quando pode e não deve.


Encontrei obras na estrada e também usam o sistema que em Portugal às vezes se usa de o controlador do trânsito dar ao condutor que vai em último um objecto para ele entregar ao controlador do outro lado.
Por estes lados as cidades são muito distantes e só ao final da tarde arranjei onde ficar.
Numa bomba de gasolina um restaurante alugava quartos só que estava cheio e só mais à frente 50 quilómetros é que havia uma cidade que teria hotéis. Bem, com a noite quase a cair continuei até Palmas, onde fiquei.
A última tirada até parecia que já tinha entrado nas cataratas. De noite começou a chover e foi quase todo o dia. Estou num hostal que o Hamish me recomendou e que parece muito porreiro. Amanhã vou à descoberta das ditas cujas cataratas.

quinta-feira, novembro 08, 2007

Agora em Canela

Depois de procurar o Osmar Guidotti, sem o encontrar, continuei em direcção a S. Miguel das Missões.
A estrada continua numa zona plana atravessando rios que devem ter saído dos leitos e deixaram os campos alagados.

A meio do caminho, depois de muitos quilómetros numa estrada com muitos buracos, sempre encontrei alguns de piso bom numa zona mais montanhosa. As curvas já me deixavam saudades.
Perto de S. Miguel das Missões a terra tomou um tom vermelho e muitos carros ecamiões andam carregados de pó vermelho.
Esta região das missões, onde viviam e ainda vivem alguns índios guaranis, foi colonizada pelos espanhóis com o apoio dos jesuítas que a ajudaram a desenvolver. Só que passados tempos os portugueses também queriam vir para cá e depois de muita confusão fizeram um tratado com os espanhóis para a troca desta zona com a colónia de Sacramento, hoje Uruguai. No final quem pagou foram os índios que foram massacrados e expulsos das suas terras, pelos portugueses e espanhóis. As construções foram abandonadas e hoje são só ruínas.

A caminho de Canela, onde sabia que havia coisas interessantes para visitar, passei por um rio com um nome engraçado, além de que o vale era bonio, e resolvi registar o momento. Também porque estava muito calor e aproveitei para refrescar a garganta.


Cheguei a Canela já ao final da tarde. A cidade é pequena mas muito limpa e bem arranjada.


O Parque do Caracol tem uma queda de água muito bonita e ainda desci até ao fundo para apreciar a queda vista de baixo.
Aproveitei para ir ao cabeleireiro para cortar o cabelo que já me estava a ir para a frente dos olhos. Ainda há mais para descobrir...

sábado, novembro 03, 2007

Estive em Pelotas e agora na Cachoeira do Sul



A entrada no Brasil foi um pouco atribulada.
Quando cheguei à fronteira ainda me faltava dar saída do Uruguai. Mas não é tudo aqui?, perguntei. Não. O serviço de fronteira fica antes da cidade, do lado uruguaio.
Lá tive que regressar outra vez ao Uruguai para dar saída de mim e da moto.
De regresso ao posto brasileiro é que então tratei da entrada. Depois foi mesmo começar a rolar no Brasil. Cerca de 20 quilómetros à frente, ao entrar na primeira cidade, a polícia manda-me parar e pede a documentação. Pergunto a um onde posso cambiar dinheiro e ele diz-me que mais dentro da cidade há bancos e lá poderia trocar.
No primeiro, o Banco do Brasil, não faziam câmbios e só tinham ATM da rede local e no segundo, o Santander, também não faziam e as ATMs eram só para cartões locais. Disseram-me num e noutro que só em Chuy teria postos de câmbio.
Não procurei mais bancos. O remédio foi virar o cavalo para trás e tornar a ir ao Uruguai trocar dinheiro.Tinha de fazer perto de duzentos quilómetros até à primeira grande cidade onde puderia levantar dinheiro.
Com estas voltas chegara a hora de almoço e procurei almoçar em Chui. No restaurante estava um motociclista uruguaio que já tinha visto no posto fronteiriço do Brasil de onde regressava. Conversámos um bocado e ele no final, não sei porquê, pagou-me o almoço.
Regressando à estrada o vento foi meu adversário quase toda a tarde. Parece que sopra sempre de frente. As planícies não se esgotam e agora até metem água. Lagoas enormes cheias vegetação e aves selvagens, assim como gado. As estradas têm quilómetros de rectas.
Quando estou a chegar à bifurcação que dá para Pelotas e Rio Grande começa a chover. Páro num posto de turismo para colher informações. Há portagens nas estradas, mas as motos não pagam.
Dá-me ideia que para Pelotas está mais claro e sigo nessa direcção. Fico nessa cidade.


A cidade tem alguns edifícios antigos bem recuperados e é interessante. As ruas estão sempre cheias de gente e nota-se um ambiente tranquilo mas ao mesmo tempo de azáfama.
À noite vou assistir à gravação ao vivo de um programa de televisão o “Galpão crioulo” que é um espectáculo de variedades preenchido quase todo com música tradicional da região. Aqui é a região gaúcha e a música tem uma sonoridade própria.
É a ocasião da feira do livro, a decorrer nestes dias, e assisto a mais um concerto integrado no programa.
Pela hora do jantar fico a saber que no fim de semana haverá um encontro de “motoqueiros” na cidade mas não estou para concentrações. Eu bem digo que não é motoqueiros que se diz mas as pessoas não ligam. Começa na sexta, pois o feriado é no dia dois e não a um como em Portugal.
Continuo em direcção a Cachoeira do Sul, vou ver se encontro o Osmar Guidoti, o brasileiro que conheci no Uruguai.
A paisagem mudou um bocado e inicialmente houve algumas zonas de montanha, pequena, mas já quebrou a monotonia das centenas de quilómetros que tenho feito.
Ao chegar perto da zona de Cacheira do Sul tornou a ficar mais plano e com terrenos alagados.
Na entrada da cidade havia um cartaz a dizer que era a capital do arroz. Via-se porquê…
Não consegui contactar o Osmar. Mais uma tentativa e vou seguir.